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DENÚNCIA

Com diagnóstico negativo, rapaz morre internado em ala de coronavírus no Hospital Ruth Cardoso em Balneário Camboriú

Patrícia de Lima, mãe do jovem Alan de Lima Jaboski, de 20 anos, explica que seu filho entrou no Ruth Cardoso como acidentado e ficou internado na ala para Covid-19 sem estar contaminado
Por: LÊ NOTÍCIAS
25/08/2020 10:59 - Atualizado em 25/08/2020 13:02
Arquivo Pessoal Antes de se acidentar, Alan trabalhava com sua mãe no Centro de Itapema Antes de se acidentar, Alan trabalhava com sua mãe no Centro de Itapema

O mundo caiu para Patrícia de Lima. Ela, como muitas mães do Brasil, viu pais, filhos e filhas, irmãos, avós, amigos e colegas de trabalho perderem a vida para o coronavírus. Do Rio Grande do Sul, ela foi morar em Itapema ao lado do filho para ganhar a vida com a dignidade e a honestidade que, sabe-se, são sim grandezas da maioria absoluta do povo brasileiro.

Alan de Lima Jaboski, de 20 anos, transitava com sua moto no trecho de Interpraias, em Balneário Camboriú, quando perdeu o controle da motocicleta, caiu e feriu gravemente sua perna. Alan foi levado ao hospital no dia 18 de julho e não saiu mais. A mãe desesperada, foi até a unidade hospitalar para acompanhar o estado de saúde do rapaz e ver de perto o que seria necessário para trazer seu filho de volta à vida tranquila, também de luta, que realizam no dia a dia.

Sem explicações, o rapaz faleceu. Depois de 14 dias internado, perdeu sua vida em um leque de contradições e trapalhadas dentro do Hospital Municipal e Maternidade Ruth Cardoso, em Balneário Camboriú, instituição que acompanhou o quadro do paciente.

Sem saber onde recorrer sobre o ocorrido, iniciou uma série de investigações, dentre elas, sobre a suposta contaminação por Covid-19. Patrícia argumenta que o filho não tinha coronavírus. “Após o acidente, o Alan disse ter falta de ar e então fizeram um raio-x e eles alegaram que ele tinha coronavírus. Então, transferiram ele para a ala de Covid-19 e, mesmo com dois exames negativos, mantiveram meu filho internado na ala separada. Ele tinha um embolia pulmonar por ter quebrado o fêmur, mas eles fizeram tratamento para coronavírus. No atestado de óbito foi como acidente de trânsito. Para ver como eles estavam errados”, lamenta a mãe de Alan.


Patrícia e Alan: sorrisos, abraços e amor faziam parte do cotidiano da família (Foto: Arquivo Pessoal)

REVIRAVOLTA

Patrícia e Alan vendiam lanche no centro de Itapema e, com os dias pesados da pandemia, contava com a presença do filho, jovem, cheio de saúde, para ajudar nas contas em casa. “Eu trabalho vendendo lanche no centro de Itapema, não tenho renda fixa e muito menos dinheiro sobrando. Meu filho era o que me ajudava a tocar o negócio simples que temos, um food truck alugado. Temos que retirar todos os dias do ponto e voltar novamente no outro dia. Sem ele, agora tenho que depender de ajuda dos amigos para poder continua trabalhando”, fala entristecida aos prantos.

Quando quebrou a perna direita, o osso fêmur, Patrícia estava desesperada porque ficou com medo do rapaz ser amputado e, desamparada, procurava saber o que havia ocorrido, mas foi impedida pois alegaram que não poderia ficar ninguém com ele, apenas os enfermeiros e médicos de plantão. Ela insistia que queria saber da saúde do filho, mas não repassavam informa ao ou mostravam o prontuário. “Uma vez por dia, davam um boletim médico parcial e só. Às vezes, por celular, ela recebia um panorama do filho por vídeo conferência.

Foi em uma destas que, desesperada para conhecer o que estava havendo, ficou sabendo que o rapaz estaria contaminado com o coronavírus.


Desamparada, Patrícia de Lima quer Justiça e um desfecho real desta história cheia de contradições (Foto: Arquivo Pessoal)

DESOLADA

Ela gravou as conversas, todas obtidas pela reportagem do Lê NOTÍCIAS, para servir de prova que o rapaz deu entrada com a perna quebrada, mas Alan foi foi para a UTI e ficou entubado com sintomas de coronavírus. Segundo Patrícia, ele morreu devido ao agravamento da embolia pulmonar. Nunca mais ela falou com o filho.

“Eles mataram meu filho. Eles argumentam que ele foi contaminado de Covid-19 lá dentro, mas estão mentindo para mim. Assassinaram meu filho”, desespera-se Patrícia. Ela acusa o Ruth Cardoso por não ter passado informações diárias, pelo agravamento do quadro de Alan e por ter, segundo ela, tirado a vida de um jovem de 20 anos. “Eles são mentirosos, enganadores, não falaram comigo. Eu não sabia da real situação da morte do meu filho”, bate na mesa.

Ela acionou advogados para responderem sobre o caso e entraram na Justiça para saber de fato o que ocorreu e toda a desgraça que tomou conta de sua vida. “Estou sob remédio, sem saber o que fazer, não durmo, não como direito”, tenho uma vida triste, sem motivação, estou me apegando a Deus e às pessoas que tem me ajudado”, fala com lágrimas.

O Hospital Ruth Cardoso atende pacientes de toda a região da Foz do Rio Itajaí (Foto: Julio Cavalheiro/Secom)


ELA ALEGA NEGLIGÊNCIA

De acordo com Patrícia, ela pediu mais informações, mas não quiseram repassar alegando normas do hospital. Sobre os prontuários, disseram para ela que só entregam quando o paciente tem alta ou caso de morte. Ela solicitou, mas até agora não recebeu. Patrícia afirma que recebia ligação dos médicos uma vez por dia e tem todas as ligações gravadas de cada médico que falou com ela durante este tempo. O Lê NOTÍCIAS entrou em contato com a diretoria do hospital, mas não obteve retorno das ligações.

A desconfiança de que a negligência teria sido o fato da morte do rapaz, ganha força no raciocínio dos advogados da mãe do rapaz. Pesa, também, a questão de que, no país, várias são as mortes por causas diferentes daquela registrada por coronavírus, que várias autoridades do Governo Federal contestam. Avaliam que estas perdas humanas, muitas delas, foram por causas diferentes, mas entra na lista de mortes por Covid-19.

A prefeita de Itapema Nilza Simas (PSD), chegou a falar sobre o assunto em entrevista que concedeu, mas não entrou em nenhum detalhe. Pedindo Justiça e atenção das autoridades, inclusive do MPSC, Patrícia se observa só, desamparada, sem saber onde bater para pedir atenção sobre uma vida que se perdeu e outra que não se sabe qual será o final.


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