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Entrevista | Ponticelli defende diálogo de prefeitos com Moisés, elogia Júlio Garcia e acredita em Amin na presidência do Senado

Por: LÊ NOTÍCIAS
17/01/2019 17:00
Miriam Zomer/Alesc

Prefeito de Tubarão, terra do governador Carlos Moisés, Joares Ponticelli tomou posse como presidente da Federação Catarinense dos Municípios (Fecam). Em entrevista exclusiva ao jornalista Marcos Schettini, nesta quinta-feira (17), o líder dos prefeitos de Santa Catarina defende diálogo com o Governo do Estado para dar folego às cidades. Ainda, disse que as 21 Associações de Municípios podem cobrir o vácuo deixado pelas ADRs. Elogiou o estilo político de Júlio Garcia e diz torcer para que Esperidião Amin presida o Senado.

Marcos Schettini: Qual estilo de trabalho o senhor pretende emplacar no comando da Fecam?

Joares Ponticelli: Nós queremos empreender uma gestão pró-ativa junto ao Governo do Estado, ao Fórum Parlamentar Catarinense e junto aos demais poderes e órgãos. Eu já conversei com o presidente do Tribunal de Justiça, Ricardo Roesler, tenho conversado com o deputado Júlio Garcia, que irá presidir a Assembleia Legislativa, com o Dr. Sandro Neis, procurador-geral de Justiça, com o conselheiro Dado Cherem e com o conselheiro Adircélio, que vai ser o novo presidente do Tribunal de Contas, para que a gente possa ter uma pauta junto com cada poder e instituição, bem como com a Fiesc e Fecomércio. Nós temos pleitos e necessidade de parcerias em cada uma destas instituições e poderes. Assim queremos tratar também com o Governo do Estado e acredito que conseguimos mostrar o tom da nossa proposição no discurso de posse, colocando ao governador algumas preocupações que surgem nos municípios, especialmente naquilo que se refere ao fechamento das ADRs. Nós somos favoráveis ao fechamento das ADRs, mas precisamos entender como vai acontecer essa relação do Estado com os municípios. O governador mostrou preocupação e disposição de dialogar, tanto que voltou a se referir a isso no discurso e já marcou uma audiência para a próxima segunda-feira, quando vamos começar a tratar da nossa pauta junto ao Governo do Estado. Assim que os deputados federais e senadores tomarem posse, vamos nos reunir com o Fórum Parlamentar Catarinense porque temos grandes pautas em Brasília, especialmente no Governo Federal, no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal, onde precisamos vencer aquela liminar do ministro Alexandre de Morais, que retira recursos substanciais de ISS dos municípios catarinenses e brasileiros.

Schettini: Qual será o empenho para fazer com que os projetos já encaminhados saiam do papel?

Ponticelli: Nós queremos entender também como vai funcionar isso. Inclusive, queremos entender em que situação ficarão os mais de 400 convênios que estão celebrados entre municípios e Governo do Estado. Nós precisamos entender como será a dinâmica e qual é o compromisso do Governo com a continuidade disso, embora ele já tenha feito uma referência a esse tema no dia da posse da Fecam. Mas também precisamos entender qual vai ser a política que o governador vai adotar em parceria com os municípios, como o empréstimo de mais de R$ 700 milhões que o Estado pleiteia e que está pendente. Eu não sabia, mas ele anunciou que estamos na classificação de risco C, o que impede o financiamento atualmente. Nós precisamos entender o que está sendo feito para melhorar isso e como será a relação e as parcerias com os municípios. De pronto, vamos oferecer a estrutura das 21 Associações de Municípios, porque nelas se reúnem os prefeitos. Elas são a casa dos prefeitos de Santa Catarina. Com essa realidade, podem nos ajudar com essa articulação e aproximação dos municípios com o Governo do Estado.

Schettini: Como se dará a relação da Fecam com o Governo do Estado?

Ponticelli: O governador anunciou a criação de uma estrutura, junto à Secretaria de Estado da Casa Civil, para fazer essa relação. A gente sabe que, embora as ADRs não tivessem mais estrutura orçamentária e financeira para atender as demandas dos municípios, a parte burocrática funcionava. Toda a parte de movimentação dos convênios, contratos, medições, ou seja, a parte burocrática se efetivava através destas estruturas. Agora o modelo foi rompido e, com o fechamento delas, temos que criar uma nova estrutura que vai gerar dificuldades no início e por isso nós entendemos que as Associações Municipais podem ter um papel importante nesta transição.

Schettini: Quais os principais pleitos dos prefeitos catarinenses?

