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Entrevista | Prefeito de Jaraguá do Sul acredita em um rápido crescimento do Brasil

Por: Marcos Schettini
13/07/2019 14:27

Empresário e prefeito de Jaraguá do Sul, Antídio Lunelli tem se construído como uma forte liderança do MDB no Norte do Estado. Investindo mais de R$ 70 milhões em obras na cidade, Lunelli acredita que o Brasil voltará a crescer rapidamente e pode se tornar a terceira maior economia do mundo. Em entrevista exclusiva concedida ao jornalista Marcos Schettini, o prefeito também falou que sua administração é focada na gestão, defende a diminuição no número de partidos, elogia o deputado federal Carlos Chiodini e manda um recado ao governador Carlos Moisés. Confira:

Marcos Schettini: Quais são as rotas que o MDB deve seguir para reconquistar o eleitor em 2020?

Antídio Lunelli: Precisa provar e está provando que está disposto a cortar da própria carne, se renovar. Muitos movimentos nesse sentido já aconteceram. Ao perder a eleição para o governo do Estado no ano passado, nosso partido ganhou a oportunidade de se autoanalisar, de fazer autocrítica. O MDB de Santa Catarina nunca esteve próximo dos escândalos de corrupção que assolaram os cofres públicos, mesmo assim foi atingido pela onda da mudança, de renovação, pagou um alto preço pelo desgaste do MDB nacional, e também pelo desgaste do governo estadual. Entretanto, é preciso também reconhecer a importância do MDB na história de Santa Catarina e a contribuição que nossos quadros deram para que o Estado seja um dos líderes em diversas áreas, da educação, passando pela segurança até chegar à economia. O MDB é um partido que prepara seus líderes, que acredita na força política para transformação, um partido reformista, democrático, que tem serviço prestado. Eu participei das últimas reuniões do partido e me senti motivado, senti que há espaço para mudanças positivas.

Schettini: As eleições do ano passado pegaram os partidos de surpresa. Este efeito ocorreu por quê?

Antídio Lunelli: Foram três, quatro anos em que a corrupção não saia das manchetes. Todo dia era um escândalo. Ninguém mais sabia separar o joio do trigo. A situação chegou a um momento em que Jair Bolsonaro se tornou a única aposta viável, eu fui um dos primeiros a fazer campanha para ele. A economia ia mal, o desemprego batia recordes, a desconfiança aumentava dia a dia. A revolta da sociedade ultrapassou todos os limites e o país saiu da extrema esquerda para a extrema direita, porque o PSL é o PT da direita. E nesse cenário conturbado, de polarização, os candidatos do PSL surfaram bem a onda, se aproveitaram da desesperança que estava instalada e se colocaram como os salvadores. Muitos eleitores votaram 17 sem sequer conhecer o passado dos candidatos. Eu vejo isso como extremamente arriscado.

Schettini: O senhor vê fenômenos como este nas municipais do ano que vem?

Antídio Lunelli: Penso que o eleitor não pode cair em armadilhas. Pessoas corruptas, infelizmente, existem em todos os partidos como vimos com os escândalos das candidaturas laranjas do PSL, prisão de assessores, os funcionários fantasmas, etc... Simplificar a decisão não é bom, não é inteligente. Os partidos e os candidatos devem ser avaliados pelas suas propostas, pelo seu histórico de serviços prestados não pelo blá, blá, blá, por frases de efeito. Oportunistas, demagogos, gente que nunca fez nada pela sociedade, que nunca produziu, vão tentar tirar proveito esperando que uma nova onda chegue em 2020. Tem gente que passa o dia inteiro na rede social criticando quem trabalha para tentar aparecer. Mas o eleitor amadureceu. O lado bom de tudo o que o país sofreu é que a sociedade aprendeu que a política é importante. Acompanhar de verdade é importante. Participar é importante, assim como saber escolher. Para o Executivo, ou seja, para os cargos de prefeito, governador e presidente, a escolha é lógica, além de analisar o passado do candidato, é preciso saber o que ele entende de gestão, o que ele administrou na vida, o que liderou. Gente mal preparada, que não entende de administração, de finanças, traz um risco muito grande. Olha o Brasil, analise as contas públicas, Estados e municípios parcelando salário de servidores, dando calote em fornecedores, gerando o caos. O que eu espero sinceramente é que o eleitor faça escolhas racionais, baseadas em resultados.

Schettini: A economia forte de Jaraguá do Sul é significativa pelo setor privado, público ou a união destes?

Antídio Lunelli: É uma junção de fatores. O espírito empreendedor, de buscar mudanças, crescimento e inovação e também o senso de pertencimento, de se preocupar com o outro, de querer a cidade bem, de participar ativamente das discussões, das decisões. A educação de qualidade é outro fator fundamental. Nossos empresários têm consciência de que tudo está ligado, é uma engrenagem. Não tem como um trabalhador ter bom desempenho se ele não tiver segurança, saúde, qualidade de vida, tranquilidade em saber que os filhos estão bem, saber que se precisar vai ter hospital de qualidade. Então a parceria entre poder público e privado é fundamental.

Schettini: O que a aprovação da Reforma da Previdência pode impulsionar o emprego e a renda?

