Depois de três horas de assembleia, os credores do grupo Diplomata aprovaram, nesta quinta-feira (1º), a proposta para pagamento das dívidas do grupo até 2012, estimada em R$ 785 milhões.
A assembleia ocorreu no auditório da Univel, em Cascavel, e também em Xanxerê, ao mesmo tempo. Compareceram representantes de 856 credores. Cada um recebeu uma máquina para votação e depois um relatório dos votos foi impresso e colado na parede para conferência.
A aprovação do plano foi superior a 70% em todas as classes e o pagamento se dará em um, cinco ou até quinze anos, de acordo com estas classes.
Trabalhistas
Os credores trabalhistas que têm até 150 salários mínimos receberão 100% do valor em até um ano. A aprovação da proposta de 95%. O valor que ultrapassar os 150 salários mínimos será pago apenas 15%. As dívidas trabalhistas são estimadas em R$ 27 milhões.
Garantia real
Os credores com garantia real, ou seja, aqueles que ao assinar o contrato tinham alguma garantia dada pela empresa, devem receber 100% do valor original da dívida em até 60 meses. A proposta foi aprovada por todos os credores presentes. A dívida com este grupo é de R$ 22 milhões.
Quirografários
Os credores quirografários são os mais penalizados com a proposta e são os que acumulam maior montante de dívida: mais de R$ 700 milhões. São bancos e empresas que ficaram sem receber da Diplomata, mas que não tinham garantias. A proposta é a de pagar 15% do valor da dívida em até 15 anos. Apenas os produtores rurais que estiverem neste grupo receberão 100%. A proposta foi aprovada 91% dos presentes, detentores de 70% dos créditos.
O que acontece agora?
A proposta aprovada vai para homologação do juiz e a partir daí os prazos passam a contar. Não se sabe quanto tempo a homologação pode demorar. A justiça e administradores judiciais nomeados acompanharão o cumprimento do plano.
Além dos recursos próprios a empresa propôs leiloar imóveis avaliados em R$ 91 milhões. O valor será usado para pagar os trabalhadores e depois para dívidas que estejam fora da recuperação judicial.
Dívidas posteriores a 2012
É grande o montante de dívidas geradas depois de 2012, que não serão pagas dentro do processo de recuperação. O montante passa de R$ 500 milhões. Estes credores devem procurar as empresas imediatamente para negociar a dívida ou podem fazer a cobrança de maneira judicial.
Avaliação
Entre os credores, a opinião era bastante dividida. Muitos perderam a esperança de receber e outros acreditam que apenas com a continuidade das atividades têm chance de recuperar pelo menos parte do prejuízo.
Marcos Dias trabalhou como motorista por nove anos e tem cerca de R$ 40 mil para receber. “Eu dirigia um caminhão de câmara fria pelo país todo, inclusive no nordeste. Quando a empresa quebrou fiquei sem receber”.
O receio dele é que a empresa não consiga sair das dívidas e cumprir a proposta.
Outro credor de Capanema, que preferiu não ser identificado disse ter cerca de R$ 200 mil para receber. Ele tem três caminhões que prestavam serviço para a empresa. “Eu só quero o meu dinheiro e acho que seria mais fácil de receber se a empresa prosseguir”, pontua.
O proprietário das empresas, deputado federal Alfredo Kaefer, retomou o comando das atividades em meados do ano passado após decisão judicial. Ele não compareceu à assembleia.
O representante das recuperandas presentes na assembleia comemorou o resultado. Para ele o resultado significa que os “credores entenderam as dificuldades” pelas quais a empresa passou.
Se a proposta tivesse sido rejeitada a empresa seria declarada falida e seria encaminhada a venda dos bens para pagamento das dívidas. Esta hipótese, no entanto, abriria espaço para novos questionamentos judiciais.
Após assembleia, Diplomata emite nota
Após a assembleia da Diplomata realizada na tarde desta quinta-feira (1º), onde a proposta para pagamento de mais de R$ 700 milhões em dívidas foi aprovada, a empresa em recuperação judicial emitiu nota. A empresa aproveitou para dizer que a falência decretada em 2014 e revertida no ano passado foi “injustificada” e que a aprovação dos credores foi alta. O pedido é que a homologação do plano seja feita pela justiça o mais rápido possível.
Veja a nota na íntegra:
“A Diplomata na data de hoje, 1º de fevereiro de 2018 em Assembleia Geral de Credores, realizada simultaneamente em Xanxerê-SC e Cascavel-Pr, aprovou seu Plano de Recuperação Judicial com mais de 90% de adesão dos credores.
É pela segunda vez que o Plano é aprovado, sendo que a 1ª em data de 29 de abril de 2014 , então com 84% de adesão.
A injustificada falência decretada, na sequência revertida nos tribunais superiores (STJ) em 06 de abril de 2017, nos levou a atrasar os planos de reestruturação em 3 (três) anos.
A empresa aguarda a homologação judicial o mais breve possível, para que possa retomar seu curso de plenas atividades empresariais na geração de emprego e renda.
Reiteramos nosso compromisso na participação e desenvolvimento do agronegócio do Brasil, onde o a Diplomata escreveu parte da história.”
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