Lê Notícias - - Entrevista | Pinho Moreira quer 2022, declara...
Close Menu

Busque por Palavra Chave

Entrevista | Pinho Moreira quer 2022, declara apoio a Amin, fala dos erros do MDB e da dureza de Carlos Moisés

Por: Marcos Schettini
17/12/2018 18:48 - Atualizado em 17/12/2018 18:50

Depois de declinar de uma coletiva que iria fazer na Casa do Jornalista, recentemente inaugurado por ele e pelo presidente da ACI, Ademir Arnon, o governador Eduardo Pinho Moreira concedeu uma entrevista exclusiva ao jornalista Marcos Schettini, nesta segunda-feira (17). Nela, revelando as contas deixadas por Colombo, viu-se entre disputar ou não as eleições, as mesmas em que tem vários julgamentos. Fala do futuro, do MDB de SC e Nacional, o modo Carlos Moisés, presidência da Mesa da Alesc, Júlio Garcia, Esperidião Amin e as eleições municipais, seu candidato a governador em 2022 e o retiro que vai fazer ao lado de Nicole Torret Moreira.


AVALIAÇÃO DO GOVERNO

Marcos Schettini: Qual a nota o senhor daria para o mandato de Eduardo Pinho Moreira?

Eduardo Pinho Moreira: Na minha época de estudante, nós passávamos direto com nota acima de sete. Então eu passei direto. Acima de sete.

Schettini: Em que o senhor baseia esse número?

Pinho Moreira: Em uma entrevista coletiva, você disse que eu herdei um porco-espinho. Está lembrado? Quando eu assumi o governo interinamente, dia 16 de fevereiro, e no dia 17 de abril, em definitivo, eu encontrei uma situação financeira complicada. Com dívidas, convênios estabelecidos com municípios de todo Estado, alguns com valores altíssimos, e muitas contas a pagar. Eu diria que consegui enxugar. Depois de março, depois que fizemos aquela análise, eu mostrei que teríamos um déficit de R$ 2 bilhões em 2018. Nós tínhamos o comprometimento da receita pela folha, acima de 49%, portanto todos os contratos com bancos públicos estavam proibidos pela Secretaria de Tesouro Nacional. Cumpri, rigorosamente em dia, a folha de pagamento. Desde sábado a folha já está depositada na conta dos servidores, que é a metade do 13º e são R$ 500 milhões. Vou pagar mais de R$ 1 bilhão em folha no dia 28 de dezembro e mais US$ 54 milhões em dívida com o Bank of America. Cumpri essa missão sem quebrar nenhum cofrinho. O próprio [Antônio] Gavazzoni [secretário de Estado da Fazenda na Gestão Colombo] usou essa frase para mim, meses atrás, em um casamento em Florianópolis. “Eduardo, você não tem alternativa, pois quebrei todos os cofrinhos”. Ele quis dizer que fez a pedalada da Celesc, quando pegaram R$ 1 bilhão e não tinham distribuído para os poderes e municípios. Eu estou fazendo isso e pagando os municípios todo mês. Eles juntaram o fundo previdenciário com o fundo financeiro, sacaram mais de R$ 700 milhões. Fizeram a renegociação, por competência deles, e deixaram de pagar R$ 700 milhões da dívida. Eu não tive essas alternativas, então tive que fazer a economia na gestão, economizando R$ 1,350 bilhões do dia 16 de fevereiro até hoje.

Schettini: Esse porco-espinho herdado foi um ato enganoso de Raimundo Colombo?

Pinho Moreira: Não, não foi. Na verdade, o Raimundo deixou o pessoal conduzir o processo. Eu fiz questão de acompanhar diariamente. Eu sei dizer não. O Raimundo acabou dizendo pouco não. Ele é um homem do bem, não é do mal. Ele acabou liberando recursos e convênios. Eu estava comentando agora com meu chefe de gabinete, o ex-deputado Miguel Ximenes, que na época se que dava, para uma festa rural, em torno de R$ 150 mil. Então, hoje, nós passamos cerca de R$ 10 mil e R$ 15 mil, ou seja, 10%. Isso era todo dia. Os convênios com os municípios, como Chapecó, Xanxerê, Lages e Tubarão, foram consistentes e elevados. Eu parei com isso. Começamos a fazer convênios menores. Houve uma economia forte, além da diminuição dos cargos comissionados, funções gratificadas e Agências Regionais. Mas não são os comissionados que irão resolver o problema do Estado, pois eles representam 0,81% da folha de pagamento. Então deve ter economia na gestão, com cuidado, para o dinheiro público não sair fácil do caixa.


