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Adiós, querido

Por: Gustavo de Miranda
29/11/2016 10:20

Então, se foi o Fidel. Um dos últimos ransos da esquerda ortodoxa na história do século XX, mais um “revolucionário” que só queria destronar um tirano pra se colocar no lugar dele. O que ele tinha mesmo era vaidade, e arreios filosóficos. Ou talvez não, a história das suas lutas conta fatos relevantes na solidariedade internacionalista, um pilar na política internacional de Cuba, e apoiou vários estados africanos que sofriam com opressão econômica e colonial a se libertarem, como a Argélia, por exemplo. Mas, e depois, como ficaram, e seu próprio país?

Não que a direita ortodoxa não seja tão daninha quanto a esquerda, esses são tão sonhadores quanto aqueles, idealizam um mundinho feliz e bucólico onde trabalhadores se abraçam e trabalham em fábricas e campos coloridos, sorrindo e cantando alegres o nome do seu glorioso libertador; enquanto aqueles têm tudo isso, mas com igrejinhas, santinhos, famílias tradicionais e pecado por conveniência.

Acontece que esses arreios filosóficos do pensamento marxista e esse sonho adolescente caem numa realidade implacável que se chama utopia. Nenhuma liberdade ou democracia foi dada ao povo sofrido pelo revolucionário Fidel, pelo contrário, ele se tornou o tirano. Impôs ao povo a sua ideia de estado, se tornou o estado, ditou a lei e eliminou seus opositores, mesmo que não oferecessem resistência, fuzilou, oprimiu e acorrentou em nome dessa utopia.

Todas as vezes que isso aconteceu na história, a democracia desapareceu, a lei se tornou instrumento de legitimação da tirania, e o Direito não pôde atingir a sua finalidade: garantir a liberdade, a isonomia, a segurança, a vida das pessoas.

E se você discordar disso, será punido porque você simplesmente não pode discordar, é proibido. Em Cuba, a Constituição (que é de 1976) permite a manifestação, mas, tem que usar os “meios corretos para isso”, aí, o Código Penal de lá diz que comete delito contra a ordem pública quem participa de reuniões e manifestações que violam as disposições que regem o exercício de seus direitos. Mas é aí que está: não existe lei que rege o exercício do direito de se manifestar.

O Direito Comparado é parte da ciência jurídica que permite analisar disposições legais de outros países e regras internacionais e comparar com as nossas, internas, pra buscar evoluir a legislação. Em estados com governos controladores e totalitários, como Cuba, a regra funciona de exemplo de como os estados livres não devem ser, pois a lei te impede de usar internet, de se mover pelo território, de ler o que quiser, de estudar o que quiser, de investir em negócios, de se relacionar com estrangeiros, de educar os filhos como quiser, de não se filiar a sindicato, de organizar eventos de arte e cultura sem permissão... você é proibido de discordar disso também.

Onde está a revolução? Para onde foi a luta por um ideal de bem maior? Foram encher a “glória” e os bolsos dos uniformes desses tiranos, que são ícones só pra quem não viveu as realidades que eles impuseram.

“Ah, mas Cuba tem um sistema modelo de educação!”. De que serve ter uma educação modelo se você não pode manifestar seu conhecimento, se não pode usá-lo livremente, não pode debater o que quiser, compartilhar o que aprendeu!? E que modelo é esse em que é só o estado que diz o que você pode estudar e é o estado que não quer que você seja contra o sistema?

Sinceramente, que seus atos de solidariedade sejam reconhecidos, mas pelo bem do seu país, já foi tarde, muito tarde.


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