Por Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol)
Existiu em certo país, faz muito tempo, um homem que despertava a admiração geral por sua indiscutível valentia. Nada nem ninguém o detinha ante o perigo, qualquer que fosse.
Sempre transpunha os obstáculos — homens ou feras — que se opunham ao avanço de seus pés invictos. Era respeitado e, ao mesmo tempo, temido. Não obstante sua admirável condição, numa oportunidade, para o espanto de todos, foi visto abatido e triste.
Nesse dia, alguém que costumava conversar com ele perguntou-lhe com incontida e angustiante curiosidade:
- Meu amigo, você pode me dizer o que lhe aconteceu? Não é possível supor que... O valente, elevando com firmeza o olhar para dar mais vigor a suas palavras, interrompendo-o, respondeu-lhe num tom de amargura:
- Tenho lutado e vencido sempre. Jamais conheci o temor, você bem sabe, nem fui detido por perigo algum. Mas hoje conheci alguém a quem temo: o único homem que realmente me inspirou medo.
- Mas quem é esse homem que pôde infundir inquietação em você, o maior de todos os valentes? O grande batalhador, baixando a cabeça, respondeu com pesar:
- Eu mesmo.
Eis uma realidade que sempre fez e fará mais de uma criatura humana refletir, a partir do instante em que resolve ter em mãos as rédeas de suas próprias reações inferiores.
(Extraído do livro Intermédio Logosófico página 43)
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