Somos a geração do raso, da água pelas canelas, aquela que vislumbra o mar, mas resolve somente admirá-lo à distância.
Não mergulhamos fundo. Não sabemos o que é profundidade.
Livros curtos, textos com poucas linhas, palavras abreviadas, amores abreviados, beijos monótonos, amores insensatos, conversas rápidas.
Vídeos, os primeiros cinco segundos são os que valem para quê? Pra chamar sua atenção! Tempo que voa? Não tempo que se desperdiça a todo instante.
Fluidez dos tempos.
Aquele alí acha que é rocha, mas a gente é gelo.
Aquela outra se derrete, evapora, desaparece.
Tudo está mais fácil, hoje, haja vista as quinquilharias tecnológicas que tornam tudo obsoleto de um dia para o outro.
Descarta-se, assim, o que vier, desde objetos até pessoas.
O reciclável vale para o coração? Que coração?
É proibido demorar-se demais em lugares, em sentimentos, sensações, em pessoas.
Tudo vai embora, ou seja, se tudo termina, nada deve permanecer como apego.
Nessa direção, apenas o superficial se permite, pois aprofundar-se trará, fatalmente, dor. Pessoas vão embora, sentimentos acabam, carinho morre, nada é para sempre, portanto, o caminho mais fácil é seguir sem olhar fundo nos olhos de ninguém, sem acolher, sem aninhar nada nem ninguém dentro de seu coração.
A regra é somente oferecermos na medida do que nos oferecem, contendo qualquer vontade de se doar para além do que nos retornam.
Ensina teus filhos que frustração, fracasso e o erro são os maiores mestres do hoje, enquanto ainda há tempo.
Se eles não conhecerem, temeridades virão!
Rua São João, 72-D, Centro
AV. Plínio Arlindo de Nês, 1105, Sala, 202, Centro