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Entrevista | Jorge Bornhausen reconhece habilidade de Júlio Garcia, fala da falta de experiência no Governo Moisés, enaltece Napoleão e evita Merisio

Por: Marcos Schettini
11/01/2019 15:18 - Atualizado em 12/01/2019 11:18
Lucas Gabriel Diniz

Um dos maiores líderes políticos da história de Santa Catarina, o ex-governador e ex-senador Jorge Konder Bornhausen concedeu entrevista ao jornalista Marcos Schettini nesta semana. Consultado por muitos por ser uma das cabeças políticas mais respeitadas do Brasil, JKB comentou do futuro de Geraldo Alckmin e da necessidade de Bolsonaro em aprovar a Reforma da Previdência. No cenário catarinense, enalteceu o perfil de Napoleão Bernardes, evitou falar de Gelson Merisio, reconheceu Júlio Garcia como habilidoso e questionou a falta de experiência no Governo Moisés. Ainda, falou de Esperidião Amin, Paulinho Bornhausen e Raimundo Colombo.

Marcos Schettini: Qual será o futuro de Geraldo Alckmin?

Jorge Konder Bornhausen: Eu conversei com ele depois da eleição. É um homem muito tranquilo. Disse que vai retornar as atividades como professor e como médico. Disse que vai fazer uma especialização em acupuntura. Soube que ele estava convidado para trabalhar e participar da equipe de David Uip, que é um grande médico em São Paulo. Eu não vi nenhuma preocupação maior dele de natureza política. Também não conversamos muito sobre o assunto, quando vi que ele estava muito tranquilo.

Schettini: Alckmin pagou um preço muito caro pelo Aécio Neves?

JKB: Ele foi vítima da sua própria legenda. Devido aos casos de corrupção, ele via, especialmente em Aécio, seu grande transtorno de campanha. Ele tinha ganho a eleição para governador em praticamente todos municípios de São Paulo, com exceção de um. E não teve um resultado nada favorável este ano. Na minha opinião, não foi porque o governo dele tenha sido ruim, pelo contrário, foi um bom governo, entregou as contas em ordem. Tudo isso aconteceu porque os partidos atingidos pela corrupção, com marcas em fortes líderes, não tem recuperação. Foi assim com o PDS na época do [Paulo] Maluf, que nunca mais se levantou. Foi assim com o MDB, desde o Quércia, que resultou no nascimento do PSDB. Foi assim com o DEM, com o partido do [José Roberto] Arruda, com o chamado Mensalão do DEM. Foi assim com o PSDB a partir das acusações contra o Aécio, que tinha sido o candidato a presidente e era o maior líder do partido. Não vejo a possibilidade nenhuma de nenhum destes partidos se recuperarem. Eu acho que o centro precisa fazer uma fusão de legendas, criar uma nova sigla, para criar um espaço adequado. Acredito também que o PT não tem vida se a esquerda prosperar, que será via PSOL, e não via PT. Acho que precisa de criação de uma nova legenda que possa juntar pessoas de bem do centro para aglutinar um meio termo entre as posições.

Schettini: Alckmin então encerra a vida pública?

JKB: Acho que ele não encerra. Se ele quiser, poderá ser senador, deputado federal. Ele tem respeitabilidade e credibilidade, com muitas obras feitas durante seu período de governo. Ele é um homem de bem, preparado e acho que um homem público qualificado ainda deve participar da vida pública.

Schettini: O governador de São Paulo, João Dória, deve fazer sombra em Alckmin?

JKB: O Dória montou uma excelente equipe, muito melhor que havia montado na prefeitura. Está com mais experiência política e está menos afoito. Tem em sua equipe um homem que tem uma grande cabeça política que é o [Gilberto] Kassab. Se ele capitanear uma legenda de centro e não insistir na recuperação do PSDB, tem chances de ser um candidato forte à Presidência da República em 2022.

Schettini: Como o senhor vê o Governo Bolsonaro?

JKB: O Bolsonaro formou uma equipe com várias alas. É mais ou menos o que tem aqui, a nossa Sinfônica de Esperança, sem maestro e com muitas alas. Nomes bons como Paulo Guedes [ministro da Economia] e general Heleno [ministro do Gabinete de Segurança Institucional], são esperança para que possa prevalecer suas ideias, fazendo com que Bolsonaro possa conseguir sucesso em sua missão. Eu torço para que isso aconteça. Isso tudo passará pela aprovação ou não da Reforma da Previdência. Se ele não aprovar a Reforma da Previdência, não há como dar solução na questão fiscal e o governo dele vai fracassar. Se ele aprovar, melhora sensivelmente a possibilidade de dar certo.

Schettini: Qual sua opinião sobre a facilitação da posse de arma de fogo?

JKB: É uma questão que, na minha opinião, é duvidosa. Diria que não é o assunto principal. Tanto o desarmamento quanto o armamento são coisas duvidosas. Para mim não me afeta em nada qual for a decisão, porque vou continuar a não usar.

Schettini: Qual será o futuro do Napoleão Bernardes?

JKB: Eu acho que o Napoleão é uma liderança urgente. Considero que ele tem condições pessoais e políticas para poder ser o próximo governador.

