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Entrevista | Napoleão Bernardes ouve conselhos de Jorge Bornhausen para trilhar futuro político

Eleito e reeleito como prefeito de Blumenau, em 2018 Napoleão Bernardes tomou uma importante decisão política ao renunciar ao cargo para ser candidato a senador pelo PSDB. Não conseguindo emplacar sua candidatura, foi a vice-governador em uma chapa liderada por Mauro Mariani (MDB), ficando fora do segundo turno.

Frustrado com as decisões tucanas, após o pleito, Napoleão migrou para o PSD do então candidato Gelson Merisio, que deixou a sigla para construir um projeto no PSDB. Agora, ao lado de lideranças como Julio Garcia, Milton Hobus e Raimundo Colombo, é aconselhado politicamente pelo ex-governador Jorge Bornhausen, que o considera como “uma aposta correta, um jovem preparado e que tem espírito público”.

Focado nos estudos do doutorado em Direito pela Univali, em Itajaí, o ex-prefeito de Blumenau concedeu uma entrevista exclusiva ao jornalista Marcos Schettini e avaliou os governos de Carlos Moisés e Jair Bolsonaro, falou sobre os desafios do prefeito Mário Hildebrandt e contou seus motivos para se desfiliar do PSDB após 20 anos. Confira:


Marcos Schettini: Após 13 meses do governo Moisés, qual sua avaliação?

Napoleão Bernardes: Todos os anos os governadores vão à Assembleia na abertura do ano legislativo apresentar o balanço de suas ações e o que projetam e planejam para o presente e para o futuro. O discurso deste ano foi o menor de toda a história de Santa Catarina. Isso simboliza muita coisa. O governador deveria imprimir um ritmo mais próximo da realidade dos catarinenses, distante dos Palácios e com ações que possam melhorar cada região de SC.

Schettini: E o pedido de impeachment arquivado?

Napoleão: A Procuradoria da Assembleia Legislativa entendeu que a solicitação não atendia os requisitos para sustentar a prática de crime de responsabilidade. No contexto político, entendo que a Alesc trabalhou com responsabilidade. Hoje não existe um clamor popular para um processo de impeachment de um governador eleito pelo voto direto dos catarinenses. O arquivamento evidencia o espírito de grandeza da Assembleia e a posição de estadista do seu presidente, deputado Julio Garcia.

Schettini: Como você avalia o Governo de Jair Bolsonaro. Mais acertos ou trapalhadas?

Napoleão: Como todo início de Governo, existem muitos obstáculos e um período de adaptação. Nem sempre aquilo que idealizamos é tão simples de se colocar em prática num curto espaço de tempo. Apesar de algumas declarações fora de propósito, o presidente Bolsonaro tem uma boa intuição e humildade para recuar quando precisa recuar, além de ter se cercado de ministros do calibre de Paulo Guedes e Sergio Moro.

Schettini: O senhor saiu do PSDB pelo resultado eleitoral de 2018?

Napoleão: Deixa eu contar uma história. Antes de me eleger vereador, o mais votado da história de Blumenau para um primeiro mandato, perdi duas eleições anteriores. Sai de ambas as derrotas de cabeça erguida, com a consciência tranquila e já trabalhando para atingir aquele objetivo. Conto este fato para lembrar que venci muitas eleições, mas já perdi tantas outras também. Ganhar ou perder é natural, faz parte do jogo democrático. Como se diz, “faz parte”. Isso deixa claro que não sai do PSDB pelo resultado da eleição, mas sim pelo desfecho que se deu após a convenção. Um partido não pode sair da maior convenção de sua história, mobilizando e motivando sua militância para uma candidatura ao Governo e ao Senado, e no apagar das luzes, simplesmente recuar, frustrando os sonhos, as expectativas e os ideais de toda nossa militância e base partidária.

Schettini: Por que o senhor aceitou a posição de vice se poderia ter ido ao Senado?