AS ELEIÇÕES

Schettini: Por que o senhor não apareceu no processo eleitoral?

Pinho Moreira: Eu fiz o trabalho nos bastidores. Mas, na verdade, eu não fui procurado. Eu quando abri mão da minha candidatura, foi por várias motivações. Uma delas foi para não provocar divisão no partido. A outra, porque não teria como eu ficar um mês fora do governo, percorrendo Santa Catarina, para disputar internamente no partido. Se ganhasse, teria que ficar dois meses fazendo campanha pelo Estado. Então seriam três meses em um período pós greve dos caminhoneiros, quando tínhamos uma quebra importante na receita. Para ser candidato no exercício do cargo, há de se fazer concessões e eu não faria. Tudo isso me levou a tomar essa decisão em ajudar com os bons números do nosso governo que não foram usados na campanha, como redução de criminalidade e bons índices da saúde. Nada disso foi usado na campanha, mas é um problema do marqueteiro, não meu.

Schettini: Antes da convenção do MDB, o senhor levantou os braços do Mauro e disse que ele seria o candidato. Havia previsto o que aconteceria em outubro?

Pinho Moreira: Não. Deixando a modéstia de lado, sem querer ser prepotente, mas eu poderia ter tido um desempenho melhor. Poderia ter ido ao segundo turno e seria outra história. O quadro poderia ser diferente, não quero dizer que seria. Mas não foi isso não. Os argumentos que usei na época são verdadeiros. Eu precisava parar, pois estou há 16 anos em Florianópolis. Sempre em funções extremamente operosas, com muitas responsabilidades, como presidente do MDB, vice-governador, governador, presidente da Celesc, sempre acelerado. Hoje, com 69 anos, me considero jovem e com muita disposição, mas era necessário parar. Não vou deixar de fazer política, mas eles vão sentir, daqui alguns meses, que aquilo que o Eduardo encaminhava era o certo.

Schettini: Onde Mauro acertou e errou?

Pinho Moreira: Eu não sei se ele errou e acertou. Essa imprevisão do 17, ninguém saberia que isso poderia acontecer. O Mauro e nem nós pensamos que isso poderia acontecer. Nem o Merisio, que levou uma surra no segundo turno, fazendo menos voto que no primeiro. Foi um tsunami que se estabeleceu, onde as pessoas votaram buscando algo novo, que já vinha sendo dito há anos. Em 2013, os brasileiros pediram mudança. Não mudamos em 2014 e nem em 2016, então o povo mudou em 2018. Eu acho que o Mauro estava no lugar errado, na hora errada.

Schettini: Assim como o Merisio?

Pinho Moreira: Claro que sim. Ele também estava no lugar errado, na hora errada.

Schettini: Por que Raimundo Colombo tropeçou ao Senado?

Pinho Moreira: Eu volto a dizer, o Raimundo é um homem de paz. Ele era a maior autoridade do Estado e conduzia o processo político. Quem conduz é o governador. Como Luiz Henrique conduzia, como o Amin conduzia. O Raimundo deixou o Merisio conduzir por ele e pagou o preço por isso. Aquela história do Fundam, que chamam de Afundam, é verdade. O Raimundo tornou coisas fáceis que eram difíceis. Eu tentei ajudar, ele sabe disso. O grande pecado do Raimundo foi não ter conduzido o processo. Se ele estivesse com o MDB, seria senador hoje.

Schettini: O senhor acredita que a Tríplice Aliança venceria a eleição?