Schettini: Dentro do PSDB?

JKB: No PSDB ele será muito atrapalhado, por este corte de corrupção que o Aécio deu a legenda. Ele tem que procurar outro caminho, que seja de centro, em uma legenda que não tenha sido atingida pela questão da corrupção. Ele é um homem de bem, que pode se reunir a muitos homens de bem, inclusive do PSDB, PSD e do próprio MDB. É uma questão de acompanhar o processo nacional. Se no processo nacional for por este caminho, eu acho que o Napoleão deve segui-lo. Apenas uma sugestão. Evidentemente que ele é um político com vida própria e sabe o que faz. Da minha parte, minha expectativa é que ele tenha um grande futuro, porque merece.

Schettini: Vamos falar um pouco sobre Gelson Merisio...

JKB: Eu não tenho nada a falar de Gelson Merisio.

Schettini: Nem de ontem, nem de amanhã?

JKB: Não. Não tenho nenhuma palavra a dar sobre ele.

Schettini: Júlio Garcia é o nome do PSD para retomada de um projeto de poder?

JKB: O Júlio Garcia está em uma empreitada para ser presidente da Assembleia. Ele tem habilidade e, pelo o que tenho visto, as condições parecem ser favoráveis. O partido pode pensar em outras ações, mas que neste momento está concentrado neste posicionamento que é a disputa da presidência da Assembleia. É um deputado de valor e sabe somar.

Schettini: Ele é uma cria, tem o DNA de Jorge Bornhausen...

JKB: Ele não é uma cria. Ele é uma pessoa que fez uma vida própria. Eu o acompanhei de perto. Eu o conheci quando era funcionário do banco, se destacou e cresceu. Até ganhou uma posição política como gerente em Tubarão. Ele teve acesso, mas criou as condições próprias. Ele se fez por si. Não foi com empurrão de ninguém, mas por capacidade própria.

Schettini: A habilidade de Júlio Garcia é favorável para buscar 2022?

JKB: Eu acho que isso ainda é cedo demais. A gente primeiro tem que torcer para que as coisas possam encaminha-se agora, pois acredito que não será nada fácil. Eu acho que o governador eleito escolheu pessoas que não tem vivência na administração pública, sem destaque nos setores que ocupam perante a sociedade, com exceção na parte de segurança. Então vamos torcer, mas não é fácil dar certo não.

Schettini: Não é um perigo ter um governador sem um projeto de eficiência para o Estado?

JKB: Ele não tem experiência e a equipe também não. Agora, uma qualidade é que ele é um homem de bem, correto e honesto.

Schettini: São virtudes que pesam consideravelmente, mas não dão um norte para Santa Catarina...

JKB: Pois é, mas hoje, nesta vida pública com tanta coisa errada, ele tem isso a seu favor. Não tem experiência, não é fácil dar certo, mas a gente tem que torcer para dar certo.

Schettini: Como o senhor vê o nome de Esperidião Amin para presidir o Senado?

JKB: Eu não tenho a menor ideia do que está ocorrendo no Senado. Eu não estou acompanhando de perto. Eu acho que a imprensa está especulando as coisas. A decisão vai ser dada pelo bancada do MDB. Se ele não ganhar a bancada do MDB, é muito difícil. Porque a tradição no Senado é que o maior partido é o presidente. A não ser quando há um grande acordo como houve com Antônio Carlos Magalhães. Agora ele pode seguir em frente, internamente. Seria um homem muito melhor para o Brasil neste momento.

Schettini: O senhor tem conversado com Esperidião?

JKB: Não. Eu conversei com o Esperidião somente no ano passado.

Schettini: E o Paulinho Bornhausen?

JKB: Ele está nos Estados Unidos e não vai voltar tão cedo.

Schettini: E a ida dele para o Podemos?

JKB: Eu não sei. Nunca ouvi falar disso. Não tenho nenhuma informação disso. Ele está em Miami desde início de dezembro.

Schettini: Pela bancada do PSB que ele elegeu em Santa Catarina, não justificaria sua saída do partido...

JKB: Isso vai depender das posições nacionais. Se o partido a nível nacional estiver contra a questão da previdência, não há como o Paulinho e outros continuarem na legenda.

Schettini: Se o PSB se alinhar com Bolsonaro, não há porque ele deixar o partido. É isso?

JKB: Não é questão de alinhar com Bolsonaro ou não. Questão é da previdência. É a responsabilidade perante a sociedade. Eu acho que todo homem público responsável tem que se alinhar à Reforma da Previdência. Se não o fizer, é porque não quer que o país seja consertado. O partido que se manifestar contra, é contra o país e contra Bolsonaro.

Schettini: Como o senhor olha Raimundo Colombo após a derrota ao Senado?

JKB: Ele é um homem de valor, com serviços relevantes prestados a Santa Catarina. Ele deve aguardar com tranquilidade, como está fazendo, o desenrolar dos acontecimentos políticos.

Schettini: O senhor tem conversado com ele?

JKB: Temos conversado, às vezes, por telefone, como no fim do ano e depois das eleições. Mas só por telefone. Pessoalmente não. Ele está em Lages e eu aqui por Florianópolis.


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