Com um currículo à altura do comprometimento público, Vinicius Lummertz é formado em Ciências Políticas pela American University of Paris e pós-graduado pela Kennedy School, da Harvard University, e pelo International Institute for Management Development (IMD), em Lausanne, na Suíça. Poliglota, Lummertz foi ministro do Turismo no Governo Temer e hoje comanda a Secretaria de Turismo do Estado de São Paulo. Próximo ao governador João Doria, anunciou filiação no PSDB e poderá disputar as eleições em 2020. Em entrevista exclusiva ao jornalista Marcos Schettini, o tucano falou sobre as necessidades turísticas do Brasil, defendeu a legalização dos cassinos e se diz amigo de Gelson Merisio há 30 anos.
Marcos Schettini: Há tempos o senhor é chamado para o desafio das urnas. Por que abraçou o desafio?
Vinicius Lummertz: Se você se refere a eleição para prefeito na Capital, de fato houve sondagens e até convites, como também em Blumenau. É evidente que são chamados importantes para disputas que me fazem feliz ao ser lembrado. De coração, aceitaria, porém, meu trabalho aqui em São Paulo é um compromisso assumido que neste momento me afasta de eleições.
Schettini: Florianópolis é um ambiente de investimentos plenos no turismo. O que é preciso avançar?
Lummertz: Melhorou com a chegada do novo aeroporto que de alguma forma acordou as pessoas para uma nova percepção. De fato, a cidade precisa de novidades, pois tanto o Costão, Jurerê Internacional, o CIC, o Centro de Convenções, os shoppings, já estão consolidados. Veja que a Arena Petry acabou acontecendo fora da ilha. Mas o dinamismo poderá voltar com a marina da Beira-Mar, novos hotéis, e com os setores de tecnologia e serviços e natureza. A cidade parece estar amadurecendo para estes potenciais e oportunidades também como fórmula para diminuir a desigualdade social.
Schettini: O governador Carlos Moisés extinguiu a Secretaria de Turismo. Foi um pulo negativo ou positivo?
Lummertz: Depende. Em geral, dedicar estruturas públicas tem correlação com a importância que se quer dar e demonstrar sobre algum tema. Mas, é possível trabalhar com uma Santur fortalecida tecnicamente, com orçamento e boa relação com o trade do turismo.
Schettini: Há uma grande discussão sobre a liberação dos cassinos no Brasil. Qual sua opinião?
Lummertz: A favor em resorts integrados com investimentos bilionários em infraestrutura para eventos, congressos, hotelaria. Estive recentemente em Macau como conferencista a convite do Fórum de Turismo da China, Getef. Lá estes empreendimentos valem 3 ou 4 bilhões de dólares, tem megacentros de eventos, coleções de arte de 150 milhões de dólares, shows de montagens de 200 milhões de dólares.
Schettini: O dólar alto espanta investidores e turistas. O que está certo ou errado nisso?
Lummertz: O que espanta o turismo é o custo Brasil, a burocracia e a insegurança jurídica. O Brasil tem o maior potencial do mundo para o desenvolvimento, mas tem um dos 3 ou 4 piores ambientes de negócio do planeta. Santa Catarina e Florianópolis, neste quadro, é pior ainda, mas está melhorando.
Schettini: O senhor e João Batista Nunes, atual vice-prefeito de Florianópolis, são do PSDB. Como vai ser a relação?
Lummertz: O João é meu amigo. Se elegeu vereador na eleição que corremos juntos - eu a prefeito em 1996. Desde lá viramos amigos. Tem me visitado em São Paulo.
Schettini: Quais os partidos que o senhor vai sentar para conversar a partir de agora?
Lummertz: Não vou tratar questões partidárias. Estou trabalhando pelo turismo em São Paulo e já batemos este ano todos os recordes de crescimento. Eu me apaixono pelas minhas missões. Quero liderar, fazer, entregar, realizar.
Schettini: A entrada de Gelson Merisio no ninho tucano tem qual objetivo político?
Lummertz: Ele veio para somar, contribuir. Sabe construir partido. É meu amigo de trinta anos. Conheço-o bem, se puder ser candidato será, senão construirá alternativas, mas quer trabalho, protagonismo e resultado. Com a Geovania, jovem, mulher, à frente e com experientes tucanos, se houver união o PSDB vai crescer.
Schettini: O governador Doria olha para o Palácio do Planalto em 2022. O que difere o termo precoce de projeto político?
Lummertz: O João Doria ganhou duas importantes eleições, para prefeito com Haddad e Lula solto, no primeiro turno, e para governador dois anos depois, segue a lógica fulminante da carreira privada dele. Muito trabalho, muita inteligência e grandes resultados. Ele vai estar pronto. Vai ter resultados para mostrar - no final Presidência é destino.
Ao deixar o Governo Temer, Lummertz foi convidado por Doria para assumir a Secretaria de Turismo de São Paulo
Schettini: O ministro do Turismo está às voltas com explicações do laranjal do PSL. O que ajuda ou prejudica a pasta?
Lummertz: Ele está fazendo um bom trabalho, seguindo a agenda que criamos no Conselho Nacional de Turismo. Correu a eleição e saiu como o deputado mais votado de Minas e está se incomodando muito. Este embate com a Folha de São Paulo atrapalha.
Schettini: Para onde vai o Brasil? Santa Catarina também vai junto?
Lummertz: Sim. Tendemos a estar sempre melhor, mas não tanto, nem por muito tempo. Somos um estado exportador para o Brasil. Um estado de tradição industrial e hoje bom em tecnologia, serviços e turismo. Mesmo sendo diferenciados e contando com vantagens na nossa formação, o país tende a homogeneização.
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