Médico pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), formado há quase 50 anos, Eduardo Pinho Moreira tem um nome respeitado tanto na Medicina quanto na vida pública. Foi deputado federal constituinte, prefeito de Criciúma, vice-governador e governador de Santa Catarina, além de ter presidido a maior estatal catarinense, a Celesc.
Quando na Cadeira de governador em 2018, enfrentou a greve dos caminhoneiros, ouvindo especialistas econômicos para tomar diretrizes necessárias após impactos na arrecadação. Agora, sob pandemia, o ex-governador Pinho Moreira defende que os municípios devem ser avaliados caso a caso. “É como na Medicina, mesmo que pacientes tenham a mesma doença, o tipo e a dose do remédio podem ser diferentes”, disse em entrevista exclusiva ao jornalista Marcos Schettini. Ainda, disse ser contra impeachment de Moisés e se posicionou a favor dos partidos para uma democracia sólida. Confira:
Marcos
Schettini: Como
o senhor
observa
os impactos da
pandemia na economia?
Pinho
Moreira:
A
pandemia, que está na fase inicial, já comprometeu a atividade
econômica no mundo todo com graves consequências: mortes,
desemprego e fome. A humanidade deve estabelecer novas e mais nobres
prioridades. Nesse momento, a solidariedade é que vai minimizar os
sofrimentos. Todos
ajudando a todos.
Schettini:
O
que está certo e errado nas ações do governador Carlos
Moisés?
Pinho
Moreira: A
eleição do Moisés se deu por uma onda de mudança na política
nacional, com reflexo em SC. Ele não construiu isso que vive hoje.
Mas esse é o primeiro grande teste dele. O momento exige experiência
e humildade do governador. Ouvir, ouvir, ouvir e se cercar de pessoas
experientes para
então decidir. Todos que assessoravam Churchill, quando enfrentou o
nazismo, tinham cabelos brancos.
Schettini:
Afrouxar
ou isolar?
Pinho
Moreira: As
realidades de cada município de SC são diversas, por isso devem ser
avaliados caso a caso. É como na Medicina,
mesmo que pacientes tenham a mesma doença, o tipo e a dose do
remédio podem ser diferentes. Há que serem olhados os números, têm
municípios no Estado
sem nenhum caso.
Schettini:
O
senhor
foi vice-governador. Qual é o papel?
Pinho
Moreira: Eu
fui 3 vezes vice-governador de políticos experientes, uma
de Luiz Henrique da Silveira
e duas
do Raimundo Colombo.
O vice tem que estar um metro atrás e meio metro acima para enxergar
o caminho e não esbarrar no titular. O entendimento é fundamental
para o equilíbrio político do governo, e isso só se dá através
do diálogo.
Schettini:
Também
foi duas vezes governador de SC. O que o Sr faria neste
momento?
Pinho
Moreira: Eu
ouviria muito e me cercaria de experiências de todos os setores
públicos, científicos, econômicos e políticos. Só então
decidiria, pois a decisão é prerrogativa do governador.
Foi assim na greve dos caminhoneiros.
Schettini:
Pedidos
de impeachment começam a ganhar espaço na Alesc. Qual o cenário
disso?
Pinho
Moreira: Não
vejo razão nem clima para impeachment. Assunto fora do contexto. Sou
contra.
Schettini:
O
Sr é a favor do impeachment?
Pinho
Moreira: Contra.
Schettini:
O
MDB saiu de vez da base de apoio a Moisés. É o momento?
Pinho
Moreira:
O
MDB, como partido, nunca foi da base do governo. Os deputados
estaduais que decidiam suas posições. Votar a favor de SC é
premissa.
Schettini:
Os
ulyssistas estão arrependidos de ter apoiado Moisés em 2018?
Pinho
Moreira: Votar
no Moisés foi, no segundo turno, a única opção aos ulyssistas
catarinenses.
Schettini:
O
Sr é a favor da eleição unificada?
Pinho
Moreira: Sou
a favor das eleições unificadas e fortalecimento dos partidos
políticos. Chega de votar em personalidades ou pessoas que não têm
compromisso com programas. Que contribuição, por exemplo, trouxe ao
Brasil a eleição do Tiririca, com mais de 1 milhão de votos? E
levou vários com ele... Nas democracias consolidadas existem
partidos que representam ideologias: social democracia, liberalismo,
socialismo, ambientalista… Nos
Parlamentos do
Brasil
(federal, estaduais e municipais) existem representantes de dezenas
de partidos que mudam de sigla sem qualquer compromisso ideológico.
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