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ENTREVISTA

Os desafios da Acic nos seus 70 anos

Por: LÊ NOTÍCIAS
03/03/2017 13:53 - Atualizado em 03/03/2017 13:56
Presidente da Acic Josias Antônio Mascarello faz um balanço dos 70 anos da entidade Presidente da Acic Josias Antônio Mascarello faz um balanço dos 70 anos da entidade

A Associação Comercial e Industrial de Chapecó (Acic) completa sete décadas em 2017, mantendo absoluta fidelidade aos princípios de defesa da liberdade econômica, da democracia, da justiça social e dos interesses da coletividade. Nesta entrevista, o presidente Josias Antônio Mascarello faz um balanço desse período.

A Acic completa 70 anos de fundação no ano do centenário de Chapecó. Qual foi a efetiva contribuição da entidade com o desenvolvimento do município?

Josias Mascarello - O ano de 2017 reveste-se de uma importância muito grande para a Acic, pois foi em 10 de maio de 1947 que um pequeno grupo de empresários fundou a Associação Comercia e Industrial de Chapecó, tendo como seu primeiro presidente o engenheiro civil Serafim Enoss Bertaso. A entidade sempre foi e continuará sendo a indutora do desenvolvimento, estimulando a livre iniciativa e trabalhando como agente de mudanças, exercendo papel importante na sociedade, estando à frente de muitas bandeiras, necessárias para a continuidade do desenvolvimento e crescimento socioeconômico de Chapecó e região. A Associação Comercial e Industrial de Chapecó foi conduzida ao longo dos seus 70 anos por homens de coragem e muita fé que souberam manter em seu DNA o empreendedorismo, baseado na ética, na moral e no bom exemplo de seus fundadores.

Quais os atos que a Acic prepara para festejar seus 70 anos?

Mascarello - Estamos preparando um 2017 repleto de ações voltadas a esta especial e simbólica data, que marca uma trajetória de realizações, fundindo-se com a própria história de Chapecó. Nosso compromisso e responsabilidade, juntamente com a diretoria executiva, é de preparar a Acic para os próximos 70 anos. Entre as ações que estamos planejando e implantando citamos as que entendemos ser de maior relevância: criação da logomarca especial dos 70 anos; modernização da gestão incluindo novo layout da infraestrutura interna para melhor atender o associado; criação de mais três auditórios e modernização dos dois já existentes duplicando, assim, a oferta de cursos para os associados; modernização da revista Empresa Forte com uma edição especifica comemorativa aos 70 anos; modernização do site da entidade; criação de um aplicativo para geração de negócios e evento especial no dia do aniversário da entidade.

A Acic reúne todos os setores da economia – agropecuária, indústria, comércio e serviços. Como a Associação cumpre o desafio de representar os complexos interesses de todos esses segmentos?

Mascarello - É necessário acompanhar o desempenho de cada setor, ouvir os agentes econômicos, apurar as dificuldades de cada um, compreender como elas afetam a vida econômica das empresas, das famílias e das pessoas para, então, estabelecer as estratégias de ação. As posições e reivindicações da Acic devem ser muito bem fundamentadas com fatos e dados para que produzam os efeitos esperados.

Como o senhor definiria hoje os desafios do empresariado chapecoense? Quais os principais obstáculos ao crescimento das empresas?

Mascarello - Os desafios de todos nós, empresários chapecoenses, são praticamente os mesmos de toda a classe empresarial brasileira: a necessidade constante de se reinventar para fazer frente aos obstáculos produzidos por governos incompetentes, insensíveis e corruptos. Os principais obstáculos ao crescimento das empresas continuam os mesmos de muitas décadas. Entre eles, a carga tributária escandalosa que vem sufocando as empresas ano a ano, considerada a maior do mundo; a Legislação Trabalhista, absolutamente arcaica baseada em conceitos e leis da década de 50 onde aquele que produz, que gera renda, emprego e receita para o governo através dos impostos é sempre penalizado e muitas vezes taxado de explorador; e a burocracia, considerada a mãe da corrupção endêmica instalada no Brasil, principalmente nos órgãos públicos municipais, estaduais e federais.

Chapecó completa 100 anos como centro econômico de uma vasta região. Quais os desafios que o município enfrentará nos próximos 10 anos para manter essa condição de liderança no Sul do Brasil?

