Parece que Papai Noel “destronou” Jesus, deixando-O quase de lado. Por direito, o Natal seria de Jesus, mas não é porque Papai Noel o domina de ponta a ponta. Diríamos que é um “sequestro” light, aparentemente, inofensivo. Quem o idealizou foram os países do Hemisfério Norte. Por isso, usa roupa de frio e vem montado num trenó, deslizando sobre a neve, pois Dezembro é inverno, enquanto, no Hemisfério Sul, é verão.
É um velhinho de barbas brancas, distribuindo simpatia e sorrisos, oferecendo-se para tirar foto com crianças que são presenteadas com balas e guloseimas. A cor de sua vistosa roupa é vermelha e branca, as mesmas do marketing da Coca-Cola.
Dentro dele, porém, há um voraz e insaciável apetite de vender tudo o que o capitalismo produz, com o slogan “realize seus sonhos e seja feliz!”.
O décimo terceiro salário dos trabalhadores (os políticos, mais o décimo quarto e quinto) favorece este festivo clima de comilança e de presentes. O “deus” mercado comemora, juntamente, com seus correligionários shoppings, bancos e cartões de crédito. É mais um Natal pagão que cristão!
Temos forças para enfrentar este poderoso e atraente dragão?! Que perspectivas a Igreja apresenta?!
Pode acontecer que muitos cristãos se rendam diante deste natal, enfeitando os locais da celebração com presépios luxuosos e românticos e se contentando em proclamar “glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade” (Lc 2,14).
A Igreja poderá e deverá semear o fermento de um “Jesus Humano”. Deus encurtou a distância entre Ele e nós, fez-se “carne e armou sua tenda em nosso meio” (Jo 1,14). Ele é Javé, “presença libertadora no meio do povo” (cf. Ex 3,13-15), é o Emanuel (Is 7,14).
Sem deixar de ser Deus, Ele é um ser humano que precisou do corpo de uma mulher para nascer e de seus seios para se alimentar, chorou e precisou de colo, teve família e precisou de um casal pobre para mostrar que é dos pobres.
Pode acontecer que deturpamos o Natal de Jesus, quando O anunciamos como uma criança sorridente e feliz – deitado numa manjedoura, cercado, romanticamente, de anjos e pastores, nos esquecendo que seu nascimento provocou a ira de Herodes, a fuga para o Egito e a morte de crianças inocentes (Mt 2,13-18). O acontecimento mais precioso da Encarnação é que Ele é um dos nossos, tornando-se carne com todas as suas consequências, menos o pecado.
Jesus está “sequestrado” e não é a polícia que O procurará. Somos nós, os da sua família, os cristãos. O Papa Francisco nos propõe sairmos de nós mesmos e irmos ao encontro dos “socialmente excluídos, dos religiosamente afastados e dos moralmente discriminados”. Se isso praticarmos, seremos uma sementinha do Natal de Jesus!
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