A propensão ao descuido afeta sensivelmente o indivíduo, porque se opõe ao aproveitamento de suas aptidões, as quais ele utiliza irregularmente, sem a constância e o esmero necessários a seu bom rendimento.
O descuido revela indolência mental. Preocupações e responsabilidades são esquecidas pela pessoa, tão logo sua atenção, habituada a mover-se sem controle, muda de direção, atraída por outros motivos, frequentemente fúteis, que afinam com seus gostos e que não lhe acarretam grandes esforços nem contrariam sua disposição de fugir de suas obrigações.
Esta propensão subtrai eficiência do estudo e do trabalho, porque a pessoa não persevera nem se esforça na atenção que tais atividades reclamam. Age com leviandade, com despreocupação e irresponsabilidade, procurando diminuir esforços, sem pensar que as consequências o atormentarão depois, seguramente, como acontece quando não se tomam providências.
A propensão ao descuido não implica sempre, como parece, carência de aptidões. Isso fica provado pela facilidade, habilidade ou engenhosidade que alguns descuidados manifestam, quando, esquecendo talvez alguma tarefa imediata, se dispõem voluntariamente a fazer alguma coisa que condiz com suas predileções geralmente improdutiva, por não responder a deveres nem a necessidades, mas que, como um entretenimento a mais, vem preencher o tempo “ganho” em cada descuido.
A evolução consciente desterra a propensão ao descuido, pois promove a atividade da consciência
A distração e a irresponsabilidade próprias da idade infantil costumam gerar esta propensão, que persiste quando o ser chega à juventude e ainda é levada às costas até a maturidade. Referimo-nos aos que cresceram sob o olhar indiferente e a falta de capacidade, para conduzi-los, daqueles que acompanharam sua infância. Eis aí de onde surge com frequência esta propensão, que expõe o homem a sofrer consequências muito variadas, desde as que provêm de sua atuação nos meios que frequenta, traduzidas em demérito para sua pessoa, até aquelas que resultam de fatos mais graves e irreparáveis, por não ter levado em conta detalhes ou não ter feito oportunamente aquilo que pudesse evitar esses fatos.
A evolução consciente desterra esta propensão, pois promove no ser a atividade da consciência, e com isso o descuido se vai debilitando até seu total desaparecimento. Medite o leitor sobre isso e compare, com as consequências que o descuido acarreta, os benefícios que podem ser alcançados, se tivermos sempre em mãos o fio condutor de todos os assuntos que nos preocupam.
(Texto extraído do Livro Deficiências e Propensões do Ser Humano, pág. 202)
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