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CULTURA LOCAL

Ceom comemora três décadas de compromisso com a história do Oeste

Programa de extensão da Unochapecó preserva regionalidade por meio de documentos e fotos
Por: Felipe Giachini
30/09/2016 16:53 - Atualizado em 03/10/2016 14:51
Imagem do acervo mostra nevasca que cobriu Chapecó há 50 anos (Foto: Acervo Ceom) Imagem do acervo mostra nevasca que cobriu Chapecó há 50 anos (Foto: Acervo Ceom)

Entre as páginas dos livros, entre as linhas que afloram a imaginação e alimentam a mente, entre histórias de superação e que marcam gerações, a historiadora e arqueóloga chapecoense Mirian Carbonera não esconde a paixão pelos detalhes que, despercebidos, contribuem para o desenvolvimento de cada região em qualquer lugar do mundo. O amor pela terra em que nasceu, a região Oeste de Santa Catarina, onde cresceu e se realiza profissionalmente, abriu os caminhos para que ela optasse por explorar aquilo que a emociona e expor à comunidade os frutos de seus estudos minuciosos. Mestre em História e doutora em Arqueologia, acredita estar na profissão certa, principalmente por contribuir para a preservação da cultura da região, rica historicamente. Miriam é coordenadora do Centro de Memória do Oeste de Santa Catarina – Ceom desde 2011, onde atua já há 15 anos, e comemora aos 30 anos de existência do programa de pesquisa e extensão da Fundação Universitária do Desenvolvimento do Oeste (Fundeste), órgão mantenedor da Unochapecó, criado em 1986.

É apaixonada por memórias, desde a pesquisa de campo, na conservação dos acervos arquivados, atualmente em sala anexa ao Terminal Rodoviário de Chapecó, até o relato ao público por meio de documentos e exposições. Ela acredita fielmente na importância de fazer o que gosta e estar no Ceom é a realização que tanto almejou durante a vida. “Eu não saberia fazer outra coisa, acredito estar na profissão certa e por isso dou o melhor de mim em tudo o que faço. É fundamental que as pessoas gostem daquilo que escolheram para suas vidas e espero estar contribuindo para a história da região Oeste. Quero deixar um legado para que as pessoas valorizem a região onde nasceram assim como eu”. Em entrevista, ela conta como o Ceom atua na região. Acompanhe:

LÊ NOTÍCIAS: O que é o Ceom e como funcionam os trabalhos?

Mirian Carbonera: Em nível nacional, o Ceom é visto como um museu, pois cumpre a ideia que define museu, ou seja, é um acervo histórico, com fotos, documentos, mapas e também alguns itens já em plataforma digital. O Ceom foi criado por um grupo de professores para pesquisar como a região Oeste foi constituída. Desde sua fundação o grupo trabalha com a preservação de materiais de modo a valorizar a regionalidade e expor à comunidade, sobretudo relacionado aos povos que colonizaram o Oeste e a própria estrutura física. São realizadas pesquisas sobre o período histórico para trazer à tona itens e histórias invisibilizadas há décadas. Além da coleta minuciosa do acervo, há a preocupação em evidenciar a cultura local com exposições, visitas monitoradas e aulas temáticas.

LÊ: De onde vem o acervo? Quais os cuidados na preservação dos materiais?

Mirian: No início, os funcionários iam atrás de conteúdo e de pessoas que talvez pudessem disponibilizar alguns arquivos, mas hoje é a comunidade que nosso envia, é por meio de doações. As pessoas entram em contato conosco, agendamos uma visita para ver se o que elas têm se encaixa na proposta do Ceom. Assim que o material for analisado e aprovado para pertencer ao acervo, fazemos um termo de responsabilidade. Não colecionamos objetos e dificilmente documentos recentes. Atualmente o Centro possui um acervo de 400 metros lineares de documentos, 700 representações cartográficas, 100 mil peças arqueológicas e mais de 30 mil imagens que contam a história de Chapecó e região. Quanto aos cuidados, temos dois grupos de pessoas na equipe: um que faz a parte de pesquisa de campo e outro que fica responsável por manter a qualidade dos arquivos, pois cada tipo de material tem cuidados especiais. Assim que esse conteúdo estiver regularizado para integrar nosso acervo ele passa por uma higienização e depois a devida identificação.

