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A fé de fevereiro

Por: Luiz Dalla Libera
07/03/2017 14:26 - Atualizado em 07/03/2017 14:26
(Foto: Felipe Giachini/Arquivo/LÊ) (Foto: Felipe Giachini/Arquivo/LÊ)

Fevereiro, além de ser o mês mais curto do ano - e também daquele provérbio que dizem que “trabalham o ano inteiro para gastar tudo no Carnaval” – tem datas importantes, em especial as histórias antigas de Xaxim, que são verdadeiras relíquias: dia dois, por exemplo, foi o dia em honra a Nossa Senhora dos Navegantes, protetora dos que fazem trabalhos fluviais. No início do progresso de Xaxim, uma das economias era a extração e a exportação da madeira cerrada em bitola, grossa, bruta ou em toras. Vendiam para a Argentina e eram transportadas em balsas no Rio Uruguai; Já o dia três foi o dia de São Braz, santo protetor dos males da garganta e daqueles que precisam ter voz ativa em trabalhos profissionais e/ou sociais; e também, o dia 11 foi o de Nossa Senhora de Lourdes, cujo nome nasceu do conjunto dos milagres e das aparições de Maria em Londres, quando ela apareceu à Bernadete - menina pobre e humilde que sofria de asma e morava em um porão impróprio, úmido e muito frio.

Datas religiosas de Xaxim

Uma das datas muito importantes para o povo de Xaxim é e sempre será o dia 20 de fevereiro, o dia do aniversário. Neste ano a cidade completou 63 anos de emancipação política.

Não que as minhas colunas, crônicas e narrativas, se tornem uma gravação, repetição, réplica ou tréplica. Na última data de aniversário escrevi sobre as velhas e belas histórias dos pioneiros, colonizadores, da expansão e área de emancipação e das datas, etc. neste aniversário quero dedicar sobre o poema do catolicismo antigo de Xaxim.

Dia 25 de fevereiro completou 57 anos da morte do inesquecível servo de Deus, Frei Bruno Linden. Apesar de ter morrido e sido sepultado em Joaçaba, permaneceu em Xaxim o dobro do tempo e trabalhou como vigário na construção da Igreja Matriz. Em Joaçaba foi para um retiro de descanso. Lá ele viveu apenas cinco anos, cinco meses e 18 dias. Aqui em Xaxim viveu quase o dobro do tempo, de 1945 a 1955.

A Paróquia de Xaxim é a quarta Paróquia da Diocese. É a primeira criada da Prelazia de Palmas. Digo em tempo, a terceira da Diocese é a Santo Antônio, de Chapecó, mas esta não foi oficializada da Prelazia de Palmas, pois pertencia a Jurisdição de Lages.

No dia nove de dezembro de 1933, o Papa Pio XI criou a Prelazia de Palmas e a Paróquia de Chapecó, que passou a ser independente de Palmas em 25 de julho de 1940, apenas quatro meses antes da de Xaxim, que ainda era aquela antiga igrejinha de madeira.

Não consta em atas que em 1946 deu-se a iniciativa da construção da Igreja Matriz e o vigário era o saudoso Frei Bruno. Ele não era um grande pregador ou orador, mas um perdoador e conciliador nas horas mais difíceis da vida. Ele amava muito a ecologia e a natureza, como por exemplo, o café da manhã dele era o chá de pata de vaca acompanhado com pão e mel.

Certo dia ele chegou em nossa casa a fim de benzê-la e foi recepcionado pela mãe. Anexo existia um poço caseiro com um coberto a fim de puxar a água de forma braçal e se proteger da chuva. Ainda hoje o meu irmão utiliza água daquele poço. Esse poço era rodeado de muitas flores vivas. Ao ver o poço ele disse à mãe: “la gruta dela mama dil Chielo” (era a gruta da mãe do Céu). Ele ainda aconselhou os pais a não dar bebidas alcoolicas “al bambini” (às crianças).

Li vários livros de histórias católicas de Xaxim. Encontrei o dia e a hora da morte dele. A notícia se espalhou em Xaxim, mas não encontrei como foi a saída dele da cidade - já que ele faleceu em Joaçaba -, mas de acordo com minha memória antiga, tenho toda absoluta certeza que foi no ano de 1955, dia 6 para 7 de setembro. Anoiteceu, mas o Frei Bruno não amanheceu em Xaxim. Não sei a hora que ele saiu, mas eu era estudante no Colégio Gomes Carneiro e, como naquela época eram todos católicos, houve missa pela passagem do Dia Cívico. O padre celebrante Frei Gonçalo e foi ele que anunciou a notícia da saída de Frei Bruno. Aquele dia o tempo era de chuva, mas não choveu, o que choveu foi muitas lágrimas de fieis ao saber da notícia.

Catolicismo de Xaxim

Dia 21 de novembro de 1940 foi criada a Paróquia, com os padres efetivos que atendiam os Distritos, hoje municípios, e Paróquias de Xanxerê, São Domingos, São Lourenço do Oeste, Quilombo, Faxinal dos Guedes, Vargeão e parte de Abelardo Luz. Eles andavam em lombo de mulas e o Frei Bruno ia à pé; em 22 de dezembro de 1946 teve primeira ata para a construção da Igreja Matriz de Xaxim. Frei Bruno era o vigário. Já no ano seguinte, em 1947 foi lançada a Pedra Fundamental da Matriz; no dia 6 de janeiro de 1951 foi a inauguração da Igreja Matriz com grande festa; já em 1ª de maio de 1951 aconteceu o jubileu de outro de Frei Bruno.

A escolha do Padroeiro foi porque os pioneiros de Xaxim eram casais novos e São Luiz Gonzaga morreu novo, por isso ele é considerado patrono da juventude. A segunda padroeira foi Nossa Senhora da Saúde. Isso porque as famílias pioneiras de Xaxim eram tomadas por muitas doenças. Os hospitais eram muito distantes e não havia meios de transporte. Faziam só remédios caseiros, bênçãos e benzimentos. Eram pessoas de grande fé em Deus e pelo envolvimento com a saúde dos doentes escolheram Nossa Senhora como segunda padroeira.


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