Candidata a deputada federal pelo PSL em 2018, Dileta Corrêa Silva ficou na suplência com 22 mil votos. Defensora permanente de Jair Bolsonaro desde 2015, a empresária deixou a sigla antes mesmo do racha nacional, pois, segundo ela, presenciou situações que não condizem com o que acredita. Hoje, filiada ao Republicanos, tem aval para consolidar o partido e se coloca como pré-candidata a prefeita de Balneário Camboriú.
Em entrevista exclusiva ao jornalista Marcos Schettini, Dileta falou dos desafios de um dos maiores centros turísticos do Sul do Brasil, avaliou que o Governo Fabrício se perdeu e disse que está ouvindo as necessidades dos bairros para o projeto de outubro. Confira:
Marcos Schettini: Você pertencia ao PSL e agora é do Republicanos. O que aconteceu?
Dileta Corrêa Silva: Filiei-me ao PSL porque sou Bolsonaro, isto é, apoio incondicionalmente o Jair desde que ele despontou contra os desmandos da esquerda e o conheci pessoalmente em 2015, em Brasília. Diferentemente de muitos, inclusive que se elegeram, eu não surfei na onda da direita, eu tenho características e comportamentos que me colocam nesse viés: valores morais, éticos, e amor à pátria, por exemplo. Entendo que o Brasil precisa de um choque ideológico e o Bolsonaro foi o único candidato que concentrou esse desejo de todo o bom brasileiro. Concorri a deputada federal e fiquei como suplente, mas o importante é que ajudei a eleger o nosso presidente. Na campanha pude aprender ainda mais sobre os bastidores e foi um aprendizado fantástico e, exatamente por isso, acabei saindo do PSL antes do partido implodir em Brasília. Presenciei aqui no Estado e até mesmo em Balneário Camboriú, pessoas e situações que não condizem com o que acredito, sobretudo no que se refere a fidelidade aos ideais pelos quais eu luto há tantos anos. Me senti desconfortável e simplesmente não quis mais continuar dessa maneira. Ao sair, recebi convites de outros três partidos, mas apenas o Republicanos me deu autonomia para construir o partido em Balneário Camboriú, sem imposições ou conchavos com a velha política. Eu tenho seguido à risca essas diretrizes.
Schettini: Moisés teria sido eleito se não fosse o “governador do Bolsonaro”?
Dileta: A leitura que se tem hoje é a de que Carlos Moisés traiu grande parte dos eleitores catarinenses, sobretudo no que tinha maior relevância: a pauta ideológica. Moisés foi eleito defendendo o discurso do Bolsonaro, mas ao assumir, deu declarações à imprensa, inclusive desdenhando dos próprios eleitores, atribuindo o termo “sandice” sobre fazer “arminha” com as mãos. Esqueceu que aquilo que ele chamou de sandice, foi o símbolo que o elegeu governador. Teria sido muito melhor sustentar o discurso que o elegeu e praticá-lo. A pauta ideológica tem que andar junto com a econômica, ao meu ver, como unha e carne. E se essa entrevista chegar ao governador, quero que ele saiba que torço por um bom desempenho, porque os catarinenses merecem. Bom desempenho não é um bom governo, não será, porque sem a pauta ideológica, é impossível acontecer.
Schettini: Por que o presidente da República fala mais que o necessário e aquilo que deveria evitar?
Dileta: O presidente Bolsonaro é autêntico. Ele não ensaia discursos para falar o que as pessoas querem ouvir, ele fala o que lhe vem das entranhas. Conheci Bolsonaro em 2015 e ele já era assim, sem fazer tipo e ao mesmo tempo com um discurso certeiro, sabendo exatamente quem ele quer atingir. E consegue. Penso que ele deveria evitar a proteção aos filhos, deixar que cada um responda por seus erros, sem interferir nisso. O presidente não pode ter um clã, misturar eventuais problemas familiares com o governo. No mais, o apoio e estou bem feliz com os rumos que o Brasil está tomando.
Schettini: Qual é a Balneário Camboriú do futuro?
Dileta: Gostei dessa pergunta. Moro em Balneário Camboriú há 31 anos e sempre acompanhei o desenvolvimento da cidade com um grau de preocupação muito grande. Nenhuma gestão, ao longo desses anos, pensou no futuro da cidade a longo prazo. Balneário Camboriú foi literalmente explorada, crescimento desenfreado, sem estrutura, sem saneamento, sem malha viária, sem atendimento de qualidade na saúde.
E a Balneário Camboriú do futuro passa, inevitavelmente, por uma boa reestruturação. Problemas básicos precisam ser resolvidos com urgência. Outro ponto importante é entender que precisamos de uma parceria efetiva com a iniciativa privada. Eu vejo um futuro muito promissor com ela e estou disposta a encarar esse desafio. A Balneário Camboriú do futuro para a Dileta é a cidade inteiramente voltada para o bem das pessoas e não por interesses particulares ou de grupos.
