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Vieses e consensos | Senado da República ou “puxadinho” da família Bolsonaro: do conto da “nova política” à projeção pífia do PIB!

Por: Ralf Zimmer Junior
22/07/2019 11:22

O Senado da República no Brasil alberga os representantes dos Estados no Parlamento, 3 para cada qual, com mandato de 8 anos, ou seja, transpassando-se até mesmo o mandato do Presidente da República, que é de 4 anos, o que nos deveria fazer crer se tratar de o local mais independente para um parlamentar exercer seu mandato de acordo com os ditames legais e morais mais elevados.

Fato é, no entanto, que não de hoje que o Senado, responsável dentre outros por sabatinar indicações do Presidente da República aos altos cargos dos Tribunais Superiores e das embaixadas, não tem passado no mais das vezes de mero “carimbador” de aludidas indicações.

Contudo, no início do corrente ano, embalados pelo “canto da sereia” chamado “nova política”, vimos uma luz no fim do túnel quando o Senado durante a eleição de seu presidente acenou modificar seu Regimento Interno - em linha com os anseios de transparência e moralidade almejados pela população – para que todas as votações passassem ser abertas, no intuito de vir a possibilitar os eleitores efetivamente poderem cobrar seus Senadores pelos seus votos, suas ações, que como diz o dito popular “valem mais que mil palavras”. Entretanto, anda em suspenso até então essa doce ilusão de efetivamente mais transparência. Não se tem notícias de alteração de precitado regimento. Moralidade mesmo, parece caminhar às calendas. E a “nova política”, ao que tudo indica, não passou de uma paixão de verão.

Como a moda agora são os Estados Unidos da América, vale lembrar que no início dos anos 90 quando Bush [Pai] indicou um jurista para o cargo de Ministro da Suprema Corte deles, uma simples alegação de uma ex-funcionária do indicado de que este havia lhe assediado sexualmente desbordou num debate público (e no Senado) por semanas, e após uma votação apertada (e aberta claro), nada obstante o indicado ter sido aceito por 52 votos a 48, o revide veio na eleição seguinte. A maior da história para as mulheres daquele País, que deram o troco nos homens no que diz respeito ao acesso a cadeiras no Parlamento.

Volvendo a terras tupiniquins, temos presenciado não o modelo Norte Americano de fazer política, mas algo mais próximo a autocracia que impera na Arábia Saudita e em outros regimes totalitários e medievais no ponto, eis que público e notório o fato de o Presidente Jair Bolsonaro diz estar determinado a nomear seu filho, o Deputado Eduardo Bolsonaro, para o cargo de embaixador do Brasil nos Estados Unidos. Isso na mesma semana em que o Ministro Dias Tofolli, presidente do STF, contrariando entendimento majoritário da própria Corte, concedeu liminar (com efeitos gerais) atendendo a pleito expresso, do também filho do presidente Bolsonaro, o Senador Flávio Bolsonaro, em procedimento criminal que é investigado por suposto delito de organização criminosa e lavagem de dinheiro. Decisão que acaso se torne definitiva irá ceifar poderes de investigação do Ministério Público e do COAF, causando verdadeiro refreamento, pasmem, no combate à corrupção (carro chefe do discurso dos Bolsonaro’s na eleição recente).

Não bastasse isso, o senador Jorginho Melo, conforme anunciado pelo programa ‘Bom dia SC’, da rede NSC, nesta sexta-feira, teria dito, a respeito da indicação de Eduardo Bolsonaro para a Embaixada do Brasil em Washington, “que o País tem coisa mais séria a se preocupar”.

Com todas as vênias ao nosso estimado e combativo Senador Barriga Verde, trata-se de coisa seríssima saber se temos um Senado da República que se paute pela moralidade e eficiência, e exija no mínimo comprovação de que o indicado tenha efetivamente fluência no inglês e experiência no trato de assuntos internacionais de adultos (requisitos que seguramente Eduardo não apresenta) – o que denota desrespeito na quinta potência a centenas de profissionais realmente habilitados alocados no Itamaraty (esses sim com meritocracia por serem talhados a esse tipo de cargo) - , ou se temos um Senado meramente a serviço das vontades preponderantemente pessoais e tresloucadas do Senhor Presidente da República.

Por essas e por outras trapalhadas, a projeção do PIB para esse ano caiu para mais da metade, fala-se agora, passado o “oba-oba” ilusório do conto da “nova política”, a alcançarmos, quando muito, um crescimento pífio de 0,6 em 2019. Isso se pararmos de cavar o fundo do poço e mantivermos efetivamente um Senado da República, e não um amontoado de esponsais a serviço exclusivo e subserviente da família Bolsonaro.

Com a palavra, nossos senadores Dário Berger, Esperidião Amin, Jorginho Melo e seus pares.


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