Empresário conhecido por apresentar o que existe de melhor no mundo turístico no Costão do Santinho, em Florianópolis, Fernando Marcondes de Mattos recebe o evento político mais importante dos últimos 19 anos para o resort localizado no Norte da Capital. Influente na política catarinense por mais de 30 anos, critica a falta de investimento estatal no turismo catarinense. Um dos maiores entusiastas da liberação de cassinos no Brasil, agora se diz focado nos negócios, inclusive em Chapecó.
Marcos Schettini: O Costão do Santinho é palco de um evento grandioso com sete governadores. O que significa isso para SC?
Fernando Marcondes de Mattos: Evento mais importante do que aconteceu em 2000, no Governo de Fernando Henrique Cardoso, quando sete presidentes da República estiveram aqui para discutir os destinos do Mercosul. Os governadores do Sul e Sudeste do Brasil se reunirão neste final de semana no Costão do Santinho. Estarão presentes: Eduardo Leite (Rio Grande do Sul), João Doria (São Paulo), Carlos Roberto Massa (Paraná), Renato Casagrande (Espírito Santo), Romeu Zema (Minas Gerais), Cláudio Castro (Rio de Janeiro) e nosso governador Carlos Moisés, como anfitrião. Desde o início do ano, esses governadores tomaram a iniciativa de produzir encontros de unificação de agendas e bandeiras comuns às regiões, tentando dar às suas reivindicações o peso político equivalente aos tamanhos de suas populações e economias. Até agora foram realizadas quatro reuniões do chamado Consórcio de Integração do Sul e Sudeste (Cosud), a 5ª Reunião escolheu como sede o Costão do Santinho Resort.
Schettini: O turismo é um caminho poderoso de desenvolvimento. Quais devem ser melhorados para atrair o turista?
Fernando Marcondes: O turismo responde por mais de 10% da economia catarinense e é o que gera mais empregos no Estado. A cadeia produtiva alcança mais de 50 atividades. O turismo, englobando toda a cadeia produtiva, gerou em 2018 mais de R$ 20 bilhões.
Schettini: Quem investe em turismo apenas em temporadas não comete um erro estratégico?
Fernando Marcondes: Sem dúvida. Como qualquer atividade econômica, sem plano estratégico é o mesmo que navegar sem bússola, especialmente nos dias de hoje em que a velocidade e a profundidade das mudanças são gigantescas.
Schettini: Não é o momento de liberar os cassinos no Brasil?
Fernando Marcondes: Claramente que sim. Se Estados Unidos, Argentina e muitos outros países têm, por que não o Brasil, tratando-se de uma atividade que vai gerar empregos, rendas e impulsionar o turismo?
Schettini: Quais os lugares do Estado comportariam um cassino ao modelo americano?
Fernando Marcondes: Especialmente Balneário Camboriú e Florianópolis. Mais para a frente, quem sabe no Oeste Catarinense.
Schettini: Resorts como o modelo Costão do Santinho tem atividade o ano todo. O que atrai o turista?
Fernando Marcondes: Serviços impecáveis e muitos atrativos, valorizando a natureza, e também a cultura local, como gastronomia, festas, músicas, artesanato, etc.
Schettini: O governador Carlos Moisés retirou a Secretaria de Turismo das pastas do Estado. O que o senhor vê nesta atitude?
Fernando Marcondes: Já defendi mais de uma vez a extinção da Secretaria de Cultura, Esporte e Turismo, porque mais gastava do que gerava renda para o Estado. Mas, ao mesmo tempo, defendi que as três áreas deveriam ficar ligadas diretamente ao governador, nas estruturas que existem hoje. São três áreas muito importantes na realidade catarinense e ao estágio de vida já alcançado pelo povo de Santa Catarina. Já não estamos mais correndo atrás de comida e buscamos agora atendimento da necessidade no topo da pirâmide humana.
Schettini: O senhor já viveu a vida pública. Por que não continuou?
Fernando Marcondes: Pendurei as chuteiras para cuidar das minhas empresas e de outros projetos que pretendo ainda realizar nos meus 10 últimos anos de vida, inclusive em Chapecó.
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