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Memórias do Campo | Dr. Ari Lunardi: profissional competente e de grande influência

Por: Luiz Dalla Libera
08/12/2016 10:46 - Atualizado em 21/09/2020 11:12

No início de novembro fui convidado por este nobre Jornal Lê Notícias, a fim de colaborar do resgate histórico das recordações do pouco tempo de vida histórica do inesquecível Dr. Ari Lunardi, por ocasião da instalação da sua importante e merecida estátua pela atividade dos seus bons trabalhos, mas como era em cima da hora uma coluna após que segue assim:

Antes de escrever a biografia histórica do Dr. Ari quero escrever o mapa geográfico histórico do Bairro, que conheci bem na década de cinquenta, quando morava no final da linha Limeira, mas aos domingos passávamos por lá para ir à missa na Matriz e em 1955 atravessei o local 206 dias para estudar no Colégio Gomes Carneiro.

Estou bem lembrado que naquele local, entre o Posto de Lavagem Marreco e o Posto Delta, tinha um ribeiro de água (sanga). Hoje é canalizado. Esses dias fui curioso para ver o local, que, naquele tempo, a água era cristalina e que podia beber. Hoje é poluída, não pelos postos, mas bem pra cima dos postos. Quando íamos na missa a pé lavávamos os pés na sanga, que até lá íamos descalços por dois motivos: usávamos pouco os calçados e quando usávamos machucava; e também para poupá-la, pois quando íamos à cavalo os animais bebiam daquela água.

No início de 1950 penas me lembro dos moradores das famílias: Francisco Peruzzo, Manssuéto Bin, Antônio Picinatto, Augusto Roman, Amélio Panizzi e Santo Grafetti, essas últimas 4 eram parentes e os cunhados vieram do Rio Grande do Sul, região de Bento Gonçalves, terra do vinho. As famílias Panizzi e Roman tinham seus bonitos parreirais; já a Grafetti não tinha parreirais, mas tinha uma mini cantina que fabricava vinho. Sei disso porque meu pai também vendia uva. O freteiro era o senhor Fioravante Pianta, que usava carroças de bois. O Antônio Picinatto, cunhado do Grafetti, não lidava com uva, era carpinteiro e tinha uma bodega, cancha de bocha para os fins de semana e um salão de bailes – o apelido era Clube do Aladim, porque não existia luz elétrica. Podia até ter outros moradores, mas esses foram os pioneiros, porque do trevo da Limeira até a estátua era mato virgem nativo e área rural. Era a única entrada da linha Limeira à Xaxim, não era rua nem estrada. Do local da estátua para chegar ao centro ou à igreja tinha de seguir até a antiga avenida Progresso, hoje avenida Luiz Lunardi, que era a única entrada e saída para Chapecó e Xanxerê.

Do local da estátua para ir ao centro, se era a pé ou à cavalo dobravam à esquerda, mas era apenas trilhas e atalhos cheios de curvas.

Estamos nos aproximando do Santo Natal. Quando éramos crianças tínhamos as alegrias que íamos ganhar os presentes do Menino Jesus, mas as pessoas antigas, adultas, de Xaxim, que passavam por problemas de saúde durante o ano também ganhavam seus belos presentes, não objetos, mas de caridade antecipados, não do Menino Jesus ou Papai Noel, mas do querido Dr. Ari Lunardi, confirmo e comprovo 100%.

As pronúncias dos senhores Darci Lopes da Silva e Wilson Tissiani de alguns fatos, também aconteceu com a minha mãe. Ela vivia ao tratamento contínuo a cuidados do Dr. Ari. Consultava no início do ano e pagava a consulta, no mínimo uma por mês, mais internamentos. Na última consulta do ano, o pai pediu que acertasse no geral do ano, o pai era ele – Mam Chiuse - , pão duro, disse para a mãe dar uma choradinha porque “quem não chora não mama”. A resposta do Dr. foi a mesma para o Tissiani, que era para ela pensar na saúde e não pensar em pagar as consultas.

