Nesta terça-feira (05), o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Julio Garcia (PSD), fez uma reflexão sobre o verdadeiro significado da política e sobre a importância do seu exercício. O pronunciamento foi feito na abertura da sessão ordinária que marcou o retorno parcial das atividades presenciais no Parlamento catarinense após o início da pandemia da Covid-19 e do estado de calamidade pública no Estado.
Em discurso no plenário Osni Regis, Julio Garcia também justificou o retorno das sessões e reuniões presenciais, reiterou a importância de seguir as orientações sanitárias e agradeceu aos deputados e servidores da Casa pela colaboração nas atividades realizadas remotamente, que iniciaram no dia 20 de março.
O presidente destacou o momento difícil pelo qual o estado e o país passam. Lembrou que, além da crise provocada pelo coronavírus, o Brasil passa por turbulência política que, em sua opinião, se originou nas eleições de 2018, quando o bordão “nova política” foi incorporado por boa parte dos eleitos naquela ocasião.
O parlamentar sempre criticou o bordão. Para ele, não há separação entre velha e nova política. Há, sim, a boa política, que deve ser exercida sempre, especialmente para superar os momentos de crise.
“Me agrada a [definição] que diz: ‘Política é a arte de fazer o bem’. Às causas, às instituições, às pessoas, de modo especial àquelas que mais precisam das ações políticas. Não à politicagem. Sim à Política. Nem nova, nem velha. À Política”, declarou.
Confira a íntegra do pronunciamento do presidente Julio Garcia:
Senhoras Deputadas, Senhores Deputados,
Vivemos tempos diferentes.
Vivenciamos desafios para os
quais nunca nos preparamos. A cada momento somos exigidos a tomar decisões
difíceis. Mas não há como delas fugir.
Hoje é um daqueles dias em que
somos desafiados e compelidos a decidir pelo retorno das sessões presenciais.
Compartilhei esta decisão com
o Colégio de Líderes. Aproveito este momento para agradecer a essa instância
legislativa pela solidariedade, neste tempo de enfrentamento à Covid-19.
Este exercício democrático nos
anima na construção de um Parlamento plural e participativo.
Esta decisão será executada
com zelo e rigor que o momento nos exige. Sem concessões que coloquem risco
àqueles que conosco vão interagir.
Quero agradecer aos servidores
da Assembleia pela dedicação. Tanto aqueles que prestam serviços no sistema
Home Office, quanto, de modo especial, aos que permitiram que nossas atividades
não sofressem solução de continuidade neste período de tantos desafios.
Expresso, também, às Senhoras
Deputadas e aos Senhores Deputados os sinceros agradecimentos e reconhecimento
pela dedicação que tem como destinatário final a sociedade que representamos.
Vossas Excelências engrandecem
o Poder Legislativo Catarinense em tempos de tanta dificuldade.
E, por falar em dificuldade,
elas extrapolam as questões sanitárias.
Vivemos, também, turbulência
política em todo o país. Felizmente ela advém do sistema democrático que rege
nossa vida em sociedade.
Estas turbulências, em grande
parte, se originaram nas eleições de 2018. Ali, o bordão de campanha que cunhou
a expressão “Nova Política” permeou o eleitorado, dando a vitória àqueles que
empunharam esta bandeira.
Claro que esse não foi o único
trunfo dos vitoriosos. Lembro-me que fui dos primeiros a contestar a separação
entre “Nova e Velha Política”. Foi no meu discurso de posse como presidente da
Assembleia.
Tinha convicção do que
defendia e preocupava-me que esse “Bordão” tivesse vida longa. Felizmente me
enganei. Mas reconheço, também, que meus argumentos não foram os mais
eloquentes.
Porém, bastou um pouco mais de
12 meses para que, numa leitura madura e lúcida, o jornalista político Upiara
Boschi sepultasse de vez o “bordão/bengala” daqueles que chegaram ao poder.
Ele escreveu: “Quem lê esta coluna
sabe que venho há algum tempo falando sobre a necessidade de desestigmatizar a
palavra (política). No dicionário – recorro aqui ao Houaiss -, são várias as
definições no verbete “política”. Destaco aqui o principal, “arte ou ciência de
governar”, mas observo também a “habilidade no relacionar-se com os outros
tendo em vista a obtenção dos resultados desejados”.
E o colunista conclui: “...
precisamos resgatar a palavra ‘Política’ do atual sentido negativo que ela
carrega junto á sociedade. É tarefa de uma geração essa reconstrução. Ela
precisa ser dissociada de sua variação nefasta – a politicagem. Curiosamente, é
o verbete seguinte no Houaiss que a define como ‘política de interesses
pessoais, de troca de favores ou de realizações insignificantes’. Moisés e os
deputados só vão acertar os ponteiros quando aprenderem a diferenciar esses
dois verbetes.”, encerra Upiara.
E aí, vamos apenas esperar,
como diz a análise, “é tarefa de uma geração essa reconstrução”, ou vamos
começar já?
É nas crises que surgem as
oportunidades. Não podemos perdê-las. Mãos à obra!
“O respeito é a base das
vitórias e glórias na vida.”
Por isso, conclamo a todos
para que, sem nos afastarmos um milímetro sequer das nossas responsabilidades,
as exerçamos com respeito, equilíbrio, sem pré-julgamentos e tendo sempre como
norte o bem comum.
A política, adicionalmente à
definição do dicionário, comporta outras abordagens.
Me agrada a que diz: “Política
é a arte de fazer o bem”.
Às causas, às instituições, às
pessoas, de modo especial àquelas que mais precisam das ações políticas.
Não à politicagem.
Sim à Política.
Nem nova, nem velha. À
Política
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