Schettini: Como se resolvem problemas, por exemplo, de saneamento básico e balneabilidade para o turismo?
Dileta: Tendo um governo técnico, de pessoas que entendam da área em que atuam. Não como sempre acontece, cargos e apadrinhamentos que só engrossam a folha de pagamento. Questionei esses dias, quem foi técnico nos governos anteriores e na atual gestão e ninguém soube responder, porque nunca houve. A Administração Municipal não pode ser um cabide de empregos, ela precisa ser técnica e efetiva. Temos uma equipe voluntária especializada em vários setores e trabalhando para apresentarmos um plano de governo eficiente, que faça a diferença, mas que possa ser colocado em prática. Tudo o que estiver na proposta de plano de governo, será diligentemente estudado para posterior implementação.
Schettini: Balneário Camboriú é só turismo ou tem outros desafios?
Dileta: Balneário Camboriú tem muitos desafios além do turismo e isso me estimula bastante. Esse desafio passa por ter uma cidade mais humanizada, literalmente voltada para às pessoas. Quero o povo entrando e saindo da prefeitura, tendo voz, sendo ouvido, projetando a cidade junto com a administração, participando ativamente de todas as decisões que lhes digam respeito. É preciso levar ao cidadão o verdadeiro sentido de democracia. Além disso, novas fontes de recursos econômicos, além da construção civil, são emergenciais.
Tenho alguns projetos voltados para a juventude, escolas técnicas, polos tecnológicos, onde os jovens estudem e aprendam algo que o mercado realmente precise. Para isso contaremos com a participação de grandes empresas do exterior, literalmente patrocinando esses projetos. Esse é um segredo que estamos apenas mostrando o pacote com a fita dourada. Sem dúvida, os projetos na área da saúde e da educação, serão a menina dos olhos do nosso plano de governo.
Schettini: A senhora já se imagina nas eleições de outubro?
Dileta: Com certeza. Se eu não disputar as eleições e não ajudar a eleger a bancada de vereadores do Republicanos, pessoas de má fé irão ocupar esses lugares e não é isso que nosso povo merece. Faremos a diferença, pode acreditar.
Schettini: Qual rota você vai seguir, quebrando nomes de peso da história política municipal, para ser observada?
Dileta: As pessoas me conhecem como a Dileta que frequenta o posto de saúde, que busca o filho na escola pública, que abraça as pessoas na rua, que dá a mão para o frentista do posto de combustível, que almoça no restaurante de 10 reais, que tem conta no quiosque do milho verde. Eu sou assim, é uma questão de essência e não vou mudar ou ser hipócrita porque entrei para a política. Manterei meu comprometimento com ideias que construam e não usarei estratégia de ataques aos opositores, a menos que tenha que me defender de acusações levianas. Atualmente a cidade presencia ataques do governo atual aos demais pré-candidatos e vice-versa, eu só observo. Esse tipo de conduta não faz parte da minha maneira de ser. Enquanto brigam, eu como cachorro-quente nas ruas, converso com os moradores para saber das necessidades dos bairros.
Schettini: Qual sua avaliação do governo do atual prefeito?
Dileta: Lá atrás, vi a administração de Fabrício/Carlos Humberto como um governo de boas intenções, mas que se perdeu no meio do caminho. Agora quer fazer o que não fez em três anos e quatro meses, tudo a toque de caixa, porque o plano de governo não foi cumprido e é ano de eleição. Cheguei a conversar algumas vezes com o prefeito e, em todas as conversas, me coloquei à disposição como voluntária, para ajudar, porque vejo que as necessidades das pessoas são reais e urgentes e não bandeiras de campanha a cada ano eleitoral. Nunca fui chamada para opinar sobre qualquer coisa. E, veja bem, além de me prontificar, eu não pedi e nem queria nada em troca. Foi de coração mesmo, para ajudar. O povo precisa estar atento para discursos fáceis, porque quem muito promete não tem como cumprir mesmo estando cercado de pessoas competentes.
Schettini: O que você faria de diferente para mostrar aquilo que se chama de novos tempos?
Dileta: Tenho um grande exemplo que é o prefeito de Colatina (ES), Sérgio Meneguelli, e me vejo como ele, porque eu sou assim desde muito antes de pensar em ser candidata. Os novos tempos de Balneário Camboriú passam pela humildade de não ser uma prefeita de gabinete e sim uma gestora a serviço das pessoas e nem sequer quero ser paga para isso, porque não posso dormir em paz sabendo que têm uma fila no posto de saúde às 7h da manhã para pegar uma ficha e marcar um exame que pode levar até 6 meses para ser feito. Administração humana, gestão técnica, de portas abertas para que o povo também se sinta responsável pela administração e não apenas meros pagadores de impostos.
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