O primeiro caça Gripen da FAB (Força Aérea Brasileira) decolou às 14h04 desta quinta (23) para seu voo inaugural no espaço aéreo do Brasil. O avião fará o traslado de Navegantes (SC), onde chegou no domingo (20) após quase 21 dias em um navio vindo da Suécia, para Gavião Peixoto (SP). A cidade paulista sedia a unidade de produtos militares da Embraer, a fabricante brasileira que é parceira da construtora do Gripen, a sueca Saab.
O voo cobriria os 560 km entre os dois aeroportos, mas o tempo não foi estimado porque dependeria da rota e das condições meteorológicas. Não se esperava que o Gripen atingisse sua velocidade máxima, de 2.400 km/h, até porque essa é uma aeronave em teste.
O avião foi pilotado pelo chefe de ensaios de voo da Saab, Marcus Wandt. Ele já havia feito o voo inaugural da aeronave, em 26 de agosto do ano passado. "Vai ser ótimo sentir o fluxo do ar brasileiro nas asas", disse o piloto em vídeo divulgado pela empresa sueca.
Na quarta (23), o avião acabou de ter peças recolocadas e foi testado na pista de Navegantes. O motor foi ligado e ele taxiou. "Tudo aconteceu como previsto", disse Wandt.
O Gripen de matrícula FAB4100 é o primeiro dos 36 que o Brasil comprou em 2014, confirmando uma decisão de 2013 que pôs fim a mais de uma década de negociações.
Os aparelhos custarão 39,3 bilhões de coroas suecas (R$ 24 bilhões hoje), financiadas por 25 anos. Os primeiros modelos deverão ser entregues para operação em 2021, e o último deste contrato, em 2026.
Deles, cerca de 15 deverão ser montados no Brasil. O país encomendou 8 modelos com dois lugares, denominados Gripen F. O tipo E, igual ao voado nesta tarde, tem um assento.
Esse avião não existia quando o contrato foi assinado, abrindo a possibilidade de que engenheiros brasileiros da Embraer e de outras empresas associadas ao projeto aprendam a desenhar e construir o avião em conjunto com os suecos.
Mais de 230 brasileiros já foram treinados em Linköping (pronuncia-se linchóping), a sede da Saab.
O FAB4100 foi entregue simbolicamente ao Brasil em 10 de setembro de 2019, na Suécia. Seguiu sua campanha de testes sem incidentes, e agora passará mais um ano sendo avaliado no Brasil.
Hoje, a defesa aérea do país se resume a 46 antigos caças americanos F-5, da década de 1970, parte deles modernizada na Embraer com novos sistemas eletrônicos. O Gripen deverá substitui-los e a outros modelos, como o avião de ataque a solo AMX.
FOLHAPRESS/IGOR GIELOW
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