Pinho Moreira: Eu acho que sim. Talvez o Moisés nem fosse ao segundo turno. Ele foi em segundo lugar ao segundo turno. Se nós tivéssemos uma Tríplice Aliança, poderia ser que ele não fosse nem ao segundo turno. Se ele fosse ao segundo turno, venceria qualquer um.


GOVERNO MOISÉS

Schettini: Qual é a relação diária que o senhor tem com Moisés?

Pinho Moreira: Uma relação respeitosa, transparente, que eu faria com qualquer um. Minha função é facilitar para quem ganhou a eleição de forma soberana, num mandato popular com 71,09% dos votos. É um mandato inequívoco. Abri o Estado todo, fui extremamente claro com a equipe de transição, dando poderes, condições estruturais, políticas e administrativas. É uma relação respeitosa. Eu não peço nada para ele. Quando ele pede para mim, é tudo voltado sobre coisas da transição. Isso para Santa Catarina é importante. Até para ele começar 2019 em uma situação melhor, porque a receita está crescendo.

Schettini: Para não ser questionado, ele tem uma relação distante com a imprensa. Esse viés é um novo modelo?

Pinho Moreira: Acho que é uma questão de tempo. O Moisés adotou uma conduta que eu acho correta. Ele precisa conhecer a estrutura. Eu estou nela faz tempo, desde o Governo Paulo Afonso, quando fui secretário da Casa Civil. Já tinha sido prefeito, deputado federal duas vezes, inclusive Constituinte. Eu tinha condição em chegar aqui e conhecer como funcionava. Ele tinha o período para ter as informações que ele não obtinha e formou então uma equipe técnica e qualificada. Tenho impressão que dentro de um tempo ele vai perceber que a relação com a imprensa é profícua e positiva, desde que haja transparência das duas partes. Vai chegar um momento em que ele vai conversar com a imprensa de modo natural. Talvez o temperamento seja diferente, mas acredito que em um momento oportuno ele vai ter essa relação.


POSICIONAMENTOS DO MDB

Schettini: O enfrentamento entre Mauro De Nadal e Valdir Cobalchini favorece o PSD e o Júlio Garcia na presidência da Alesc?

Pinho Moreira: Claramente. Isso é absolutamente verdadeiro. Nenhum dos dois quis ceder. São políticos experientes, um foi prefeito duas vezes e está no terceiro mandato, o outro foi secretário de Estado várias vezes e estará também no terceiro mandato. Colocar a mão nesta cumbuca é coisa que macaco velho não faz. Então a decisão era exclusivamente da bancada. Eu não interferi e não me julgava no direito, pois são dois amigos. A única coisa que pedi para eles, principalmente aos mais novos, é que tenhamos união, pois o MDB passa um momento de dificuldade no país, mas nós continuamos sendo, de longe, o maior partido do Estado. Então seremos fortes se tivermos unidos. A divisão interna favoreceu o PSD. O Júlio Garcia até admitia querer ficar os últimos dois anos. A exposição da divisão interna facilitou para "nossos adversários".

Schettini: O senhor passou o processo eleitoral inatingível. Agora, até pela experiência, quer presidir o MDB para um projeto eleitoral municipal?

Pinho Moreira: Também é. Tenho 32 anos de vida pública. Adquiri uma experiência política e administrativa sempre exitosa. Quando fui prefeito de Criciúma saí com mais de 80% de aprovação e elegi meu sucessor, contra o então deputado Altair Guidi. Então tive uma participação importante no processo político. Cumpri minhas obrigações enquanto governador, tanto em 2006 quanto agora. Levar isso para casa não é justo. Eu acho que serei um bom conselheiro político, devido às minhas experiências. Mas não disputarei a presidência do partido. Se não houver reconhecimento, vou continuar fazendo política. Se não houver esse reconhecimento, aí me liberem para fazer o que eu quiser.

Schettini: O senhor está pensando no projeto eleitoral de 2020?