LÊ: Que tipo de público procura o Ceom?

Mirian: Nossa sede é no Terminal Rodoviário, o que facilita com que a comunidade venha conhecer o Ceom, mas o que notamos é que a população ainda não está habituada a visitar, penso que vai demorar um pouco para que isso aconteça. Percebemos a pouca adesão de famílias, mesmo que haja uma boa divulgação. Mas a maior procura vem de dois tipos de público, formado basicamente por pesquisadores da área, universitários e pós-graduados e também jovens do Ensino Fundamental e Médio, que vêm até nós para as visitas monitoradas.

LÊ: Como o Ceom é mantido financeiramente?

Mirian: O Ceom está vinculado à Diretoria de Extensão e Vice-Reitoria de Ensino, Pesquisa e Extensão da Unochapecó, de quem recebe um orçamento anual para manter as atividades. O Centro também tem parceria com a Prefeitura de Chapecó, que cede o espaço físico, e também com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). O Ceom também angaria recursos por meios de projetos de captação e demais parcerias para exercer outras atividades. O quadro de funcionários é composto por seis funcionários contratados, quatro estagiários, que, conforme a regularização só podem ser acadêmicos do curso de História, e três bolsistas de extensão, que podem ser de qualquer curso.

LÊ: Há também o acervo digital, expostos no site www.unochapeco.edu.br/ceom. Qual é a preocupação com o futuro aliado às novas tecnologias?

Mirian: Aderimos ao ambiente digital em 2006 para aproximar a população do nosso acervo e facilitar o acesso. Com o apoio da Caixa Econômica Federal, modernizamos o Ceom com um projeto de catalogação e informatização. Em nossa plataforma digital, no site, disponibilizamos informações, documentos, fotos, mapas e coleções de fácil acesso, pois uma simples busca traz todo o nosso banco de dados já digitalizados. Além disso, com essa nova ferramenta, os documentos originais físicos são preservados, pois evita com que o desgaste pelo manuseamento deles seja maior. O acervo digital com certeza será permanente, pois o mundo está evoluindo e a tendência é que os documentos físicos possam ser esquecidos pela comunidade. Nossa preocupação é manter nosso acervo cada vez mais conservado, pois os documentos antigos valem muito.

LÊ: Os 30 anos de existência foram de muito trabalho e conquistas para o Ceom. O que mais chama a atenção e o que você espera para o futuro?

Mirian: Com certeza as parcerias são muito importantes para nós, sejam elas nacionais ou internacionais, principalmente para enfatizar a preservação da cultura em respeito aos costumes dos povos que aqui habitaram. Outros pontos importantes foram as mudanças de endereço da sede, que iniciou em uma sala da Unochapecó, depois mudou para o Centro e devido à alta procura, mudou-se para a rodoviária. Porém, acreditamos que um espaço físico maior será fundamental para que o trabalho seja de qualidade e atenda às necessidades dos visitantes. Temos o sonho de contar com um local mais adequado, com melhor acessibilidade e climatização, afinal o acervo é a base de papel, que sofre com as mudanças de temperatura e manuseamento. Há também a preocupação de a prefeitura pedir o espaço de volta. Em 2014, a Unochapecó solicitou à prefeitura que fizesse um plano diretor para adequar às atividades desempenhadas pelo Ceom a um local melhor. O projeto foi feito, mas está parado em virtude de questões governamentais. Nosso sonho continua de pé, que é de proporcionar o melhor conteúdo à comunidade do Oeste e um local mais adequado beneficiará a todas as partes.


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