Napoleão: A deliberação da Convenção Estadual foi que o senador Paulo Bauer seria o candidato a governador e eu a senador. A partir do momento que se recuou da candidatura ao Governo, o senador Paulo Bauer teve a preferência para a disputa ao Senado, por ser senador à época. Naquela altura, faltando poucas horas para o término do prazo do registro das candidaturas, seria irresponsabilidade lançar minha candidatura ao Governo. Restava então a candidatura a vice-governador, a candidatura a deputado federal, o que seria uma deslealdade com tantos e tantas que incentivei na construção da minha pré-candidatura ao Senado, ou a não participação do pleito, o que seria uma covardia, pois deixaria o partido a pé. Então aceitei a convocação do partido para ser candidato a vice-governador. A propósito, devo dizer que foi uma honra, aos 35 anos, ser candidato a vice-governador de SC. Foi um extraordinário aprendizado. Fui muito bem recebido e acolhido por onde passei. Convivi e aprendi com líderes fantásticos, em todas as regiões catarinenses.

Schettini: O ex-governador Jorge Bornhausen tem orientado seu processo político para 2022. Esta promessa não passa por 2020?

Napoleão: Dr. Jorge tem sido um fraterno amigo e um importante conselheiro. Ao longo de minha vida pública, profissional e acadêmica, sempre busquei ouvir pessoas experientes. Sinto-me honrado e privilegiado pela oportunidade permanente de aprendizado com Dr. Jorge, a quem muito estimo.

Schettini: O prefeito Mário Hildebrandt está afinado com Jair Bolsonaro e o senhor com o projeto de Luciano Huck. Confere?

Napoleão: Atualmente, eu estou afinado com a minha família, minha esposa Maria Augusta e minha filha Manuela. Tenho me dedicado aos estudos no Doutorado, às aulas que ministro na Furb e às eventuais palestras sobre a minha experiência como vereador e prefeito de Blumenau. Antes de 2022, existe o processo político de 2020. Hoje, não existe alinhamento a projeto político visando eleições de 2022. Aliás, se daqui até a eleição a municipal muita coisa pode acontecer, daqui até 2022 é uma eternidade...

Em agosto de 2019, ao lado de importantes lideranças da sigla, Napoleão Bernardes se filiou ao PSD (Foto: Divulgação)

Schettini: O grupo que ideologicamente estava junto, JPK e Napoleão Bernardes, acabou?

Napoleão: Alguns bons quadros do Governo JPK contribuíram com a nossa gestão de 2013 a 2018. Mas nas disputas eleitorais, embora eu goste muito e me relacione bem com João Paulo Kleinübing, pelas circunstâncias partidárias e eleitorais, na maior parte das vezes, infelizmente, estivemos em projetos diferentes.

Schettini: Como o senhor olha a reeleição de Mário Hildebrandt e qual será seu papel?

Napoleão: Numa reeleição, quem deve liderar o processo eleitoral é quem está no exercício do mandato. A bola, portanto, está com o prefeito Mário. Penso que todo cidadão deve ter o dever cívico em contribuir com sua cidade. Por isso, estou à disposição para contribuir no que estiver ao meu alcance, para quem quiser o melhor para a cidade.

Schettini: O senhor está sendo preparado para assumir o PSD logo após as eleições de 2020. Qual o tamanho que a sigla deve apresentar para pensar 2022?

Napoleão: O PSD tem excelentes quadros, a começar pelo governador Raimundo Colombo, além de deputados federais e estaduais, prefeitos, vice-prefeitos, vereadores e lideranças que nos orgulham e que têm boas práticas para compartilhar com os catarinenses. Acima dos partidos estão as pessoas e o PSD tem um time de lideranças que pode contribuir e muito para Santa Catarina continuar avançando. O trabalho no PSD é em equipe, independentemente de quem esteja na coordenação ou presidência. Ingressei no PSD com toda humildade, com o propósito de somar. Como diz nosso presidente Milton Hobus, que muito nos orgulha pela sua trajetória bem-sucedida na vida empresarial e na gestão pública, no PSD não tem jogo de cartas marcadas.


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