Ponticelli: Primeiro precisamos dar continuidade aos convênios em curso, porque eles foram assinados entre CNPJ, do município com o Estado. Isso gerou expectativa na população em seus municípios, então eles precisam ser concluídos, até porque há investimentos feitos que não podem virar elefantes brancos. Precisamos entender como se dará este procedimento. O restante é construir parcerias. O governador Raimundo Colombo criou o Fundam e nós precisamos saber qual será a estratégia e o programa que ele vai utilizar para entender as mãos aos municípios, porque todos agonizam. Somos um modelo de federação que faliu, há muito tempo a gente fala sobre isso. Mas agora há um horizonte mais promissor. O presidente Bolsonaro usou como slogan de campanha “Menos Brasília, mais Brasil”, então esperamos que isso signifique algo e que o eleito não negue o discurso do candidato. Que efetivamente diminua a força e a concentração financeira de Brasília para fortalecer os municípios, que é onde as pessoas vivem. Ninguém mora no Estado e na União, as pessoas moram numa rua, de um bairro em um município do Brasil. Precisamos atender as demandas da população. É um ambiente favorável, não sou utópico, não tem varinha de condão, não vai mudar de uma hora para outra, mas a gente tem um ambiente racional para iniciar esta construção.

Schettini: Será na Alesc que irão acontecer os grandes embates com o Governo do Estado. Como o senhor acha que se dará esta linha?

Ponticelli: Graças a Deus o Júlio será o presidente. Isso é um alento para Santa Catarina. Eu tive o privilégio em ser deputado com o Júlio e ter a casa comandada por ele durante cinco anos. Foi um grande período, ele é um grande articulador, transita muito bem entre todos os parlamentares, sabe dialogar e ouvir, respeita as posições de cada um, seja elas governistas ou de oposição. Eu fui deputado junto com ele e era o principal líder da oposição, sendo ele governista. Isso não abalou em nada nossa relação. Ele sempre respeitou minhas posições e a gente construiu muitas coisas boas. Claro que o atual governo não tem a vivência administrativa e política, mas tem demonstrado boa vontade. Se tiver a capacidade de ouvir e conversar para construir uma relação sadia e transparente com a Assembleia Legislativa, não tenho dúvida que o Júlio terá um papel muito importante neste processo, que vai saber conduzir com maestria.

Schettini: Por ser de Tubarão, terra do governador, o senhor conhecia Carlos Moisés antes da eleição?

Ponticelli: Sim, eu o conhecia. No final dos anos 90, fui vereador e depois eleito deputado estadual, enquanto ele era o comandante dos Bombeiros de Tubarão, quando participei da construção do Funrebom. Eu sempre tive uma relação respeitosa com ele. Naturalmente que na campanha estivemos em lados opostos, eu era Merisio e fui Merisio até o final. Não sou nem oportunista e nem político sem posição para mudar de lado. Eu tenho muita gratidão por aquilo que o Merisio, o Júlio [Garcia] e o governador Raimundo Colombo fizeram pela nossa cidade. Temos um grande volume de obras em Tubarão graças à atuação do deputado Merisio e do governador Colombo. Eu não poderia trocar de lado, não é assim que faço política. Como eu disse no discurso de posse na Fecam, as eleições passaram, agora nós temos que todos descer do palanque e trabalhar em favor de Santa Catarina e do Brasil. Enrolar bandeiras partidárias. Eu agi assim em Tubarão. Para fazer as reformas administrativas que a cidade precisava, eu tinha apenas nove votos na Câmara, mas precisava de 12. Então fui buscar votos, inclusive com aqueles que tinham perdido a eleição, com o próprio Lucas Esmeraldino, que fazia parte da outra chapa, e então votou conosco, nos ajudou o tempo todo que esteve na Câmara de Vereadores. Vencidos e vencedores precisam trabalhar em uma direção só, em favor do catarinense.

Schettini: Como o senhor vê o nome de Esperidião Amin para presidir o Senado?

Ponticelli: Torço muito por isso como qualquer catarinense, de bom senso e juízo, torce. Qualquer brasileiro que quer um Brasil melhor, sonha com Esperidião Amin na presidência do Senado. Comparar ele com o outro candidato, estamos falando de água e óleo para não usar outra expressão. Acredito muito nele. A chance dele ficaria maior se o voto fosse aberto, porque o instrumento do voto secreto é uma barbaridade. Nós acabamos com isso na Assembleia Legislativa. Eu participei, sob a liderança do Júlio [Garcia], na época do [João Henrique] Blasi, Herneus [De Nadal] e [Antônio] Ceron, nós construímos o fim do voto secreto lá em 2005. A Assembleia ficou muito melhor depois que voto ficou aberto. O voto tem que ser secreto para o eleitor escolher seus representantes, o representante não pode votar secretamente nunca, porque ele tem que ser fiscalizado. Ele está lá com uma procuração para votar e agir em nome de alguém e esse cidadão precisa saber como seu representante está usando seu voto. Então se o voto for aberto, as chances de o Esperidião aumentarão muito mais. Isso seria bom para o Brasil e, especialmente, para Santa Catarina, que teve Nereu Ramos como último presidente do Senado, há mais de meio século.

Schettini: O senhor pretende ir à reeleição?

Ponticelli: Reeleição a gente fala no tempo de campanha. Agora é trabalhar, temos um ano de muitos trabalhos. O terceiro ano para um prefeito é sem desculpas, a gente trabalha com um orçamento que é da gente, não tem eleição no meio para atrapalhar, então vamos arregaçar as mangas e trabalhar muito mais para Tubarão. Ano que vem a gente discute isso.

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