Antídio Lunelli: A previsão de uma economia de mais de R$ 750 bilhões em dez anos, - esse cálculo muda conforme as alterações feitas no projeto- , traz alívio, a gente sabe que a reforma era necessária e urgente, já que o caixa da Previdência está quebrado e o Brasil está envelhecendo rapidamente. Outro ponto fundamental é, ao final dela, igualar a aposentadoria dos servidores públicos a dos trabalhadores do setor privado. Me frustra que ainda exista defesa de privilégios de certas classes que compõem a casta e que o trabalhador comum, o assalariado, é quem vai pagar por isso. Esperamos e acreditamos que com a aprovação da reforma o sentimento de confiança no país aumente, os investimentos voltem a acontecer e assim novas vagas de emprego, melhores salários, enfim, que a roda volte a girar. O Brasil está pronto para voltar a crescer, tem tudo para ser a 3ª maior economia do mundo se o governo e o Congresso não atrapalharem.

Schettini: Nesta altura do seu governo, qual é a prioridade que precisa ganhar mais atenção?

Antídio Lunelli: Nosso governo dedicou o primeiro ano a arrumar a casa, mudar leis, se reestruturar economicamente, criar índices, sistemas de controle. Também modernizamos sistemas, desburocratizamos. Melhoramos nosso caixa. Agora estamos em uma nova fase, graças a todo esforço feito, algumas medidas amargas, mas necessárias. Para se ter uma ideia, este ano, até 30 junho, a Prefeitura de Jaraguá do Sul já contratou R$ 70 milhões em obras - fora o que está em processo de licitação, que temos muita coisa. Desse valor, R$ 20 milhões são de recursos próprios, dinheiro do nosso caixa. Sabe quanto a Prefeitura conseguiu investir do próprio caixa no primeiro semestre de 2017? Apenas R$ 225 mil. Veja a diferença: R$ 225 mil para R$ 20 milhões. Isso não é mágica, não é discurso, não é politicagem. É gestão. São recursos que estamos aplicando na melhoria de vida da nossa população. Em obras de infraestrutura, iluminação, tratamento de água e esgoto, tecnologia nas escolas, prevenção às cheias que inundavam nossa cidade, novos parques. Na área econômica, quando assumimos o governo, nossa classificação, utilizada para captação de financiamentos, era letra C, o que impede qualquer obtenção de crédito, - hoje é A. De ruas pavimentadas ou em licitação, a gente tem um total de 198, são mais de 86 quilômetros. Não completamos ainda nem o terceiro ano. Também graças ao nosso reequilíbrio financeiro, já contratamos cinco novos médicos nos últimos meses. Estamos com mutirão de cirurgias e consultas especializadas em andamento e também mutirão de consultas de pediatria aos sábados agora em julho. Ainda queremos melhorar mais, mas sem dúvida avançamos muito desde 2017. Então agora o que vamos buscar é ajustar o que ainda está precisando, acompanhar as obras para garantir qualidade e prazo e focar na qualidade dos serviços.

Schettini: A disputa do ano que vem não tem coligação na proporcional. Qual é a lógica para firmar uma coligação na majoritária?

Antídio Lunelli: Eu sou um crítico dessas junções de partido. Acho ótimo que as coligações na proporcional tenham acabado. Antes, o eleitor votava em um candidato a vereador e acabava ajudando a eleger outro que em nada lhe representava. Isso é estelionato eleitoral, enganação, prejudicial à democracia representativa. Também bato sempre na mesma tecla; não é possível esse número absurdo de partidos, são mais de 30 com registro e outros mais de 70 em processo de formação. Qual é a lógica disso? No máximo deveriam ser cinco partidos. Direita, Esquerda, Centro, Centro-Direita e Centro-Esquerda. Os partidos precisam ter um projeto definido. O eleitor ao votar precisa saber qual escolha está fazendo, como aquela sigla irá votar em determinados temas, etc... Hoje é só balcão de negócios, cargos, compra de voto com emenda, com propina. Na majoritária, a formação de aliança precisa seguir uma única lógica: afinidade de projeto, o resto é política velha.

Schettini: Sua reeleição é um projeto político para firmar o processo de 2022. Quais são os nomes do partido para a sucessão estadual?

Antídio Lunelli: Minha reeleição, se assim acontecer, é um projeto pessoal e de um grupo de pessoas que quer contribuir, deixar um legado. Construir um futuro melhor para nossos filhos e netos. Dar à administração pública uma visão mais eficiente, incentivar a meritocracia. Creio que hoje, com os resultados que alcançamos no nosso governo, podemos garantir que é possível fazer gestão pública eficiente, valorizar o dinheiro público, avançar e dar retorno para população dos impostos pagos. No campo estadual, temos muitos nomes preparados, o deputado federal Carlos Chiodini é um deles. O Carlinhos já tem uma trajetória impressionante, é um homem sério, digno, dedicado, inteligente, com capacidade de liderar pelo exemplo, conhece Santa Catarina como poucos. Ainda é cedo para falar em 2022, o que eu costumo dizer é que o caminho até lá se faz com trabalho sério e o resto é consequência.

Schettini: Como o senhor vê a relação entre Carlos Moisés e os prefeitos?

Antídio Lunelli: Não temos problema nenhum com o governador. Pelo que vejo até agora, Moisés está disposto a arrumar a casa. Acertou ao manter Paulo Eli na Secretaria da Fazenda, apertou os cintos, está revendo uma série de questões. Mas ele precisa percorrer o Estado, conversar com os prefeitos, conhecer de perto a realidade das regiões. Não dá para governar só sentado na cadeira.


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