Por Hugo Paulo Gandolfi de Oliveira
Jornalista, professor universitário
Entre tantos fatos questionáveis, a propósito da situação carcerária no país, uma indicação oficial, feita pela presidente da mais alta Corte brasileira, o Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Carmen Lúcia, é estarrecedora, em vários sentidos: o custo médio mensal de um preso no Brasil é de R$ 2.400,00 (no Amazonas chega a R$ 4 mil). Já o custo anual de um estudante do ensino médio, ainda segundo a própria presidente do STF, é de R$ 2.200,00. Ou seja, R$ 183,33 por mês, uma diferença de 13 vezes em relação ao custo de um preso.
Agora vamos ver o outro lado, terrível: o custo que há quanto ao reduzido investimento na educação, em termos de futuro, para a formação de cidadãos e profissionais, e para o próprio desenvolvimento do país como uma nação que seja séria, altaneira, no contexto mundial. Pior ainda: se mesmo com a enorme diferença entre o que se investe na educação média e no sistema carcerário não existe a correção dos problemas existentes nas prisões, e o nível educacional cresce pobremente, o que se pode esperar no fechamento da conta educação x delinquência? A continuar como está, muito pouco, lamentavelmente. Possivelmente, pela indolência e absoluta incompetência de governantes de todos os poderes - Executivo, Legislativo e Judiciário - o Brasil continuará a investir mais nas prisões e menos em educar o jovem.
Assim, este continuará a ser “o país do futuro”, que já vem o sendo há quase 100 anos. Pobre país, onde se discute a reforma do sistema prisional somente quando há chacinas, mas não se debatem sempre os altíssimos índices de homicídios e de violência doméstica, o crescente tráfico de drogas, a infraestrutura caótica, a chacina no trânsito e a saúde enferma, entre outros problemas gravíssimos que o brasileiro enfrenta no cotidiano.
Pobre país que não trata, permanentemente, sobre a melhoria da educação como política de Estado, tal como fizeram países como a Coreia do Sul e outros tigres asiáticos. Eram países paupérrimos, estavam sob guerra, há 30/40 anos atrás, e hoje estão muito além - em educação e tecnologia -, deste Brasil de misérias, sem educação qualificada, sem tecnologia de ponta e sem vergonha na cara diante do que o cidadão precisa e perante o estrato internacional das nações desenvolvidas.
Rua São João, 72-D, Centro
AV. Plínio Arlindo de Nês, 1105, Sala, 202, Centro