Empreendedor do turismo e proprietário de um dos maiores resorts da América Latina, Fernando Marcondes de Mattos se dedica ao Costão do Santinho desde 1991. Entusiasta da implantação de cassinos no Brasil, o empresário observa este debate como importante para rever os US$ 15 bilhões em déficit na balança comercial do turismo. Em entrevista exclusiva concedida ao jornalista Marcos Schettini, Marcondes acredita num baixo turismo argentino neste verão catarinense e, ainda, anunciou que em 2020 irá revelar um projeto imobiliário e turístico em Chapecó, que irá marcar a década em Santa Catarina.
Marcos Schettini: Com o dólar alto, como fica o setor do turismo doméstico e estrangeiro?
Fernando Marcondes: O dólar alto é altamente favorável ao turismo brasileiro. Menos brasileiros viajarão para o exterior, tirando suas férias para conhecer os atrativos do Brasil, portanto, o turismo doméstico será muito beneficiado. Por outro lado, o dólar é um grande atrativo para a vinda de estrangeiros para o Brasil. Ganhamos nas duas pontas, reduzindo um pouco o absurdo déficit de 15 bilhões de dólares na balança de turismo do Brasil com o exterior previsto para 2019.
Schettini: O debate sobre cassinos volta a ser tema dentro do Congresso Nacional. Qual a importância desta abertura?
Fernando Marcondes: Uma das contas mais negativas do Brasil nas suas relações com o exterior está no turismo, ou seja, tiramos do bolso do Brasil 15 bilhões de dólares por ano, como já disse, para enviar para os países ricos. É lógico que corrigir esse enorme desequilíbrio deve ser uma prioridade do Brasil. A abertura de cassinos surge como uma iniciativa expressiva. O Brasil está cercado ou próximo de países que permitem o funcionamento de cassinos, como Argentina, Colômbia, Chile, Uruguai, Paraguai e Peru. Por que o Brasil é uma exceção?
Schettini: A bancada evangélica novamente se manifesta contrária aos cassinos. Por quê?
Fernando Marcondes: Acredito que a bancada evangélica será favorável à abertura de cassinos dentro de resorts e contra a operação de caça-níqueis. Da forma como os cassinos operam hoje no mundo, não há porque se dizer que eles vão desestabilizar os valores pessoais e familiares. Além do mais, o Brasil precisa de recursos. Os que virão pelos cassinos, certamente serão muito bem recebidos pelas áreas de segurança, em especial...
Schettini: O senhor dirige um dos maiores resorts da América Latina. Onde o cassino fortalece o mundo turístico?
Fernando Marcondes: Um cassino no Costão do Santinho lhe daria um upgrade na renhida disputa que enfrenta com os resorts internacionais, em especial Cancún, Flórida e Punta Cana. A briga é de pit bull e não podemos entrar na arena sempre em desvantagem e ainda com um custo Brasil de algo como 20% em relação aos concorrentes. Cassino atrai um nicho de mercado que só se move com esse equipamento, assim como marinas tem o nicho de velejadores, iatistas, etc.
Fernando Marcondes: Os primeiros cassinos de Las Vegas foram construídos pela Máfia. Agora o mundo é outro e nem se fala mais nisso.
Schettini: Se os argentinos são os turistas mais presentes, o que a crise de lá e a alta do dólar pode prejudicar a atividade neste verão?
Fernando Marcondes: O turista argentino enfrenta duas questões quando deseja vir para o Brasil. A primeira, quanto gastará de pesos para comprar 1 dólar. A segunda, quanto um dólar comprará de reais no Brasil. Creio que a primeira está muito ruim e a segunda boa, com dólar a R$ 4,20. Teremos muito pouco argentinos neste verão.
Schettini: O senhor está investindo no Oeste de SC. Qual é o segmento deste empreendimento?
Fernando Marcondes: Por volta de março de 2020 espero tornar público o projeto que pretendemos implantar em Chapecó. Só posso adiantar que será o projeto turístico/imobiliário de maior importância de Santa Catarina na próxima década.
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