Presidente do MDB/SC e deputado federal no quarto mandato, Celso Maldaner concedeu entrevista exclusiva ao jornalista Marcos Schettini. Organizando a sigla para as eleições municipais, o parlamentar defendeu o legado das lideranças ulyssistas e diz acreditar na renovação do partido em nível nacional, com a eleição de Baleia Rossi neste final de semana. Ainda, enalteceu Dário Berger e a gestão de Paulo Eli na Fazenda, minimizando os resultados eleitorais de 2018. Confira:
Marcos Schettini: Qual MDB saiu das urnas de 2018?
Celso Maldaner: Um partido com uma imagem arranhada, principalmente pelas denúncias de corrupção de algumas lideranças em nível nacional e pela insatisfação manifestada pelo eleitor com expectativa de mudança com Bolsonaro. Apesar de o MDB assumir o governo após o impeachment da Dilma com 5,8% do PIB negativo e entregar em dezembro de 2018 com 1,1% positivo, o desgaste se manteve. O preço pago no Estado se deve a esse desgaste nacional, apesar de termos a maior bancada de deputados estaduais do MDB do Brasil em proporção populacional.
Schettini: O partido ultrapassou as 100 prefeituras. O que isso significa para os desafios de 2020?
Maldaner: Ninguém tem o capital humano e social que o MDB catarinense tem. Nossa meta é eleger 120 prefeitos em 2020 e estamos trabalhando para isso, resgatando a história limpa, de trabalho e de organização que o partido sempre teve, a exemplo de nossos grandes líderes Pedro Ivo Campos, Casildo Maldaner, Paulo Afonso Vieira, Eduardo Pinho Moreira, além de Luiz Henrique da Silveira, que levou, através da descentralização, acesso asfaltado a 53 municípios catarinenses. Praticamente em todos os municípios o MDB tem uma história de realizações por meio dos nossos prefeitos e vereadores, e é isso que precisamos mostrar à população de uma forma clara e justa.
Schettini: Por que o ex-presidente Mauro Mariani abandonou a vida pública tão jovem?
Maldaner: Em um primeiro momento ele ficou decepcionado, pois pagou um preço muito alto pela situação nacional. Acredito que Mauro agora está usando seu potencial para os negócios da família, mas com certeza terá representatividade por meio de sua esposa, Cynthia Camargo, futura candidata a deputada em 2022.
Schettini: A aproximação do MDB com o governador Carlos Moisés é real ou fictícia?
Maldaner: O governador Moisés teve um alto grau de racionalidade ao escolher alguns quadros do MDB que prestam um bom trabalho em favor de SC, principalmente junto às finanças do Estado e na Segurança Pública. Essa escolha nada tem a ver com uma suposta participação do MDB no governo, pois tanto a bancada estadual quanto a federal sempre darão respaldo na Assembleia Legislativa ou no Congresso Nacional ao que trará benefícios para SC. Somos um partido de centro, com uma postura independente, pautando e votando projetos e ações que contribuam com o bem-estar dos catarinenses e dos brasileiros.
Schettini: Qual participação Paulo Eli tem nos passos positivos do governador em relação ao Tesouro?
Maldaner: Paulo Eli é um bom gestor, conhecedor do assunto. Acredito que o passo principal aconteceu quando, a pedido de Moisés, Eduardo Pinho Moreira cancelou os incentivos fiscais para dar total liberdade ao novo governo. Em função desta atitude, SC deve ter um incremento anual de R$ 2 bilhões na receita a partir de 2020.
Schettini: A estratégia do partido para as coligações municipais inclui o PT e PSL?
Maldaner: O MDB é um partido de centro e será o grande protagonista nas eleições de 2020, dentro do regime democrático, dos partidos que valorizam a democracia, a inclusão social, a responsabilidade fiscal. Estamos abertos para receber apoio e composições.
Schettini: O MDB nacional está apostando no trabalho do deputado Baleia Rossi. É o nome para 2022?
Maldaner: Sim, um MDB totalmente renovado, com gente nova, novas ideias e transparência total. Teremos um grande trabalho pela frente com nosso MDB em nível nacional. Para contribuir com isso, nosso jovem deputado Carlos Chiodini – de 36 anos – vai representar Santa Catarina na Executiva Nacional como segundo vice-presidente.
Schettini: Quais são os nomes para as principais cidades de SC no processo do ano que vem?
Maldaner: O MDB catarinense conta com quadros excelentes e preparados para disputar e ganhar em todas as esferas da administração pública. Neste momento, por exemplo, para a Prefeitura de Joinville podemos apontar o deputado estadual Fernando Krelling, o vereador mais votado na história da cidade e secretário-geral da executiva estadual do MDB. Em Jaraguá do Sul, temos o prefeito Antídio Lunelli, pré-candidato a reeleição e segundo vice-presidente do MDB-SC. Em Itajaí, Volnei Morastoni também é pré-candidato a reeleição. E assim estamos trabalhando e definindo as candidaturas em todos os municípios. Em decisão tomada pelo Diretório Estadual, lançaremos candidaturas próprias às prefeituras dos municípios catarinenses que terão propaganda eleitoral na TV, reafirmando o papel de protagonista que o partido sempre desempenhou nas eleições no Estado.
Schettini: Por que Dário Berger ignora eventos e movimentações do partido?
Maldaner: Nosso senador é uma grande estrela e uma boa reserva para 2022. Tem se destacado no Senado como relator do orçamento em 2018 e, agora, preside a Comissão de Educação, assunto de extrema importância na Casa. Além disso, Dário está levando usinas de asfalto a todas as regiões do Estado, valorizando as Associações de Municípios e consórcios, dentro do espírito da descentralização que é a marca do MDB, deixada pelo nosso líder Luiz Henrique.
Schettini: É certo afirmar que o senhor quer ser o nome da majoritária de 2022?
Maldaner: Na política, quem colocar vaidade pessoal acima dos interesses da comunidade, do partido, está flertando com o insucesso. O MDB tem vários quadros que orgulham o nosso partido, mas esse papo não existe agora. Minha disposição é fazer uma gestão com diálogo, transparência e muito trabalho para todos os filiados, gastando a sola do sapato, olhando olho no olho e ajudando a fortalecer o partido em cada município catarinense. Por isso, nossa prioridade são as eleições municipais do ano que vem. Elencamos um projeto eleitoral, com metas claras e objetivas e vamos nos empenhar para atingi-las em toda Santa Catarina. Quero pagar com gratidão e trabalho as oportunidades que esse partido me deu em 38 anos de filiação, sendo três vezes prefeito, secretário regional e atualmente estar no quarto mandato de deputado federal. Sou muito grato ao MDB.Rua São João, 72-D, Centro
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