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Entrevista | Entre apoiar adversários ou um traidor, fico com o adversário, diz Dário sobre aliança com Amin e Jorginho na Capital

Por: Marcos Schettini
12/07/2020 20:05 - Atualizado em 13/07/2020 09:07
MDB Nacional

Ex-prefeito reeleito de São José e Florianópolis, Dário Berger chegou ao Senado em 2014 após consolidação da força eleitoral da tríplice aliança construída e mantida por Luiz Henrique da Silveira. Com mandato em Brasília, o senador construiu sua liderança dentro do MDB de Santa Catarina e é um dos principais nomes da sigla para disputar eleição ao Governo do Estado em 2022.

Em entrevista exclusiva concedida ao jornalista Marcos Schettini, falou sobre a possibilidade de aliar-se aos senadores Esperidião Amin e Jorginho Mello para construir uma chapa vitoriosa nas eleições de Florianópolis. Ainda, comentou sobre os governos Bolsonaro e Moisés, afirmou que Gean Loureiro foi o homem público que mais ajudou na vida e defendeu-se de ataques sofridos devido ao seu posicionamento na votação do projeto de lei anti fake news. Confira:


Marcos Schettini: Qual a leitura do atual momento do Brasil?

Dário Berger: O Brasil e o mundo vivem atualmente a maior crise sanitária dos últimos 100 anos, estamos diante de tempos difíceis, situação complexa, país dividido. De um lado temos prefeitos e governadores que seguem a ciência, os médicos, os cientistas, as autoridades de saúde, de outro, temos o presidente da República que diverge dessas orientações. Consequência: falta de uma unidade nacional, falta de uma liderança nacional, falta um plano nacional de enfrentamento à crise. Resultado: mais de 70 mil mortos no Brasil e mais de 500 mortos em Santa Catarina. É preciso tirar ensinamentos deste momento para que possamos fortalecer a ciência e fortalecer a saúde pública. Saúde é o nosso bem maior. O fato real é que estamos em guerra contra um vírus que já matou mais que muitas guerras. Isso precisa ter um fim.


Schettini: Quem é Jair Bolsonaro?

Dário Berger: É um político tradicional, com experiência em Brasília. Capitão reformado e atual presidente da República, me parece um presidente bem-intencionado. No entanto, demonstra pouca habilidade para conviver com princípios democráticos, com o contraditório, com as divergências.

Isso cria muita dificuldade para avançar na solução de problemas históricos que atravancam o desenvolvimento do Brasil há décadas, o presidente da República numa nação democrática como é o Brasil, deve ser um líder, deve ser um conciliador, deve ser um pacificador, deve ser um indutor, deve ser um promotor da construção de um novo tempo.

Democracia pressupõe diálogo, cooperação, harmonia, equilíbrio, serenidade, entendimento, convencimento, humildade e respeito. Tudo começa pelo respeito. Um governo não pode demonstrar soberba, prepotência ou arrogância. “Governo arrogante é sinônimo de governo fracassado”.

O presidente Bolsonaro foi eleito na esperança da construção de um novo país. Um país de prosperidade e trabalho. Representava o sonho em ver o Brasil crescendo, prosperando e as pessoas crescendo junto com o Brasil. Eu faço parte dessa torcida. Se o presidente for bem, o Brasil e os brasileiros vão também.

Schettini: O senhor é a favor do impeachment do governador Moisés?

Dário Berger: Impeachment é um processo completo e doloroso, tudo o que não poderia acontecer nesse momento é esse lamentável episódio dos respiradores. É preciso avaliar bem essa situação. O tamanho do castigo deve ser proporcional ao tamanho do delito praticado. Todos nós somos responsáveis pelos nossos atos, por nossos acertos e por nossos erros. Ninguém pode ser excluído dessa regra. O mais importante disso tudo é que para o impeachment acontecer, a autoria e a materialidade do delito praticado devem ser absolutamente demonstradas. Portanto, o direito ao contraditório e à ampla defesa são princípios consagrados na nossa Constituição. Esse assunto deve ficar a cargo dos órgãos de controle, como Ministério Público, Tribunal de Contas e Assembleia Legislativa.


Schettini: Por que Santa Catarina está às moscas?

Dário Berger: Um dos maiores problemas que os governos enfrentam é a falta de continuidade administrativa. Muda governo, muda tudo, muitas vezes para pior. Gasta-se muito tempo e isso custa muito dinheiro, e Santa Catarina, perde uma grande oportunidade de continuar crescendo, prosperando. Dirigir os destinos de um Estado como Santa Catarina é uma elevada honra, porém uma grande responsabilidade. É preciso ter conhecimento da máquina pública, é desejável ter experiência e é absolutamente necessário ter um projeto estadual de desenvolvimento econômico-social. É preciso ter uma equipe comprometida e preparada para tocar o governo, acelerar os projetos, as obras e as ações para atingir os objetivos pretendidos.