Mascarello - Entre tantos desafios a serem vencidos, destaco como o mais importante manter em Chapecó e região as cooperativas e as agroindústrias, pois representam a matriz econômica mais importante do nosso município e região. Para que isto aconteça, precisamos urgentemente melhorar nossa infraestrutura, tal como rodovias (BR-282), ferrovias norte-sul, leste-oeste, portos e aeroportos, além da questão da energia elétrica e a problemática da água. Precisamos também fortalecer as novas matrizes econômicas já estabelecidas como o parque tecnológico, juntamente com as universidades responsáveis pela difusão do conhecimento, da ciência e da tecnologia. Paralelamente a isto, faz-se necessário o reaquecimento dos setores da construção civil, moveleiro e metalmecânico. Isso se fará por meio de linhas de crédito a juros mais decentes e suportáveis.

Até quando o Brasil continuará sendo um País de excesso de burocracia, carga tributária exagerada, excesso de regulamentação etc? Enfim, um País que não estimula o empreendedorismo e o investimento produtivo, como têm frequentemente reclamado as entidades empresariais?

Mascarello - Essa é a questão: até quando? Ouvimos, sentimos e convivemos no nosso dia a dia com a classe empresarial, profissionais liberais, prestadores de serviço, cooperativas, sindicatos, associações, enfim, com todos que produzem gerando emprego e renda para o País; unânimes em uma só voz, quase que um hino, pedindo, suplicando aos nossos políticos as reformas indispensáveis para estimular o empreendedorismo e o investimento produtivo. E é justamente por não conseguir responder essa indagação que as entidades empresariais vivem um momento de inquietude e angústia.

A reforma trabalhista proposta pelo governo reduzirá o nível de insegurança das empresas em relação ao passivo trabalhista e a eterna ameaça de demandas na Justiça do Trabalho?

Mascarello - Certamente a reforma trabalhista vem ao encontro de todos que produzem alguma coisa neste País. Criou-se no Brasil a indústria das reclamatórias trabalhistas dando-nos o título de campeões mundiais nesse quesito. Como consequência desse prêmio, milhares de empresas fecham suas portas anualmente por não suportarem mais o absurdo de tais demandas e, como consequência direta, o desemprego em massa, a estagnação da produção, a redução da arrecadação, enfim, o caos. Há, porém, uma pequena luz no fim do túnel. O governo do presidente Michel Temer está sinalizando a possibilidade dessa reforma. Resta-nos ainda uma esperança.

De que forma esses dois anos de crise política e econômica afetaram o desenvolvimento de Chapecó?

Mascarello - Eu diria que a crise política foi ocasionada pela incompetência total e absoluta de gestão, potencializada pela corrupção disseminada em todos os escalões do governo. Foi, em síntese, o fator decisivo para desencadear a pior crise econômica de todo o período da república. Naturalmente, afetou também o desenvolvimento da cidade de Chapecó com adiamento de investimentos e/ou cancelamento de projetos.

O agronegócio continua sendo o escudo protetivo de Chapecó contra as crises ou a diversificação da matriz econômica reduziu a importância relativa do setor primário da economia?

Mascarello - Não temos nenhuma dúvida que o agronegócio continua sendo este escudo de proteção contra a crise econômica, não apenas para Chapecó, mas para o Brasil como um todo. Há décadas essa matriz econômica vem mostrando sua força e vigor através dos resultados positivos, haja vista esses dois últimos anos em que o Brasil amargou um PIB negativo de -3,8% em 2015 e deverá ficar em -3,5% em 2016, enquanto o setor do agronegócio manteve-se positivo. Somente em 2016 o saldo da balança comercial do agronegócio apresentou um superávit de US$ 71,3 bilhões. Por outro lado, percebemos claramente alguns outros setores fortalecendo-se a cada ano em Chapecó, proporcionando a consolidação de novas matrizes econômicas tais como as universidades, o parque tecnológico, as feiras de negócios, eventos culturais e agora a nossa mais recente matriz econômica: o futebol por meio da nossa Chape. As novas matrizes econômicas não mudam a importância do setor primário da economia, mas, ao contrário, vem ao encontro do progresso e desenvolvimento de Chapecó e região.

Qual sua “taxa de confiança e de otimismo” como líder empresarial, empreendedor e chapecoense em relação à Chapecó, SC e o Brasil? Alta, baixa, por quê?

Mascarello - Nossa expectativa com relação ao crescimento econômico nacional e, consequentemente, ao nível de confiança é moderado a baixo porque dependemos da implementação das reformas estruturantes por parte do Congresso Nacional. E elas levarão ainda um certo tempo para serem realizadas. Em relação ao Estado de Santa Catarina e a Chapecó, nossa confiança e otimismo aumentam consideravelmente, pois tanto o Governo do Estado quanto o governo municipal estão fazendo sua parte com relação ao controle do custeio da máquina pública. Alia-se a isso a característica empreendedora dos nossos empresários.



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