O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), calculado para Chapecó, registrou 72,74 pontos em agosto. Isso representa um aumento de 21,77% em comparação ao mês anterior e uma redução de -23,45% com relação aos últimos 12 meses. Estes dados são da pesquisa realizada mensalmente pelo curso de Ciências Econômicas da Unochapecó, junto com o Sindicato do Comércio (Sicom). Em agosto, o levantamento foi realizado entre os dias 16 e 28 de julho.
Neste mês, a pesquisa percebeu mais otimismo entre os consumidores chapecoenses. Os avanços das pesquisas por uma vacina para o coronavírus parecem conectados com este crescimento na confiança, já que apenas 26,23% dos respondentes demonstraram que estão mais preocupados com o vírus, enquanto 31,15% afirmaram que a sua preocupação diminuiu de julho para agosto e 40,16% permaneceram neutros.
Outro fator que pode ter influenciado o resultado é o auxílio emergencial do Governo Federal, pois em julho confirmou-se que o valor não será fracionado, e continuará a ser entregue em parcelas de R$ 600. Conectado a isso, foram percebidas elevações nas médias de renda e de gastos extra dos respondentes em agosto. Em comparação com o mês anterior, nota-se que -6,9% dos respondentes apontaram redução da renda pelos efeitos da pandemia, -13,5% cortes em gastos extra e -6,2% cortes em gastos essenciais. Isso indica uma adaptação à nova realidade posta, ou seja, estabilização.
O resultado deste mês é positivo, pois o retorno da confiança é um fator importante para a retomada da economia. Porém, a pontuação do ICC é a quarta pior de toda a série. De acordo com a professora responsável pela pesquisa, Cássia Heloisa Ternus, é muito importante analisar a evolução dos dados. "Percebe-se que o choque inicial causado pela Covid-19, especialmente pelas incertezas e não pelo aspecto econômico em si, foi diluído ao longo do tempo, possibilitando a adaptação das expectativas. Alguns fatores que contribuíram para o resultado positivo em Chapecó foram o auxílio emergencial, a taxa Selic baixa (2,25%) incentivando investimentos, especialmente na construção civil, as agroindústrias produzindo e exportando acima da média, e, consequentemente, o benefício que se espalha para outros setores da atividade econômica”.
RESULTADOS POR GRUPO
Neste mês, a amostra da pesquisa foi composta por 66 mulheres e 56 homens de diversas faixas etárias e classes de renda. Em uma análise dos grupos que compõem o ICC, percebe-se que as maiores variações positivas foram dos consumidores que possuem renda superior a R$ 4.000,00 (54,79%), das pessoas que têm entre 45 e 65 anos (43,80%) e dos homens (29,65%). No sentido oposto, apenas o grupo das pessoas com renda inferior a R$ 2.000,00 registrou variação negativa (-6,20%). Neste mês, a média da renda dos participantes da pesquisa resultou em R$ 4.243,92, o que representa um aumento em relação ao mês anterior (R$ 2.361,50).
A expectativa de gastos extras também registrou crescimento. Em julho era de R$ 390,72, e agora é de R$ 393,42. A expectativa de gastos pela internet apresentou crescimento pelo quarto mês consecutivo e passou de R$ 226,13, em julho, para R$ 388,31, atingindo o segundo maior valor de toda a série histórica.
No decorrer dos últimos quatro meses, registrou-se um crescimento contínuo na expectativa de gastos pela internet, o que indica que as pessoas estão alternativamente procurando adquirir produtos online em adequação às barreiras impostas pela pandemia. É importante ressaltar que, neste mês, o crescimento nas compras pela internet foi ainda mais elevado (71,72%) e isso provavelmente tem relação com a disponibilização do auxílio emergencial e com o Dia dos Pais, que acaba estimulando maior consumo por conta dos presentes.
SUBÍNDICES
A partir da descrição do comportamento do Índice de Confiança do Consumidor, parte-se para a análise dos principais resultados dos subíndices que o compõe. O primeiro, Índice de Condições Econômicas (ICE), mensura como os consumidores avaliam suas finanças e a conjuntura do país comparando-as com os últimos 12 meses. Em agosto, o ICE registrou um novo aumento e alcançou 71,64 pontos, uma variação de 19,66% em relação ao mês passado. Este resultado indica que os consumidores estão mais confiantes com relação às suas finanças e às condições para aquisição de bens duráveis.
Já o Índice de Expectativas de Consumo (IEC) avalia quais são as expectativas do consumidor com relação aos próximos 12 meses, ou seja, como o consumidor avalia suas oportunidades de negócios, consumo e de conjuntura nacional para o futuro. Este índice apresentou variação de 23,06% em comparação com julho e chegou aos 73,42 pontos. Esse aumento revela que os consumidores estão mais confiantes em relação aos próximos meses e anos. No entanto, embora a incerteza dos consumidores tenha diminuído consideravelmente, ainda foi captada uma quantidade acima da média de participantes que responderam não saber como estará a situação financeira familiar e do país como um todo no futuro. Esse padrão de resposta não é computado no cálculo dos indicadores, mas reflete o cenário de incerteza que ainda existe.
Por fim, o Índice de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (IEIC) calcula o grau de endividamento e inadimplência dos consumidores chapecoenses e é útil para avaliar a capacidade de pagamento e aquisição de novas dívidas. Em agosto, verificou-se uma variação de 10,57% na pontuação, levando o IEIC aos 136,65 pontos. Este resultado é positivo e está alinhado com a diminuição do nível de endividados e inadimplentes do município. Dentre os 122 consumidores entrevistados, 72,13% têm alguma obrigação a pagar e seus deles (6,74%) também revelaram que estão com obrigações em atraso, especialmente com cartão de crédito e crédito em lojas.
CONSUMO NA PANDEMIA
Com as mudanças impostas pelo novo coronavírus, buscou-se identificar se os hábitos de consumo dos chapecoenses estão sendo modificados. A pesquisa deste mês revela que apenas 3,8% dos consumidores não alteraram qualquer hábito até o momento. A ampliação dos cuidados de higiene foi a mudança mais apontada pelos participantes (88,5%), seguida pelo aumento nas atividades online (68,5%), maior quantidade de compras pela internet (33,8%) e aumento na busca por promoções (27,7%). Além disso, 41,5% dos participantes deixaram de consumir bens ou serviços que tinham o hábito antes do alastramento da pandemia.
Outro dado interessante é que 60% dos respondentes afirmaram que irão manter pelo menos um desses hábitos após o fim da pandemia, enquanto 10% confirmaram que não manterão qualquer novo hábito. Isso indica que algumas adaptações desse período não são apenas passageiras, que podem se consolidar como novos hábitos de consumo no futuro.
Sobre a influência na vida financeira dos consumidores, 61,5% deles asseguraram que não houve alteração na sua renda em decorrência da pandemia, enquanto 29,2% constataram diminuição na mesma. Levando isto em conta, 40% dos participantes revelaram ter realizado cortes em gastos extras, enquanto 7,7% demonstraram terem cortado gastos essenciais e 38,5% ainda mantém o nível de gastos do período pré-pandemia.
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