Liderança fortalecida dentro MDB, o deputado estadual Fernando Krelling concedeu entrevista exclusiva ao jornalista Marcos Schettini e falou das conquistas e dificuldades da maior cidade de Santa Catarina. O parlamentar, que lembrou de sua passagem pela Câmara de Vereadores e Secretaria de Esportes, agora se diz focado na Alesc e nos estudos para as eleições de 2020. Reconheceu que o prefeito Udo Döhler (MDB) vê seu nome como principal liderança para a sucessão municipal, mas é cauteloso e garante que as discussões dentro da sigla continuam. Confira:
Marcos Schettini: Quais são as maiores dificuldades vividas pelo cidadão de Joinville?
Fernando Krelling: Joinville é maior cidade de Santa Catarina, a terceira maior economia do Sul do País. Com isso também surgem dificuldades, problemas que toda cidade grande possui. Posso enumerar algumas dificuldades como aumento na criminalidade, nos problemas sociais, mobilidade urbana. Mas também é uma cidade cheia de oportunidades e boas opções, principalmente nas nossas indústrias e agora, mais recentemente, nos avanços tecnológicos.
Schettini: Quando se fala em infraestrutura, o que de fato é necessário para dimensionar o desafio do município?
Krelling: Passamos nos últimos anos um dos mais difíceis momentos de crise no país, afetando também o caixa da prefeitura. Com isso foi necessário fazer escolhas e Joinville optou em investir em duas pastas que é a Saúde e Educação. Foram feitos grandes investimentos na saúde primária, nas UBSF e também investimentos importantes no nosso Hospital Municipal São José. Além de conquistarmos números importantes na educação do município, tornando uma das melhores do Brasil. Mas agora chegou um momento de investir fortemente em infraestrutura, principalmente em pavimentação, sendo recape de ruas já pavimentadas e novos pavimentos (com drenagem e base) que também é um pedido grande, principalmente de quem mora em bairros distantes do Centro. Joinville assegurou R$ 162 milhões para serem investidos em pavimentação. Realmente é um grande desafio, mas já iniciaram em várias ruas e precisamos avançar cada vez mais na cidade nessa questão.
Schettini: Economia não funciona com burocratização?
Krelling: Realmente, a burocracia pública trava e, muitas vezes, engessa muita coisa. Investimentos e avanços, muitas vezes, demoram justamente por causa das questões burocráticas, desta forma atrapalhando o fomento da economia. A economia está reagindo, as pessoas estão se encorajando para importantes investimentos. Entendo que burocracia existe, para que as coisas não fujam do controle e se tornem de forma desordenada. Mas se estiver tudo em ordem, dentro da legalidade, não podemos deixar que a burocracia atrapalhe o crescimento ordenado e a pujança da economia.
Schettini: O prefeito Udo tem em Fernando Krelling o nome da sucessão de 2020. Qual é o seu desejo se isso for confirmado?
Krelling: Dentro do partido me tornei um dos nomes para a disputa da eleição majoritária em 2020. Isso se deu pelos resultados e números importantes de votos recebidos nas últimas eleições. Não sei te responder se essa era a ideia ou o projeto do prefeito Udo, pois até então existiam outros nomes próximos ao prefeito com o desejo de disputar a prefeitura. Mas uma coisa que nunca fiz foi parar de trabalhar, então com a disposição que sempre tive, sem forçar nada e apenas trabalhando, comecei a conquistar um importante espaço nesse cenário. Com isso me coloquei à disposição do partido para a majoritária. Tenho me preparado, estudando muito, me especializei em gestão pública e se vier o desafio quero estar totalmente preparado e capacitado.
Schettini: A oposição cobrou do prefeito informações que ele negou. O que é transparência pública?
Krelling: Realmente o momento político em Joinville está acalorado. Existem vereadores que eram, até poucos dias atrás, situação ao governo e logo depois das eleições 2018 se tornaram oposição. Acho que todos têm o direito de cobrar e ter oposição é algo sadio. O que não pode ocorrer é usar apenas isso politicamente. Acho que transparência é necessário e importante, e a oposição está procurando os caminhos para ter as respostas. Durante os mais de 6 anos de gestão do prefeito Udo, uma das suas maiores qualidades é a retidão e honestidade.
Schettini: Sendo a maior cidade de SC, qual é o exemplo que Joinville dá para o Estado?
Krelling: Joinville é a maior economia deste Estado, tem grandes exemplos em diversas áreas e também na administração. Uma cidade que suportou a crise, em 2013 era nível C em avaliação de crédito, não conseguia comprar um prego, tinha uma dívida de praticamente R$ 300 milhões e estava prestes a quebrar. E hoje se tornou uma cidade Triplo A na avaliação de crédito, pagou todos os fornecedores do passado, fez avanços importantes, levou a educação municipal ao topo no Sul do País, tem um hospital mantido pelo município que é referência em diversas áreas. Com certeza se torna um exemplo para o Estado. Ainda faltam avanços na infraestrutura, que a partir de agora começam também a se resolver. Além disso, temos o exemplo de um povo ordeiro, trabalhador que acorda muito cedo e dorme muito tarde, abastecendo as linhas das nossas indústrias e da economia de Santa Catarina.
Schettini: A saída de LHS deixou uma vaga em aberto. Por que não há um substituto?
Krelling: LHS foi uma grande referência para as pessoas que o apoiavam e também para aqueles que eram contra ele. Realmente se tornou o maior político de Santa Catarina. A questão de preparar um substituto precisa ser feita com cautela, paciência. Talvez no turbilhão que LHS vivia, a correria do dia a dia, isso foi ficando para mais tarde e acabou não acontecendo. Logicamente alguém precisa tomar esse espaço dentro da política de SC e também no partido. Já existem alguns nomes surgindo, mas logicamente tudo ao seu tempo.
Schettini: O MDB teve um amargo 2018 na majoritária. Quem foi que errou para este tropeço conhecido?
Krelling: Não posso dizer que o tropeço foi erro. O MDB estava bastante tempo no poder em SC, e naturalmente isso acaba desgastando. Foi uma eleição que a população queria algo diferente, também embalado por uma onda nacional enorme e a mudança aconteceu.
Schettini: Udo Döhler não participou na campanha do Mauro Mariani. Ressentimento do passado?
Krelling: Udo Döhler participou da campanha do Mauro, esteve em caminhadas, fez importantes visitas com o Mauro. Talvez se Udo tivesse descompatibilizado poderia ter sido o candidato do MDB. A convenção iria decidir.
Schettini: Seu trabalho na Alesc pode parar na eleição para prefeito. O que vai dizer ao eleitor?
Krelling: Tive momentos importantes trabalhando em Joinville. Como secretário de Esportes, fizemos uma gestão grandiosa na cidade, com grandes resultados e avanços significativos na pasta. Tive a oportunidade de presidir o Legislativo municipal, onde também fizemos uma gestão focada na economicidade, honestidade e retidão. Veio a oportunidade de ser candidato a deputado estadual, tive quase 37 mil votos somente em Joinville, dos quase 45 mil votos no total. Então acredito que a população entenderá que estarei voltando com a real preocupação com a cidade que nasci, cresci e vivo. Mas vivemos em um país da democracia e todos terão o direito de fazer suas escolhas. O que meu eleitor sabe é que por onde passei sempre fiz o meu melhor e não seria diferente no Executivo da nossa cidade.Rua São João, 72-D, Centro
AV. Plínio Arlindo de Nês, 1105, Sala, 202, Centro