Chapecó – Matam-se mais LGBTs no Brasil do que nos 13 países do Oriente e África, onde há pena de morte contra os homossexuais. Dados do Grupo Gay Bahia (GGB) contabilizaram no ano passado o homicídio de 343 lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais no País. Esses números serviram de motivação para que a comunidade LGBT de Chapecó e região fortificasse sua preparação para a 2ª Parada de Luta do Oeste Catarinense. Em um encontro realizado no domingo, os participantes refletiram sobre o sentido político do evento e preparam materiais de divulgação e protesto.
Organizado pela União Nacional LGBT (UNA LGBT), o seminário, realizado na sede do Sindicato dos Servidores Públicos Municiais de Chapecó (Sintespm-chr), contou com a participação de LGBTs de várias cidades da região Oeste. A programação incluiu debates, relato de experiências e confecção de cartazes.
Conforme explica a presidenta da UNA Chapecó, Karla Muniz, as atividades preparatórias servem de termômetro para a parada e impulsionam os LGBTs a saírem às ruas. “O Brasil hoje está no topo do ranking como campeão mundial de crimes contra as minorias sexuais. É preciso que estejamos cientes desses números e os transformemos em motivo para lutar”, afirma.
A Parada de Luta LGBT do Oeste Catarinense será realizada na praça Central de Chapecó, no dia 17 deste mês, a partir das 15h. Este será o segundo ano consecutivo que Chapecó realiza o evento e, com isso, se consolida como uma das poucas cidades interioranas do Sul do País que promovem manifestações voltadas aos direitos da comunidade LGBT.
Em 2017, o tema da parada será a (trans)formação da cidade, evidenciando as travestis e transexuais. Esses sujeitos apresentam a maior vulnerabilidade dento da comunidade LGBT. Dados do GGB contabilizaram 144 homicídios contra essas pessoas no País no ano passado. Comparativamente, no Brasil há um risco nove vezes maior de uma travesti ou transexual ser assassinada do que nos Estados Unidos, quando no mesmo período foram registrados 21 assassinatos.
Além disso, a parada realizada neste mês trará à tona a discussão pelos direitos básicos ainda negados àqueles que possuem orientações sexuais e identidades de gênero diferentes, como melhores oportunidades no mercado de trabalho, na educação e na circulação em espaços públicos. “Ainda há rejeição quando um LGBT frequenta lugares junto com seu parceiro. Todas essas violências precisam ser combatidas. A parada é um evento público que proporciona, principalmente, visibilidade”, acrescenta Karla.
A 2ª Parada de Luta LGBT tem como programação apresentações artísticas e uma caminhada pela principal avenida de Chapecó. Assim como no ano passado, onde a organização contabilizou aproximadamente mil participantes, o evento deste ano trará para a capital do Oeste moradores dos três estados do Sul, que já organizam caravanas para a manifestação.
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