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ESPECIAL SEMANA DOS IMIGRANTES

Haitiano Thony compartilha histórias desde que chegou em território brasileiro

Por: LÊ NOTÍCIAS
02/07/2018 16:53 - Atualizado em 02/07/2018 17:15
Thony Eliazard está em Xaxim há quatro anos e relata as experiências desde que está no Brasil (Foto: Vitória Schettini/LÊ) Thony Eliazard está em Xaxim há quatro anos e relata as experiências desde que está no Brasil (Foto: Vitória Schettini/LÊ)

Com uma população de 27 mil habitantes, segundo dados de 2016 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Xaxim é composta por cidadãos descendentes de imigrantes italianos e alemães. Assim como a maioria das cidades dos três Estados do Sul do País, Xaxim recebeu imigrantes, sobretudo italianos, e alemães nas primeiras décadas do século XX. Passados mais de noventa anos, o município ainda recebe imigrantes que procuram melhores condições de vida, desejam conhecer o Brasil por curiosidade ou simplesmente por gostarem daqui. Nessa perspectiva, o LÊ NOTÍCIAS, para lembrar o Dia do Imigrante, celebrado no dia 23 de junho, entrevistou a canadense Rachelle Marie de Araujo Tonello, o haitiano Thony Eliazard, o senegalês Gora Mbaye e o argentino Julio Blas, que compartilham histórias e experiências antes e depois que chegaram em território brasileiro.


Por Vitória Schettini

A difícil realidade no Haiti, a falta de emprego, além da ocorrência do terremoto em 12 de janeiro de 2010, fizeram com que milhares de haitianos deixassem o país em busca de melhores oportunidades. O Brasil foi um dos principais destinos desses imigrantes, e segundo o Sistema de Tráfego Internacional (STI), da Polícia Federal, cerca de 72.406 haitianos entraram no País entre 2010 e 2015.

Em virtude disso, Thony Eliazard é um dos milhares de haitianos que entraram no Brasil, para tentar uma vida melhor e o jovem, de 27 anos, relata ao LÊ NOTÍCIAS sobre as dificuldades desde que entrou em território brasileiro. Thony veio de Gonaïves, a quarta maior cidade do Haiti e que tem uma população de 300.000 habitantes. Estando há quatro anos no Brasil, ele que atualmente mora com a irmã, o cunhado e a esposa Vasty Novembre, com quem se casou recentemente. Thony também é conselheiro fiscal da Associação de Haitianos de Xaxim.

“Eu estou no Brasil desde 2014 e acredito que me acostumei facilmente. Claro, algo muito diferente que eu achei em relação ao Haiti foi a temperatura, porque algumas regiões de lá, como no Norte e no Sul, são frias, mas nas outras, faz bastante calor, entre 30º a 35º C. Só que isso não foi um problema para me acostumar”, ressalta Thony, que atualmente trabalha na Aurora Alimentos de Xaxim e frequenta o curso técnico do Senai, em Xanxerê, de torneiro mecânico, desde 2015.

ROTINA NO BRASIL

Sendo fluente em português, crioulo, francês e libras, Thony Eliazard conta que antes de vir ao Brasil, teve de se esforçar para aprender o português. Ele relata que não teve dificuldades, porque sabia que quando viesse a um país estrangeiro, teria de aprender um idioma, adaptar-se ao clima e à comida. “Eu já sabia o que ia enfrentar quando chegasse aqui e lá, eu tinha uma vida tranquila. Na verdade, viver na capital que é mais complicado, mas no restante do país, é tranquilo para morar. Eu apenas estudava e trabalhava e também fiz um curso de cerâmica”, relembra ao LÊ NOTÍCIAS.

Para chegar ao Brasil, ele saiu do Haiti, passando pela República Dominicana, e de ônibus, pelo Equador, Peru, chegando em território brasileiro, em seguida. Ainda, ele ressalta que foram 10 dias para chegar ao município, saindo do Haiti em 26 de fevereiro de 2014 e chegando em 03 de março de 2014. “Eu gosto muito de morar aqui, porque é uma cidade pequena, que tem mais segurança e todos se conhecem. Claro que existe pessoas que têm preconceito, mas há outras que nos ajudam, doando comida e roupas, que precisamos para sobreviver. Xaxim é uma cidade ótima para se viver”, reforça.

Thony, antes de vir ao Brasil por indicação de um amigo, tinha vontade de trabalhar na Polícia Nacional do Haiti e quando chegou aqui queria ser também tradutor, pois isso ajudaria a aumentar sua renda. “Eu também tinha vontade de trabalhar na Polícia Nacional, mas meus pais e meus irmãos não me apoiaram, por conta da minha segurança. Então, até 2010, eu estava estudando e trabalhando no mercado da minha madrinha e após o terremoto, eu acabei decidindo não entrar na polícia”, comenta.

LEMBRANÇAS MARCANTES

De acordo com Eliazard, algo que lhe marcou muito foi o acidente de trabalho, que sofreu em 04 de outubro de 2017, onde perdeu parte do dedo. Ainda, ele relata que está se recuperando, apesar da recuperação ser lenta. “Outra memória marcante que eu tenho é de quando Gonaïves sofreu duas vezes com enchentes, que alagou tudo. 18 de setembro de 2004 e 01 de setembro de 2008 são as datas dos desastres. Muitas pessoas morreram e isso foi muito triste. O terremoto de 12 de janeiro de 2010 em Porto Príncipe é algo que nenhum haitiano esquecerá. Um tremor, que em poucos minutos matou 250.000 pessoas, é algo que ficará para sempre em nossas memórias”, finaliza ele.


Confira também as notícias anteriores desta série de reportagens, com o argentino Julio Blas, o senegalês Gora Mbaye e a canadense Rachelle Tonello:

Argentina:

Argentino mora no Brasil há 15 anos e conta história desde que chegou em território brasileiro

Senegal:

Senegalês conta sobre as dificuldades enfrentadas antes e após vir ao Brasil

Canadá

Canadense que mora em Xaxim explica as diferenças entre o Brasil e o Canadá


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