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Gigante Buligon diz que Sander foi o olho do futuro

Por: Marcos Schettini
01/01/2019 15:03 - Atualizado em 05/01/2019 13:13

A notícia que ganhou dor e tristeza, quase no badalar do novo ano, foi o desaparecimento do ex-prefeito Milton Sander, duas vezes Chefe Municipal. Ele, resistente de uma doença anunciada há anos, foi um soldado enfrentando as próprias forças físicas.

Gostando de comer e beber ao lado dos amigos, Milton sempre foi um político visionário, de rápida decisão e popular. Não agradava a todos mas, o respeito adquirido, foi construído ao longo do tempo. Dizia sempre que seu nome deveria, sendo amado ou odiado, lembrado sempre. “Fale mal, fale bem, fale de mim”.

Colocou Chapecó em um tempo de prosperidade em seus dois governos, um ao lado de Ivan Bertaso e depois, com Dilson Cecchin, vices nas chapas vitoriosas que construiu. Lembrava, com sua presença marcante na Boca Maldita, tradicional Café na principal avenida de Chapecó, que os tempos de um prefeito deve ser sempre de tirar toda tinta da caneta. “Só sentar não é ser prefeito. O líder incentiva sua equipe, dá as ordens de execução, utiliza-se da sua força para deixar seu governo com a sua cara, sua marca. Eu nunca me intimidei com ninguém. Prefeito bom é aquele que é único. Se tem alguém por trás mandando, você é um capacho”, lembrava.

De personalidade forte, atencioso e cordial com as pessoas, é da safra antiga dos bons políticos que a história marcou no Brasil. “Palavra você tem que ter com o eleitor, com o cidadão. Inventaram uma palavra chamada conchavo. Eu prefiro chamar de acordo. Todo político precisa dele. Se não for assim, não governa. É assim na eleição de qualquer coisa. É no Judiciário, Legislativo, Executivo, entidades. Tudo você tem que fazer um mapeamento. Se não for deste jeito, não chega”, manifestava.

Seu governo foi marcado por ações de obras que, nos finais de cada ano, chamava a imprensa para rodar o município e ver de perto o que fazia na administração. “A caravana São Tomé é para tirar as dúvidas. A gente vê e acredita”, apontava Sander.

Candidato a vice na chapa de Angela Amin, contou como adversário local o empresário Plínio David De Nês, hoje presidente reeleito da Chapecoense e então vice na chapa de Jorge Bornhausen, liderança que, construtor da candidatura de Fernando Henrique Cardoso, disputou aquele pleito para garantir o palanque ao então futuro presidente da República pelo PSDB.

Duas candidaturas a vice de Chapecó mostrava a importância da Capital do Oeste. Milton lembrava que o município era o portão do Mercosul. “Com infraestrutura suficiente, nós nos tornaríamos a maior cidade de SC, com todo respeito pelas demais regiões. Aqui a gente trabalha demais. Quem trabalha, gera riquezas e sendo assim, temos muita força econômica e política. Só não sabemos usar”. Parecia profetizar o que viveu e as eleições de 2018.

Aquela eleição foi um desastre. “Ambos perdemos. Quem ganhou foi o PMDB da turma do Paulo Afonso”, falava. Depois, com a eleição vitoriosa de LHS em 2002, saiu do PDS para se filiar em seu adversário histórico.

Perdeu uma eleição praticamente ganha em 1996. Liderava a disputa e, por um erro verbal, atacou o Frigorífico Chapecó afirmando, em um debate na TV Barriga Verde, em Joaçaba, que a empresa estava quebrada e não pagava ninguém. Começou a perder no final da frase. Ganhou a eleição José Fritsch, do PT, em uma disputa que contou com a participação de Antonio Varella do Nascimento pelo PFL e Flávio Baldissera do PMDB.

A rivalidade entre Sander e Plínio David De Nês só findou com a intervenção do prefeito Luciano Buligon em 2017, aniversário de 100 anos de Chapecó, na Efapi. “São pessoas maravilhosas, que tem nome e história. Não há motivos para dar continuidade a isso”, disse Gigante naquele dia em que apertaram as mãos pondo fim à inimizade.

Na noite de 31 de dezembro de 2018, Milton Sander, o prefeito do “Futuro é Agora”, preferiu parar. Decidiu que já tinha marcado os passos na história municipal e, só para contrariar, como foi o estilo político que marcou sua vida, tirou a festa da virada de seus amados e amigos.

Gigante Buligon lembrou que MS foi e será a marca de uma realidade que a história provou possível. “O Milton é um caminho de coragem, determinação e desenvoltura. Tem quem fez, isso é uma verdade, mas ele foi único e inigualável. Se todos, juntando tudo o que foi feito, não dá para medir com o que Milton fez”, carimbou o prefeito de Chapecó.

As obras de Sander estão espalhadas por todo o município. Além de asfalto, aeroporto, rodoviária, Hospital Regional, simbologias como o Desbravador, que marca a existência de Chapecó no turismo, foi o papel na criação de emprego, oferecendo incentivos fiscais a empresas para se instalarem. “Onde você olha, seja em que direção for, você vê o trabalho maravilhoso que ele deixou. Um homem do futuro, um lavrador, um político simples, mas cheio de ideais. Sem arrogância, fez tudo para Chapecó ter o nome respeitado em SC e no país. Não se faz mais outros Milton Sander, nem agora nem amanhã. E não é fácil copiar sua marca”, lembrou Buligon.

Várias mensagens foram enviadas de todas as partes de SC. Lideranças importantes, de vários partidos, se manifestaram sobre ele. “É o respeito que ele imprimiu. Nunca perseguiu ninguém. Apenas ignorava os adversários e, fazendo assim, deixava todos eles indignados”, lembrou o esposo de Lúcia Buligon.

“Se quer deixar um adversário se contorcendo de dor de cotovelo é ignorar sua presença. Não precisa fazer perseguição. É só não lembrar dele nunca”, ria falando de seu aprendizado com os adversários.

O prefeito de Chapecó decretou Luto Oficial por três dias em homenagem à liderança do ex-prefeito. “A nossa tristeza e nossa dor é muito grande. Aprendi a conviver com ele, sentir sua experiência e seguir suas orientações. Tenho nele um caminho. Sei que na política a gente tem que ter coragem para tomar decisões. E ele me ensinou a ter esta coragem. Falava para mim que não se podia servir a uma pessoa, mas a todas elas. Quando se é dominado, é preciso romper e dar um destino às pessoas com seu estilo. E vamos dar o nosso destino na experiência que vi no Milton. Peço a Deus que dê a ele o melhor lugar ao seu lado e que, de lá, nos oriente para que tenhamos a sabedoria e a simplicidade que deve ser do homem público. Estou saindo de Florianópolis para ver meu amigo de perto e apertar meu coração. Quando se perde um conselheiro, a gente se sente desprotegido. Mas o que ele nos ensinou, nos basta”, manifestou o prefeito por telefone.

A Federação dos Municípios de SC, Fecam, manifestou profundo pesar pela passagem de Milton Sander, um dos seus principais fundadores.


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