Pinho Moreira: Não podemos descuidar. Temos eleições importantes em Joinville, Florianópolis, Itajaí, que são cidade importantes. Temos que buscar esses espaços aí. Esse fogo do 17 vai baixar. Daqui a seis meses vai ter buraco na estrada, vai faltar remédio no hospital, vai ter dificuldade de policial na rua. Nós teremos dificuldade e essa ansiedade da mudança vai perder um pouco esse calor. O MDB será competitivo em 2020. O grande problema do MDB é a nível nacional. Infelizmente, nosso presidente nacional Romero Jucá, é uma brincadeira. Agora o Michel Temer, que vai deixar a Presidência da República e é o nosso presidente licenciado do partido, vai reassumir a sigla. Será que isso é oportuno? É uma discussão nacional que prejudica o MDB em Santa Catarina. Infelizmente, pagamos uma conta que não é nossa.


FUTURO DE SANTA CATARINA

Schettini: Santa Catarina ficou fora do primeiro escalão do Governo Bolsonaro. O Estado ficará perdido?

Pinho Moreira: Espero que não. A parceria com o Governo Federal é importante. Temos 16 deputados federais e três senadores, que se forem unidos e pressionarem o Governo Federal, teremos conquistas. Se cada um puxar para um lado, Santa Catarina se prejudica. Nosso Fórum Parlamentar Catarinense, em Brasília, tem dado bons exemplos de unidade. Então imagino que o Esperidião Amin, Jorginho Mello, Dário Berger e os deputados federais, têm muito a contribuir com o Estado. O Bolsonaro vai precisar destes parlamentares no Congresso Nacional, então já que não atendeu com nomes, provavelmente atenderá com recursos.

Schettini: Dário Berger e o MDB apoiarão Esperidião Amin para a presidência do Senado?

Pinho Moreira: A relação do Esperidião com Dário é conflituosa. Do Esperidião comigo também. Mas politicamente não tenho nada contra ele representar bem Santa Catarina, desde que ele use esse poder para beneficiar o Sul, da mesma forma que os nordestinos usam para levar recursos ao Nordeste. Estive em Alagoas há cerca de um mês e vi os recursos que o Renan Calheiros levou ao seu filho, que é governador. O que o Sarney fez pelo Maranhão, inclusive com benefícios fiscais. Tudo isso é porque eles têm uma força importante, que não temos. O Esperidião Amin está no papel dele para fazer de conta que não está lutando, mas ele está sim. Para Santa Catarina será muito importante, não tenho dúvida disso. Como foi importante o Vinicius Lummertz ser ministro do Turismo. O presidente da República está para vir, na quinta-feira (20), a Santa Catarina, inaugurar o Centro de Eventos de Balneário Camboriú que recebeu R$ 16 milhões através do Vinicius. Muitos municípios foram beneficiados por ele. Também nas ações do coronel Newton Ramlow, na Secretaria Nacional de Defesa Civil, que viabilizou muitos recursos.


FUTURO PESSOAL

Schettini: O senhor é candidato ao Senado em 2022?

Pinho Moreira: Gostaria muito. É algo que me seduz. Governador não, pois acredito que nosso candidato, se não surgir quadro novo, será o Dário Berger. Gostaria de disputar para o Senado, não apenas pela idade, mas pela experiência acumulada, acho que poderia fazer um bom trabalho.

Schettini: Após deixar o cargo, o que o senhor vai fazer? Quando retorna?

Pinho Moreira: Volto dia 03 de abril. Eu viajo, provavelmente, dia 10 de janeiro. Fico um período fora, volto, fico mais uma semana aqui, e depois viajo. Vou visitar alguns países, tirar umas férias prolongadas. Esse é o objetivo. Vou estudar inglês, me atualizar. Fazer coisas boas que não tive oportunidade de fazer nos 16 anos que estive em Florianópolis.


 Prefeitura de São José - PI 14524
Câmara Floripa - PI 14488
Publicações Legais Mobile

Fundado em 06 de Maio de 2010

EDITOR-CHEFE
Marcos Schettini

Redação Chapecó

Rua São João, 72-D, Centro

Redação Xaxim

AV. Plínio Arlindo de Nês, 1105, Sala, 202, Centro