O Brasil dos extremos apenas encontrará respostas satisfatórias nos meios
Desde os filósofos gregos se apregoa que a virtude se encontra na temperança, traduzida no famoso dito popular: “nem tanto ao céu, nem tanto à terra”.
Não será fazendo “terra arrasada” dos avanços civilizatórios, institucionais e de governos anteriores que os cidadãos tupiniquins encontrarão o progresso que merecem. Todas as civilizações que buscaram mudanças abruptas experimentaram o caos, o retrocesso, a desordem e mais injustiças face às quais instantes anteriores se levantaram. A própria revolução francesa é prodigiosa em demonstrar que muitos revolucionários de um dia foram para a guilhotina em seguida àqueles que para lá enviaram na véspera.
Somente os meios apropriados nos conduzirão de forma segura pela estrada do porvir. Não há “bala de prata” que da noite para o dia, como num passe de mágica, possa resolver nossas mazelas sociais, tampouco a corrupção e as demais vilanias que aqui campeiam há mais de 500 anos.
A retórica reducionista de que se deve ser “Moro” cegamente sob pena de ser petista, ou ser “Lula livre” também ardorosamente, pena de ser fascista, faz bem apenas àqueles que gravitam nesses dois polos políticos, sufocando assim uma terceira via que traga a razão aos debates que interessam à nação face suas efetivas necessidades, e realmente una o País em torno de um projeto sério e em longo prazo. Aliás, não tem como ser sério se não se pensar e agir com olhos que ultrapassem imediatismos eleitoreiros.
Das conversas que afloram dos bastidores da Lava Jato ao projeto de lei que visa criminalizar possíveis excessos de magistrados e promotores, algumas conclusões são óbvias e ululantes, a saber, a classe política se encontra incomodada com a política feita – há quem diga, e há quem veja (inclusive a revista Veja) - por alguns togados, e não há somente pessoas “de bem” em Instituição alguma.
Eis o problema!
Quanto a soluções, longe de navegar nas ondas demagógicas de resoluções simples para questões complexas, parece certo ao menos lançar três reflexões para se evitar a criminalização da toga, e sobretudo fortalece-la. Já que as Instituições, e não personalidades pinçadas, devem ser fortalecidas a bem da democracia para que se construa uma sociedade séria e saudável.
A uma, conversas entre juízes e procuradores passarem a ser gravadas e juntadas aos respectivos processos.
A duas, quarentena para ocupar cargos políticos de livre nomeação e exoneração após pendurar a toga, para se evitar a dúvida a respeito de decisões que possam possibilitar ascensão pessoal em detrimento de um grupo, e naturalmente a favor doutro que venha a convocar o ex-agente público que lhe foi de certa forma útil.
A três, suspender ações e procedimentos, em ano eleitoral, de pré-candidatos declarados, nos seis meses anteriores ao pleito, para evitar decisões liminares de cunho eminentemente político, suspendendo-se a prescrição no período para se evitar a impunidade, retornando a marcha processual após o término das eleições.
Afinal, não basta somente criticar e torcer... palpitar (ainda que sem prévio auxílio de quem deve apenas julgar) é, ainda, se não preciso, permitido!
Rua São João, 72-D, Centro
AV. Plínio Arlindo de Nês, 1105, Sala, 202, Centro