Uma das mulheres mais reconhecidas politicamente em Santa Catarina, a progressista Angela Amin é casada com o ex-governador Esperidião desde 1979 e mãe de três filhos, Joana, Maria e o deputado estadual João Amin.
Eleita seis vezes a melhor prefeita do Brasil quando administrou Florianópolis, entre 1997 e 2005, Angela tem se dedicado aos debates em Brasília, onde exerce o terceiro mandato como deputada federal.
Respeitada pelos pares na Câmara dos Deputados, aos 66 anos ela novamente é bem avaliada para uma eventual disputa à Prefeitura de Florianópolis em novembro. Em entrevista exclusiva ao jornalista Marcos Schettini, falou da sua trajetória política, avaliou Jair Bolsonaro e reconheceu a liderança política do senador emedebista Dário Berger. Ainda, comentou sobre Gean Loureiro, Pedrão e Carlos Moisés. Confira:
Marcos Schettini: Qual sua avaliação sobre o governo Bolsonaro antes e dentro da pandemia?
Angela Amin: Conheci o deputado, hoje presidente da República, em 1991, quando chegamos na Câmara dos Deputados, pelo mesmo partido, o PDS, um partido de centro democrático, com forte preocupação social. Um mérito é inegável: ele é a mesma pessoa. Essa pessoa foi eleita de maneira inequívoca, contrariando a cultura dominante. Seria impossível imaginar que teríamos um governo de consenso. Uma federação continental, com grande desigualdade, nosso Brasil está se defrontando com a maior pandemia de sua história com grande dificuldade. Os principais acertos do Governo Federal são o auxílio emergencial e as linhas de crédito para que preservemos empregos e a possibilidade de retomada. Graças a isso, nosso Estado - podemos dizer o nosso Oeste - produziu um crescimento de exportações da agroindústria de mais de 40% neste primeiro semestre em relação a 2019.
Schettini: A Sra. não vê um presidente um tanto fora do discurso de 2018, inclusive com o Centrão?
Angela Amin: Para governar, é preciso ter base parlamentar. A estabilidade política entre Executivo e o Parlamento é fator imprescindível para qualquer democracia. Com o radicalismo que vivenciamos, essa aproximação é lógica e necessária. Acredito que o presidente Bolsonaro vai continuar sendo o que é, comprometido em “não roubar e não deixar roubar”.
Schettini: Qual o futuro de Carlos Moisés?
Angela Amin: Vai depender dos fatos que sejam apurados - ou não - na CPI dos Respiradores e da avaliação política do que juridicamente seja demonstrado.
Schettini: Aquela eleição de 2018 deixou qual recado para 2020 e 2022?
Angela Amin: Entendo que a eleição diz muito do momento. A eleição de 2018 foi uma forma da população, através dos eleitores, dizer basta à corrupção e aos desmandos na máquina pública. Creio que em 2020, além de renovar/inovar, haverá a preocupação em relação a experiência. Em 2022, deveremos ter outros fatores, especialmente em face do pós-pandemia e seu cenário econômico e social.
Schettini: Pela pandemia, a unificação da eleição não era um achado precioso para confirmação?
Angela Amin: Esse assunto foi bem resolvido pelo TSE e pelo Congresso. Tomara que dê certo.
Schettini: A Sra. vê com quais olhos um apoio do senador Dário Berger ao Progressistas?
Angela Amin: Entendo que a declaração dele expressa um sentimento humano: “adversário se respeita; traíra...” O fato de ter votado - aberto - no Esperidião para senador é um gesto político importante. O senador Dário Berger se consolidou como uma liderança política de Santa Catarina.
Schettini: Qual o quadro da administração do prefeito Gean Loureiro em relação ao todo, inclusive na pandemia?
Angela Amin: Cabe ao eleitor avaliar. Mas, não tenho dúvida de que o vírus do ego foi tão forte que, enquanto houve ‘sucesso’, tudo era obra do prefeito com relação as ações para enfrentar a pandemia. Apenas em julho é que houve uma reunião, a primeira, com os prefeitos da Região Metropolitana para em conjunto tomarem as providências.
Schettini: Um novo enfrentamento entre a Sra. e o prefeito Gean Loureiro seria uma revanche ou um ato político?
Angela Amin: Cada eleição é uma eleição, mesmo que os personagens sejam os mesmos.
Schettini: Por que o vereador Pedrão não apoiou a Sra. e o deputado João Amin em 2018?
Angela Amin: Boa pergunta. Dificilmente terei uma boa resposta! Entendo que a pergunta deve ser dirigida ao próprio.
Schettini: A eleição do senador Amin, da Sra. e do filho, diz o quê? Por que o eleitor confirmou esta trinca?
Angela Amin: Foi motivo de alegria! Lembrando que Esperidião e eu estamos na vida pública há praticamente 40 anos, e isso foi avaliado nessa eleição. Com a eleição dos três, da família, Esperidião, Angela e João, além da alegria, é uma grande motivação de trabalho sério, com responsabilidade e dedicação.
Schettini: A lei contra as fake news é democrática ou censura?
Angela Amin: A Câmara dos Deputados, através de várias reuniões, tem trabalhado para preservar os fundamentos da liberdade de expressão e da neutralidade da internet, impedindo que se instale a censura disfarçada e ratificando que julgar conteúdo é competência da Justiça. A educação e a ética são fundamentais para avançarmos com responsabilidade neste contexto.
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