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Editorial | A sombra e a escuridão

Por: LÊ NOTÍCIAS
05/11/2019 15:59

Quando foi questionado sobre o atual momento da América Latina, o que o filho do presidente da República afirmou sobre o AI-5, não é apenas uma manifestação isolada. O rapaz, motivado em casa, utilizando do que aprendeu em sua vida ao lado do então capitão e deputado federal, apenas externou o que vê e ouve no seu dia a dia.

Quando se quer dizer algo afirmando como foi no episódio, sabe-se que ele, o agora líder da bancada, não se importa com o que os outros vão pensar. Ele apenas fala e pronto.

É verdade que o pai repreendeu, mas não é de hoje que Eduardo Bolsonaro abre a boca e manifesta aquilo que acredita. Um tempo atrás, ainda na época da campanha, chegou a dizer que para fechar o STF bastava um soldado e um cabo. Como que rindo da fragilidade daquele poder que, para ele, não precisa de maior força para impedir a abertura de seus trabalhos, ou seja, fechar.

Mas a sua ideia de dizer que o Supremo pode ser fechado conforme a vontade de seus interesses, deixou o Brasil assustado. Por quê? Devido a forma como é dito e, pior, sem qualquer receio de sofrer sanções do que argumenta. À medida que disse que o país pode marchar em um novo AI-5, o deputado federal falou sem medir as consequências porque sabe que, se os militares desejarem, isso vai ocorrer.

O presidente da República disse que isso é um sonho. Sonho? Como assim sonho? Sonho é o início de uma realidade quando, buscado, se concretiza.

O Congresso Nacional, bem mais que ninguém, sabe o que é ter um Legislativo fechado, mudo, engessado, que não tem como falar porque, em “recesso”, como dizia-se no final dos anos 60, não vive-se em uma democracia.

Eduardo Bolsonaro sabe que os ataques que tem feito à imprensa, jogando tudo e todos contra os veículos de comunicação, é apenas um teste para medir altura da posição que defende. Conforme for o eco na sociedade, pode tirar conclusões do que deseja para o país.

Uma certeza se pode tirar deste episódio que ganhou a opinião pública do Brasil. Se ele assim defender, terá que passar por muitas coisas para consolidar seus feitos.

O modo de cima para baixo que dita os rumos das coisas, fazer as pessoas engolir o que lhe interessa, é perigoso. O poder transforma pessoas em ruins ou pior. Se os pedidos de desculpas buscaram expressar o que ele no fundo deseja, algo ruim está por acontecer no Brasil.

E as instituições devem, todas, impedir que isso de fato venha a ocorrer. Se a democracia escolheu este modelo para ver o que o efeito desta busca, então não há mais o que fazer. Mesmo que todos estejam vivendo a democracia, está de fato caminhando-se para outros rumos. Infelizmente.

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