O governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, abriu nesta quarta-feira, 24, o segundo dia do Seminário sobre Emergências Complexas e Desastres em Grande Escala, no Colégio Interamericano de Defesa, da Organização dos Estados Americanos (OEA), em Washington, nos Estados Unidos. Antes da palestra, Colombo foi recebido pela diretora do colégio, a contra-almirante norte-americana Martha Herb, e pelo vice-diretor, o general do Exército brasileiro Rolemberg Cunha, para um encontro de 30 minutos. O seminário termina nesta quinta-feira, 25.
O governador agradeceu o convite para o Governo de SC expor aos mais de 120 alunos - militares, bombeiros e pessoas envolvidas no combate a ocorrências climáticas e atos terroristas - de diversos países da América Latina e do Caribe as ações desenvolvidas pelo Estado na defesa civil. Lembrou que depois da tragédia dos deslizamentos e enchentes que atingiu o Vale do Itajaí em 2008, o Governo recebeu um estudo da Jica (Agência de Cooperação Internacional do Japão) para minimizar os desastres naquela região de alta densidade populacional e grande desenvolvimento econômico. Esse trabalho, segundo Colombo, foi colocado em execução a partir de 2011, quando foi criada a Secretaria de Estado da Defesa Civil e se intensificaram os contatos entre os técnicos catarinense e os japoneses.
O governador destacou a criação de um fundo mensal, fruto da arrecadação de impostos, que permitiu a Defesa Civil ter autonomia e rapidez nas ações a serem realizadas logo após desastres naturais. Não adianta ter uma instituição sem aporte financeiro, observou.
Raimundo Colombo destacou que, entre os projetos da Jica, estavam a sobrelevação das barragens de Taió e de Ituporanga e a construção de outras represas na região Vale do Itajaí. A ampliação das duas barragens já minimizou os efeitos da última enchente no Vale do Itajaí, salientou. Outro projeto, de acordo com o governador, foi a aquisição dos radares meteorológicos de Lontras (Vale do Itajaí), Chapecó (Oeste) e Araranguá (Sul), que cobrem 100% do Estado e permitem antecipar as informações sobre o clima. Hoje, a Defesa Civil já conta com milhares de catarinenses cadastrados no sistema de alertas de ocorrências climáticas via SMS. Isto ajuda os municípios e os cidadãos a se preparem para enfrentar chuva ou ventos fortes, complementou.
Colombo disse que as dados dos radares também estão auxiliando os produtores rurais na tomada de decisões sobre a antecipação de colheitas ou preparação para reduzir danos ocasionados por chuva de granizo ou ocorrência de forte geada. Após encerrar a sua apresentação, o governador foi agraciado com um botom do colégio.
Secretário da Defesa Civil
Em seguida, o secretário de Defesa Civil de SC, Rodrigo Moratelli, e a diretora de Respostas a Crises do Departamento de Estado dos EUA, Hooly Jensen, palestraram para os alunos.Moratelli tratou sobre a prioridade da preparação, envolvendo o cidadão e o modelo catarinense de gestão de riscos e desastres. O secretário destacou que Santa Catarina é o terceiro Estado do Brasil que mais sofreu prejuízos com desastres naturais nos últimos 20 anos, com a maior perda per capita por quilômetro quadrado do país.
Na apresentação, Moratelli destacou, entre outros, o furacão Catarina em 2004, os longos períodos de estiagem em 2004, 2005 e 2012, e os quadros de inundações e deslizamentos em 2008, 2011, 2013, 2014 e 2015. Esses dados mostram o quanto Santa Catarina é afetada por desastres naturais, disse.
Rodrigo Moratelli destacou também a criação do Fundo de Defesa Civil para respostas rápidas e a criação de coordenadorias de Defesa Civil nos 295 municípios catarinenses, a elaboração de protocolos para a defesa das pessoas, a ampliação da estrutura de respostas e capacidade própria de resiliência e a atuação acertiva e não empírica graças às informações prévias proporcionadas pelos três radares meteorológicos. "A nossa meta é termos 100% das coordenadorias municipais ativas em todos os municípios, construir planos de contingência e programas de alerta e evacuação das áreas atingidas, explicou, destacando que passo maior é conscientizar o cidadão para que ele saiba como se proteger.
Moratelli anunciou, ainda, a inauguração em março do Centro Integrado Estadual de Gerenciamento de Riscos e Desastres, em Florianópolis, que reúne as áreas especializadas em meteorologia, hidrologia, geologia, cartografia e geoprocessamento, mapeamento de áreas de riscos, planos de contingência e de ações emergenciais, gestão integrada de crise, resposta a desastres e a integração de todas as secretarias setoriais do Governo do Estado. O Centro terá, também, um setor de imprensa para repassar as informações para a população em tempo real. O Japão serviu de base para o trabalho de pronta resposta da Defesa Civil de Santa Catarina, disse.
A diretora de Respostas a Crises do Departamento de Estado dos EUA, Hooly Jensen, destacou a importância da ações de comunicação prévias sobre os desastres naturais.
Antes de deixar o seminário, o governador Raimundo Colombo disse que a valorização que o Colégio Interamericano de Defesa, da OEA, a Santa Catarina e o trabalho que está sendo feito pela Defesa Civil "são uma motivação e um reconhecimento para que a gente possa continuar esse trabalho e aperfeiçoá-lo, porque não é um trabalho de governo, mas de Estado.
Participaram da palestra, o secretário de Assuntos Internacionais (SAI), Carlos Adauto Virmond Vieira, o secretário-adjunto da Defesa Civil, Fabiano de Souza, e o gerente da SAI, Guilherme Bez Marques.
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