Como era o trabalho dele? Quais os médicos que trabalharam no Hospital São Pedro antes dele? Quem eram os outros médicos colegas ou concorrentes? Em 1946 talvez o primeiro médico em Xaxim foi o Dr. Alberto Lago, que veio de Passo Fundo. Eu tinha apenas dois anos, mas sei porque minha mãe passou por uma cirurgia, que por aquela cirurgia eu fiquei o mais novo da família. A seguir trabalharam os irmãos Osvalso e Petráco da Cunha, que vieram de Guaporé. Por último foi Eurolice Soares Pinto, não sei de onde veio.

No seu tempo de médico houve outros hospitais: o Bom Jesus, do Dr. Jacir Ribas Melzer, e Hospital Cristo Rei, que iniciou no antigo Hotel Lazzari, na travessa Independência, onde o médico era o Dr. Alberto Serratti, que anos depois passou para a família Lopes da Silva, proprietários e profissionais.

Em 1955 o Dr. Ari Lunardi já trabalhava no Hospital São Pedro até sua triste despedida.

O estabelecimento hospital era um casarão de madeira mista de dois pisos, com duas entradas: a entrada central a direita era o consultório, com um corredor de acesso aos quartos nos dois pisos. As janelas do hospital eram de madeira com vidros lisos e com escuretos. Lembro porque no ano de 1960 foi a única vez que deitei em cama de hospital. Foi por uma fratura crônica, que tiveram de romper a fratura a fim de arrumar bem. Tinha que dar anestesia geral – em italiano se dizia Indormia. Era as 10 horas quando me deram comprimidos e uma vacina para dormir, mas eu não queria dormir de medo. O pai fechou a janela e os escuretos e disse ao doutor que não ia dormir de medo. O Dr. respondeu em italiano – Il dorme si! Non le meio o péso dei altri, que quer dizer: “ele dorme sim! Não é melhor ou pior que os outros”. Comecei a perder a resistência as 17h horas, quando comecei a voltar em si.

Ele trabalhava 7 dias por semana, 30 dias por mês, de segunda a sábado. Atendia consultas nos domingos de manhã, visitava os quartos e após era livre. Não existia plantão. Em casos urgentes tinha o pai dele, José Lunardi, conhecido por Beppi. Lunardi era um ótimo profissionais da Saúde, com muitos anos de experiência. Ele, o genro do Beppi e o cunhado do Dr. Ari Aldo Rossatto, muito entendido do ramo farmacêutico, moravam na própria farmácia, a mais antiga de Xaxim.

Além de ser o único médico do Hospital São Pedro, dois sábados por mês ele ia consultar em Quilombo, de jeep. Ele passava por Marema e Manda Saia. Era muito amigo da família Farezin, que atuava no ramo farmacêutico.

Mesmo a população de Xaxim ser pequena, ele atendia muitos pacientes de Seara até Jardinópolis, aquela época Vila Jardim. As enfermeiras que trabalhavam em auxílio ao Dr. Ari foram: Paulina, a mais antiga, Leonor, Angélica, Milton e Aurora Damin.

Assim foi a pequena parte de trabalho dele. Quem confirma a caridade e bondade dele não são apenas o colunista Luiz, o seu Darci Lopes da Silva e o Wilson Tissiani, mas também o frei Cipriano Chardon, que trabalhou vários anos em Xaxim e veio de Concórdia para fazer a celebração fúnebre dos corpos presentes. Assim ele disse: “Na sua via de profissão ele não explorou os humildes, a sua carteira sempre esteve vazia, mas nunca faltava nela o santinho do Sagrado Coração de Jesus. Ele cumpriu bem a sua missão.”

Ele era muito fã do esporte amador. No tempo do antigo Diadema, dos Lunardi, do Torresmo, ele pertencia e também era muito fã e torcedor do Guarany, que era dos Lunardi, que eram seus familiares. Não era atleta, mas seu cunhado Aldo era um ´´otimo goleiro do Guarany.

Foi autoridade política eleito duas vezes vereador pela sigla PTB. Antigo, embora que os Lunardi eram todos do antigo PSD, ele escolheu a democracia e a soberania e seguiu o caminho dele. O meu pai era do PSD dos Lunardi, eu escolhi o PTB, do Dr. Ari.


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