Schettini: O processo eleitoral do MDB vai em qual busca em 2022?

Dário Berger: O MDB, certamente, vai buscar candidatura própria em 2022 em Santa Catarina.


Schettini: Qual o seu projeto naquela eleição?

Dário Berger: Estou conjugando o verbo esperar, existe um ditado que diz: “quem espera sempre alcança”. O verbo esperar tem dois significados, o de esperar e o de esperança. Tenho muita esperança que o partido possa me oferecer essa oportunidade, e se for distinguido para essa honrosa e desafiadora missão, estarei pronto para enfrentar esse desafio. É uma honra para mim fazer parte de um partido que lutou contra a ditadura, batalhou pela redemocratização do Brasil, defendeu sempre os ideais de liberdade, da justiça social e da democracia.

Somos o maior partido em Santa Catarina, temos a maior bancada de deputados estaduais, o maior número de prefeitos (as) e vice-prefeitos (as), o maior número de vereadores, temos o maior legado de serviços prestados a Santa Catarina e, ainda mais importante, temos a maior e mais entusiasmada militância. Agora é hora de o MDB mostrar a sua força. Vamos eleger e reeleger nossos prefeitos (as) e vereadores (as), cujo resultado será pré-requisito para as eleições em 2022.

O momento é de resgatar a nossa história, a nossa autoestima e fazer com que o orgulho de ser catarinense possa pulsar cada vez mais forte em nossos corações.


Schettini: O MDB de Florianópolis faliu?

Dário Berger: Não faliu não. Um partido com mais de 50 anos de história não desaparece assim de um dia para o outro. Estamos passando por um momento difícil, mas vamos supera-lo e sair mais fortes ainda. O que destrói o ser humano é fazer política sem princípios. Somos o que somos. Cada um de nós é responsável por aquilo que cativa! Lealdade não se compra, lealdade não se vende, lealdade você tem ou você não tem. Gratidão, se você não tem gratidão, você não tem nada. A política não tem mais lugar para oportunista de plantão. A história não perdoa os traidores. É hora de recomeçar, vamos reconstruir nossa história, com respeito, com gratidão e com lealdade.


Schettini: Qual a sua relação com Gean Loureiro?

Dário Berger: Foi a personalidade política que mais ajudei em toda a minha vida.

Schettini: É real a coligação Esperidião Amin, Jorginho Mello e o senhor para as eleições municipais?

Dário Berger: É possível sim! Entre apoiar adversários ou um traidor, fico com o adversário.


Schettini: Por que o senhor votou a favor da lei anti fake news? Aquilo ali não é censura?

Dário Berger: Aproveito essa entrevista para fazer alguns esclarecimentos ao Projeto de Lei 2630, o Projeto das Fake News. As chamadas notícias falsas, notícias mentirosas, notícias caluniosas, notícias criminosas.

Respeito os que me criticam, porque me corrigem. Aos que me criticam, que respeito, certamente não leram o projeto. Me criticam por “ouvir dizer”. Porque se tivessem lido, chegariam facilmente à conclusão que não existe a mínima possibilidade de censura. E, que não existe absolutamente nenhum risco, muito menos qualquer ameaça à liberdade de expressão.

Para as pessoas do bem, que usam as redes sociais com respeito e responsabilidade, não muda absolutamente nada. As pessoas continuarão com direito à liberdade de expressão, podendo exercer sua opinião, sem nenhuma censura.

Não há absolutamente nada que tire o direito das pessoas de criticarem livremente. Todos nós vamos continuar com o direito de criticar, de reclamar, de expressar nossa indignação, sem nenhum constrangimento, sem nenhum problema, sem nenhuma censura.

Agora, se você for um robô cibernético, formado por criminosos que covardemente se escondem no anonimato, utiliza perfis falsos, provedores não identificados, financiados de forma obscura e sorrateira, para cometer crimes, disseminar o ódio, destruir reputações, acho que estamos de acordo que isso precisa acabar. Esses criminosos precisam ser identificados e punidos na forma da lei.

O cenário atual das redes sociais é uma porta aberta para a prática de crimes. É preciso resgatar a confiança nessa ferramenta inovadora e revolucionária.

A liberdade é ampla, mas não é absoluta. A minha liberdade termina quando começa a liberdade do outro.

Liberdade de expressão, sim, sempre. Censura não, nunca. Fake news, notícias falsas, notícias mentirosas, notícias criminosas praticadas no anonimato, não, jamais!


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