Grande entendedor da indústria brasileira, o engenheiro civil Mario Cezar de Aguiar está há quase um ano no comando da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina, dialogando e defendendo os interesses do setor e dos empresários catarinenses. Em entrevista exclusiva concedida ao jornalista Marcos Schettini, o presidente da Fiesc falou dos desafios da economia do Brasil, defendeu a diminuição da máquina pública e garantiu que o desenvolvimento necessita de políticas de estímulos à produção e à inovação. Confira:
Marcos Schettini: O que esperar do Governo Federal ainda em 2019?
Mario Cezar de Aguiar: O que esperamos é que o governo crie um clima mais favorável para avançar com celeridade na implementação das reformas, que são fundamentais para um ambiente mais favorável aos investimentos e à produção. Um passo importante foi dado com a aprovação do relatório da comissão especial da reforma da previdência, mas ela ainda tem etapas importantes pela frente e esperamos que isso se resolva rapidamente, para que o País possa voltar a crescer. Mas também aguardamos medidas no sentido da eficiência do gasto público, fundamentais para o equilíbrio fiscal.
Schettini: Qual é o Brasil ideal para a produção?
Mario: O Brasil ideal para produção é um Brasil com segurança jurídica para quem empreende, com carga tributária menor e mais simples, com uma infraestrutura adequada para o transporte de mercadorias e insumos, com acordos de comércio com países de economia relevante e que valorize o setor empresarial, para que ele possa desempenhar seu importante papel de geração de postos de trabalho, inovação, emprego e desenvolvimento econômico e social.
Schettini: Privatização deve ser total ou parcial?
Mario: O que defendemos é que o Estado deve focar, sempre com muita eficiência e racionalidade, nas questões essenciais que o cidadão espera dele: saúde, segurança, educação e infraestrutura. Nas demais questões, e inclusive na infraestrutura, o setor privado pode e deve contribuir mais. Com regras claras, menos burocracia e agências fiscalizadoras independentes e estruturadas, o investidor privado responde. Assim, a redução do tamanho do Estado será um grande benefício para toda a sociedade.
Schettini: O que é setor estratégico em um país estatizado?
Mario: Estratégico é manter a soberania e, como dito na questão anterior, manter o foco do governo no que é fundamental para os cidadãos. Nas demais questões, desde que com modelos bem estruturados e estudos consistentes, o Estado pode abrir espaço para o setor privado.
Schettini: A Reforma Tributária vai ser de qual tamanho para impulsionar a produção?
Mario: Nessa questão temos que ser realistas. Por mais que todos saibamos que a carga tributária no Brasil é extremamente elevada em relação àquilo que o Estado devolve ao cidadão, não podemos contar com reduções expressivas dos impostos no curto prazo. Infelizmente, não há espaço fiscal para isso. Agora, se a reforma tributária simplificar o sistema, já será um grande ganho, pois hoje o custo das empresas para lidar com o cipoal tributário do País é altíssimo. Áreas que nas empresas de outros países com os quais competimos são compostas por pequenas equipes, no Brasil precisam ser grandes departamentos devido à imensa complexidade das legislações que regulam a questão tributária.
Schettini: O senhor teria uma equação para apontar o desenvolvimento?
Mario: A equação é um pouco disso tudo que foi dito: reformas, segurança jurídica, redução do tamanho do Estado, políticas de estímulo à produção, aos investimentos e à inovação. Se o Estado for eficiente nas questões centrais que lhe competem, também a economia será beneficiada, pois pessoas bem preparadas são pré-condição para que as empresas sejam competitivas e isso começa com uma educação de qualidade, como há anos defende a Fiesc.
Schettini: Como está a relação com o Fórum Parlamentar Catarinense?
Mario: Nós temos uma excelente relação com o Fórum Parlamentar Catarinense, que sempre nos recebe para discutir as questões relevantes de Santa Catarina. É uma relação que, inclusive, está sendo aprimorada, com encontros constantes tanto em Brasília, quanto nas bases dos deputados e senadores, com os quais os empresários tem conversado e manifestado suas posições e visões com transparência, buscando o desenvolvimento de nosso estado. Um exemplo de área na qual estamos evoluindo é justamente na busca de uma maior mobilização para inserção de Santa Catarina no Plano Logístico Nacional.
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