Com uma carreira política já demonstrada nas urnas, as derrotas que levou na vida só foram possíveis com a disputa cara a cara com Luiz Henrique da Silveira. Este, desaparecido, foi capaz de garantir as perdas para ao Governo do Estado e Prefeitura da Capital. LHS chamava os melhores aliados de Esperidião Amin e, fragilizando-o, venceu. Mesmo assim, em todas elas, o marido da deputada Angela quase vencia. A Escala Richter do PSL pegou todos em 2018. O agora senador eleito venceu o terremoto e levou consigo a esposa e o filho. Abaixo, a visão do maior líder político da velha guarda de Santa Catarina que, ao contrário de seu maior algoz ulyssista, pode ser o próximo presidente do Senado.
Marcos Schettini: Qual o sentimento após as eleições de outubro?
Esperidião Amin: Quero agradecer. Nós ganhamos uma eleição num momento muito especial na política do Brasil e de Santa Catarina. Quero agradecer à sociedade catarinense pelos votos para o Esperidião Amin, numa demonstração de confiança. Ninguém pode dizer que não me conhecia, nos meus defeitos e nas minhas eventuais virtudes. Vou fazer muita força para ser um senador a altura do meu Estado e da nossa gente. Agradeço pela alegria, pois nós tivemos uma sorte muito especial. Deus foi muito bom, o povo foi muito bom, com a eleição da Angela e com a reeleição do João Amin. O compromisso que assumimos com o Estado é muito sério.
Schettini: O senhor está convicto em disputar a presidência do Senado?
Amin: Vamos ser bem claro. Isso vai ser uma espécie de loteria. Não é um prêmio por merecimento ou uma eleição popular, mas ser lembrado para isso, e não fui eu que provoquei a lembrança, me fez despertar dois sentimentos. Primeiro, que Santa Catarina faria bem ao Brasil, devido o exemplo da nossa gente e do nosso Estado. Segundo, eu acho que pela experiência, pelo fato de poder me apresentar perante a sociedade, com meus defeitos e virtudes, de cara limpa, sem mudar o penteado, como se diz [risos]. Eu acho que faria bem ao Brasil, se eu chegasse a essa condição honrosa, numa delicada missão. O país demonstrou nas urnas uma mudança de posição. O povo mostrou que quer mudanças profundas, que melhorem a qualidade da nossa política. Eu acho que eu teria condições de ajudar o Brasil neste momento.
Schettini: Com qual caminho?
Amin: Com serenidade, com equilíbrio. Respeitando as vontades e as partes, mas permitindo ao governo que, pelo menos suas propostas, sejam analisadas. O que não podemos ter no Congresso é o boicote do Legislativo, as expressões, manifestações e prioridades de um Executivo eleito pelo povo.
Schettini: Se estas pendências são urgentes, como vencer as resistências?
Amin: São discussões que serão levadas em Plenário. As duas reformas, Previdência e Tributária, são conhecidas em suas necessidades. Mas a Reforma da Previdência, não igual à que se tentou aprovar, que penalizaria o homem do campo e o operário do chão de fábrica, ela precisa começar pelo serviço público, civil e militar, para ser justa. Distinguindo o que é função perigosa, fazendo uma proporção de risco à saúde, à vida, que agentes públicos enfrentam. O risco do soldado é diferente do risco do oficial. O governador do Rio de Janeiro já falou isso. Se você fizer uma pesquisa, já mataram 100 policiais militares neste ano. Vai ver a patente deles, quantos eram oficiais, quantos eram soldados, aquele que sobe o morro e vai patrulhar. Tem que haver uma diferença, não pode tratar os desiguais de maneira igual. Uma Reforma da Previdência justa é fundamental para o país. Essa que o povo quer. Não quer uma Reforma da Previdência que deixe camuflado algum privilégio ou diferença. E a Reforma Tributária para dar competitividade e um pouco mais de vitamina para nossos municípios, que estão sendo brutalmente confiscados por favores fiscais que o Governo Federal concede, com chapéu do município e do Estado.
Schettini: Como fazer esta equação eficiente fazer justiça aos municípios?
Amin: Primeiro, a Reforma Tributária, proposta pelo deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB/PR). Segundo, é parar de transferir ônus, missões e encargos aos municípios. Por exemplo, quando eu reduzo o Imposto de Renda de qualquer coisa, eu tiro 50% deste dinheiro dos municípios mais pobres do Brasil. Quer cumprimentar? Usa seu chapéu, não do município.
Schettini: Como estão sendo feita as conversas dentro do seu partido e as demais bancadas federais? Onde Bolsonaro entra nesta discussão?
Amin: Não. O presidente Jair Bolsonaro não vota e nem deve votar para presidência do Senado. Ele não é senador. Quanto mais longe ele ficar disso, melhor para o Governo e para o Brasil. Precisamos de um Senado que não faça mal ao país, cuja condução não prejudique os destinos da nação e que não faça sabotagem a um governo legitimamente eleito.
Schettini: O senhor esteve naquela Casa e sabe como funciona essa tramitação...
Amin: Nunca participei desta farra corrupta que é o loteamento de cargos. Isso que me identifica com Jair Bolsonaro. Não quero para ele, não quero para mim, não quero para o país. Eu quero que ele nomeie e seja responsável pelos serviços de saúde, educação e segurança. O que é corrupto é o loteamento de cargos, para que um dirigente de partido nomeie alguém e essa pessoa preste contas a ele e não à sociedade. É isso que corrompe o país. Jair Bolsonaro foi eleito para acabar com isso. O diálogo com o Congresso ele está mantendo e vai manter. Ele foi deputado federal por sete mandatos. Ele não é um neófito, não é um estreante. Ele sabe como funciona. Ele precisa ganhar com argumentos, com a opinião pública e a com a razão.
Schettini: Tem tido conversas com Bolsonaro?
Amin: Conversamos sobre isso na quarta-feira. Jamais conversamos sobre posição no Senado. O compromisso dele é com o país, e o meu também, e isso nos identifica. A eventualidade de eu disputar a presidência do Senado, vai amadurecer ou não. Esperamos que sim. Espalha que sim. Sabe quando Santa Catarina elegeu o último presidente do Senado? 1946, com Nereu Ramos.
Schettini: E 2022?
Amin: Primeiro vamos vencer 2018. Depois começar bem 2019, depois nós conversamos. Um feliz Natal, com muita paz e saúde para nossa gente do Oeste, de Santa Catarina e do Brasil.Rua São João, 72-D, Centro
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