Entrevista | Deputado eleito Daniel Freitas defende estilo de Carlos Moisés e busca integração do PSL/SC

Articulado e com fortes intenções nas funções em favor de Santa Catarina, Daniel Freitas renunciou à Câmara de Vereadores de Criciúma em julho para um projeto maior que é o de impulsionar o Partido Social Liberal (PSL), sigla de Jair Bolsonaro no Estado e que, como ele, foi o maior vitorioso do último pleito. Eleito com 142.571 votos, o empresário foi o segundo mais votado para a Câmara dos Deputados e é uma das pontes entre o cenário federal com as lideranças estaduais do seu partido. Em entrevista concedida ao jornalista Marcos Schettini, falou da busca pela integração partidária, defendeu o estilo de Carlos Moisés da Silva e afirmou que não pretende assumir a presidência do partido em Santa Catarina. Confira a entrevista:

Marcos Schettini: Qual o termômetro do encontro com as lideranças do PSL no final de semana?

Daniel Freitas: O objetivo do almoço na minha casa em Governador Celso Ramos foi de integração partidária, para reunir todas as lideranças, desde o governador, a vice, os estaduais e federais, para um ambiente de integração, principalmente. Foi excelente, uma oportunidade ímpar para a gente poder estar mais unidos e integrados. Também entramos na conversa no sentido da questão do governo, pois também estamos, de certa forma, deixando o governador fazer seu trabalho junto à equipe de transição, respeitando esse momento de entendimento da máquina pública. Além disso, o encontro teve o objetivo de contribuirmos, neste sentido, de forma partidária e como representantes de Santa Catarina, para estarmos também a par e poder auxiliá-lo com nossos mandatos.

Schettini: O governador eleito tem criado um distanciamento da imprensa. Por que isso?

Daniel: Eu acredito que seja um momento dele de organização. Assim que ele estiver com as coisas em ordem, ele vai começar a dialogar mais, mas com o jeito dele de fazer comunicação. Neste momento, nós estamos respeitando esse modelo dele de trabalho e hoje tenho sido um representante na Articulação Nacional, com o objetivo de contribuir. Levei-o ao Paulo Guedes [futuro ministro da Economia], trouxe o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, articulei conversa com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, abrindo os canais para Santa Catarina, pois acho que este é o meu primeiro papel. Eu tenho certeza que o Moisés, em um momento oportuno, vai dialogar da forma que todos desejam, não sei qual a ferramenta que vai ser utilizada, qual a forma de trabalho, mas as informações certamente chegarão à imprensa.

Schettini: Qual é a sinalização de Paulo Guedes para Santa Catarina?

Daniel: A doença que está matando o Estado é a mesma que está matando a União. Nós temos reformas urgentes para fazer e arcar com estas responsabilidades, como as reformas da previdência e tributária. Então são situações que a próxima legislatura tem para que Santa Catarina consiga se desenvolver. Nós temos que fazer nossa parte aqui, no que tange às reformas. O Paulo Guedes disse ao governador que não adianta os Estados pedirem ajudas se não fizerem suas partes. Primeiro temos que resolver como o Governo do Estado vai realizar as medidas necessárias nos primeiros seis meses, pautado nas reformas da Câmara dos Deputados e do Senado, então teremos que acompanhar. Foi falado do Pacto Federativo, menos Brasília, mais Brasil. A desvinculação possível das verbas, para que o governador tenha autonomia, pois hoje vem tudo carimbado. A gente vai aguardar as reformas caírem no cenário federal para podermos dar encaminhamento aos novos parlamentares, que compreendem 52% da Casa. Então temos uma esperança em poder dar encaminhamentos.

Schettini: Há movimentos para o senhor assumir a presidência do PSL/SC?

Daniel: Não. Eu quero contribuir. Nós construímos uma linda história, com seis deputados estaduais, quatro federais, um governador e a vice. O sentido agora é unir este partido. Os meus gestos não estão sendo para assumir a presidência, muito pelo contrário, nós queremos construir uma relação de harmonia com todos, atendendo cada parlamentar, cada região, com suas demandas, para que possamos fortalecer o partido neste primeiro mandato de todos. Que o partido fale em uma língua homogênea para todos, que não exista nada de cima para baixo, que possamos ser ouvidos. Este é meu desejo. Quero ser o algodão entre as taças de cristal para que ninguém trinque.

Schettini: O estilo estopim da deputada eleita Ana Campagnolo não pode atrapalhar um projeto significativo do PSL em Santa Catarina?

Daniel: Minha relação com os três federais é extremamente harmoniosa. Tenho uma amizade muito legal com a Carol De Toni, com o Fábio [Schiochet] e o Coronel Armando. E nós queremos manter nossos mandatos em harmonia, pois isso só fará bem para Santa Catarina. Com os estaduais, minha relação é ótima com todos. Natural que o Felipe Estevão e o Jessé [Lopes], que são da região Sul, têm se aproximado mais de mim neste primeiro momento, mas tenho extrema amizade também com o [Sargento] Lima, de Joinville, o Alba de Blumenau, com a própria Ana Campagnolo e com o Coronel Mocellin, futuro líder do Governo. Tenho uma amizade enorme com o Comandante Moisés e com a vice Daniela Reinerh. Então esse diálogo entre nós precisa acontecer para que possamos construir uma relação com a imprensa e com o próprio Parlamento, tanto Estadual quanto Federal, de forma madura, para que ninguém aja de maneira isolada, porque isso acaba respingando na bancada e não faz bem para ninguém.

Schettini: Qual será a importância de Daniela Reinerh no Governo, além do cargo de vice?

Daniel: É uma mulher extremamente inteligente, que compôs uma chapa que trouxe a primeira vice-governadora. Tem o espaço muito bem incentivado pelo governador Moisés, que tem sempre dado relevância ao nome dela. De fato ainda não sei qual o status, se ela assim deseja, além da posição de vice-governadora, mas tenho certeza que ela será muito ouvida pelo governador Moisés.