O fim de uma vela
O PSL vive seu fim irreversível. Não há como impedir que o tropeço de um partido, nem um ano no poder, comece a ser corroído pelas denúncias de laranjal que atingiu o partido e passou a ser nocivo ao presidente da República se manter. Todos em 2018 queriam ser do partido que fez despreparados chegarem ao comando de Estados, serem eleitos federais, estaduais e senadores. A sigla, mais que uma coqueluche da época, foi como afirmavam na fila de votação, 17 de cima embaixo. E não respeitaram a história deste ou daquele e deram seu voto de confiança. Todas as coisas têm suas estações e os valores estão sujeito à moda, mesmo que seja vulgar. Neste caso, usando esporas, bateu firme nas costelas e deu velocidade à tolice. A idolatria tem força na estima, no dinheiro e no prazer e, assim, atinge a todos. E em eleição, saber quem caminha em qual delas, é a chave para o domínio alheio. Não coincidência, o partido que levou Carlos Moisés e uma penca de deputados estaduais, federais e senadores às cadeiras do Congresso e Assembleias, diz muito disso. Foi, como se sabe, uma onda. É como o elogio que o tempo faz esquecer e, consequentemente, corroer. Se ontem ser do PSL foi se vestir de Jair Bolsonaro, hoje é um pomar abandonado. Coisas da política. Foi acesa e, com o tempo, como tudo, vai se apagando. Quem sai vai esquecer, quem ficou não sabe o que falar. Melancólico para não dizer desastroso.
Então
Marco Tebaldi deixa o PSDB com várias iniciativas que havia tomado enquanto sua saúde permitiu. Correu o estado e criou várias células de trabalho que entendeu serem eficientes para trazer os tucanos ao protagonismo perdido com o resultado do ano passado.
Relação
Prefeito duas vezes, Marco Tebaldi foi uma voz forte contra Udo Döhler. O tucano não perdia uma só oportunidade para bater forte no ulyssista. Se a morte aproxima no silêncio, o sucessor de LHS levou consigo mais do que disse.
Respeitoso
Mesmo sendo atacado, Udo Döhler foi pela manhã de ontem no velório do desafeto, colocou sobre ele a bandeira de Joinville e, à tarde, na missa de corpo presente. Mostrou-se alto, sensível e humano. Atitude de nobre homem público.
Ela
Geovania de Sá, a partir de agora, tem o partido sob seu controle e vai, com ele em mãos, dar a luminosidade que precisa para imprimir seu projeto político. Se em 2018 acertou em fugir da majoritária, em 2022 é uma certeza se desenhar bem 2020.
Ele
Vai ser difícil encontrar um quadro com disposição partidária como a apresentada por Marcos Vieira. Deputado estadual que roda, como ninguém, o Estado, movimentou o PSDB em sua presidência. Se o partido sucumbiu, foram os tempos de tsunami.
Inço
Se 2018 colocou o PSDB em um liquidificador como também foi com os demais partidos, não foi o trabalho que o partido realizou que tomou a rasteira. O resultado foram tempos de gadanho afiado. O que tinha em pé, ceifou.
Desafios
A deputada federal de Criciúma terá que, agora, mostrar bem mais que apenas fé evangélica. Partido, ao contrário da Igreja, é a antessala dos interesses ao estilo Machiavel. O florentino era cérebro da alta cúpula da Santa Sé, mas seu amigo intelectual foi o opositor do bem.
Além
Se Geovania de Sá tem altura para presidir a Mesa da Câmara, tem igual competência para dirigir o partido em SC. Ela, mais que gentil e interessada, completa e mulher, também tem rodado o Estado. As tarefas não são presidir, mas produzir.
Produção
Ser presidente de um partido que tropeçou no mesmo efeito dominó que marcou 2018, não é constrangedor. A questão é reverter o quadro. Se o PSL caminha gago para 2020, com saída em massa do partido, todos ganham discurso.
Cedo
O PSL é como a fita de VHS que engasgou ao rebobinar. O locatário não sabe como tirar sem desmontar e, pior, sem cortar. Sabia-se que o filme era ruim, embora com personagens bons. Agora que não pagou adiantado, vai ser difícil enganar o locador.
Locador
Jair Bolsonaro não precisa de partido para dominar o cenário. O partido é cítrico e ele já percebeu que todos, todos mesmos, Carlos Moisés que o diga, beberam de seu suor. Sair do PSL e ir para outra sigla, não tem nada a ver. Seu estilo vai junto.
Agradável
A chapa Jair Bolsonaro e Sergio Moro é a ideal para 2022. Ela, desde já, começa a ser construída. O ex-juiz, com rotas para fazer o que quiser, STF, vice ou até mesmo cabeça de chapa, é mais luz que o titular. Sem Mourão por perto.
Reversão
Hamilton Mourão chegou firme e, do nada, recolheu-se. Viu-se sem altura, embora general, para evitar bater continência ao subordinado. Como no futebol ao cobrar lateral, pisa na faixa e queima o lance. O capitão só observa a jogada perdida.
Concentradíssimo
Clésio Salvaro deu uma parada para ir ao sepultamento do amigo Marco Tebaldi e retoma o ritmo de trabalho que está imprimindo na prefeitura. Sabe que a oposição está se armando. Se for mesmo o nome da reeleição, não tem dormir no volante.
Pois
O prefeito de Criciúma não tem falado em reeleição. Apenas trabalhando, não sabe se vai ou não para a disputa. Isso tem incomodado seus adversários que, na certeza dele, a construção dos passos. Como isso não ocorre, caminham pelo tato.
Ela
Ana Campagnolo voltou de SP ainda mais afinada com o setor de extrema direita. Ao bater de frente com Carlos Moisés, deverá sair do PSL e acompanhar o presidente da República. Pode revelar muito sobre Lucas Esmeraldino, com quem é desafeta.
Socorro
A deputada é contra o feminismo e todos tentáculos que estão imediatamente ligados. Ela é do apostolado de Olavo de Carvalho, aquele expressivo cérebro que afirma que a terra é plana. Mestre e aluna. Fica ao leitor tirar conclusões.
Sideral
Imagina-se a deputada estadual em uma aula com seu mestre, escutando que é tudo mentira o que Neil Armstrong e Buzz Aldrin falaram ao olhar a terra. Não se espanta nada que saia de Campagnolo. O aluno é a cara do professor.
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