A questão posta no STF pelo procurador-geral da República (PGR), nomeado fora de lista, por Bolsonaro, é uma verdadeira sinuca de bico.
Explico. Augusto Aras (PGR) já pediu abertura de instigação sobre as declarações de Moro, fixando a seguinte posição: acaso corretas, Jair deve ser processado (é condenado provavelmente) por crimes de prevaricação, obstrução da Justiça e de Responsabilidade. Não provados, deverá Moro responder por denunciação caluniosa.
A situação é tal, que se Moro certo estiver é o fim de Bolsonaro, impeachment passa a ser caminho sem volta.
Contudo, acaso Moro não comprove, será condenado por denunciação caluniosa, e as provas que já apresentou serão tidas então por inválidas de certa maneira. Ocorrendo essa hipótese, a narrativa petista para rever e anular as condenações de Lula se fortalecem muito.
Ora, petistas acusam Moro de forjador de provas desde o início, bem como apontam para as interceptações da Intercept (embora obtidas por grampos ilegais, em prol do acusado podem ser validadas), que acaso venham a ser somadas a uma condenação por denunciação caluniosa passa a ser prato cheio para o STF anular as decisões do então juiz (neste contexto tido por criminoso por bolsonaristas e lulistas).
Em outras palavras, a desmoralização de Moro promovida pelos bolsonaristas podem acarretar no resgate de Lula da Silva, de sua narrativa, e até de seus direitos políticos acaso anuladas as suas condenações, o que não seria tarefa difícil num contexto em que o prolator vier a ser condenado por denunciação caluniosa.
Enfim, as placas tectônicas em Brasília se movimentam como nunca, a lava virá a tona, isso é certo, só não se sabe em qual vulcão irá emergir...
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